junho 29, 2009

Dias de luz...

Olha aí!
Uma semana sem postar nem mesmo uma linha.
O problema é que o inverno na Bahia é meio paraguaio: o sol brilha impávida e indiferentemente ao ciclo sazonal do planeta!
As ondas teem estado maravilhosas e não tem sobrado tempo para produzir nada minimamente decente.
Tava sem assunto quando me lembrei de algo que poderia compor um postzinho tapa-buraco!
Vai abaixo um video-arranjo para um dos meus temas jobinianos favoritos.
Puristas podem preferir o arranjo de Paulo Belinatti mas uma coisa eu garanto: o bom e maravilhoso Paulo nunca subiu numa onda para saber aquilo que Jobim, como apenas os santos, sabia desde sempre sem nunca ter precisado "aprender"!
Quem sabe algum visitante melhor dotado possa melhorar-me (rsrsrs) esse arranjinho?

junho 22, 2009

Senatus e Velhacos

Ele tem 94 anos e é, como como definido corriqueiramente, um bibliófilo.
José Mindlin acumulou ao longo da sua longa vida milhares e milhares de livros raros, preciosos, importantíssimos para quem também se considera um amigo dos livros.
Todo seu acervo está neste exato momento sendo lido por um robô-scanner encarregado de digitalizar em ritmo industrial seu precioso tesouro de papel.
Os livros irão para um prédio especial na USP numa doação capaz de emocionar às lágrimas até mesmo um tarimbado agente da KGB.
Os elétrons organizados pelo robô-scanner vão para a internet e serão disponibilizados gratuitamente para os interessados ao módico custo de alguns cliques.
Maravilha não?Enquanto isto, o homem dos Marimbondos de Fogo segue a sua saga de caudilho regional numa demonstração da superioridade dos nordestinos sobre o sul-maravilha pelo menos no quesito "domínio asqueroso da máquina pública"
Senador pelo c* do mundo, refugiou-se numa candidatura pela hemorróida do c* do mundo e continua aí; empregando parentes de todas as linhagens.
Senatus remete ao mesmo radical latino de para senil: uma casa que deveria ser de velhos sábios.
Velhacaria remete a ardil, trapaça, enganação.
Será que não tá na hora de mudar de nome?
Pois é...
Na distante Brasília JK instalou um arremedo de Versalhes: o poder longe do povo.
Brioches para eles!
Um Frankensten político-geográfico do médico-presidente bossa-nova.
Um repositório de gente feita da anti-matéria de José Mindlin

Para não entrarmos em depressão, let's cheer up com estas duas matérias da Globo sobre a "Brasiliana"; ao contrário de Brasília, uma coisa boa para todos nós (não só para alguns!) fruto da iniciativa e altruísmo deste simpático velhinho (um verdadeiro Senador!) a quem Deus deu vida suficiente para que esperasse que o devido amadurecimento da informática fosse capaz de cuidar do seu tesouro, agora também nossso!



junho 20, 2009

Nicolelis em sabatina

Doença de Parkinson
Palmeiras
Ciência brasileira
Novos conceitos sobre o funcionamento do cérebro
Experiências de desdobramento sensorial
Deus e o cérebro
Centro de neurociências de Natal
A volta de um possível prêmio Nobel direto dos States para Natal-RN
Interface cérebro-máquina
Conselhos a um futuro jovem cientista
Viagens espaciais
PeTismo juvenil e sua cura (mesmo que incompleta!)
Altruísmo para com a ciência
O fim da psiquiatria como a conhecemos
Inteligência e suas nuances
Cachorro velho aprende sim novos truques!
...

Tudo isto e muito mais na entrevista de Miguel Nicolelis, nosso maior nome e popstar mundial da neurociência, ao ciclo de sabatinas da Folha de São Paulo.
Clique na imagem para assistir ao vídeo (recomendabilíssimo).

Não deixe também de ler abaixo o delicioso texto memorialista do genial e bissexto Alexandre Figueiredo em seu retorno às páginas virtuais do Morpheus.
Um maravilhoso fim-de-semana a todos!

junho 19, 2009

Minha tia Nastácia chamava-se Martinha



Crônica de Alexandre Figueiredo


Eu seguia meu caminho conectado apenas à celeridade do tempo, quando passei por uma casa de carne e em sua frente vi exposto um anúncio escrito a giz: “Miraguaia, R$ 4,98”. Vi essa placa muito rápido, meio de soslaio e distraído, e foi o suficiente para que despertasse um turbilhão de lembranças não aparentes. Lembrei de Martinha. Com surpresa, percebi como um mísero anúncio de peixe-seco em promoção foi capaz de acionar em mim um circuito interno tão vasto e veemente.
É que essa era uma das iguarias preferidas dela, nossa eterna e única babá. E como há muito eu não voltava àquele passado, ainda não tinha a real percepção de quanto ela havia deixado em mim o seu imenso legado. Em mim e, por certo, em todos em minha casa.
Desde então não mais parei de pensar e repaginar os fatos passados. Ela protagoniza muitas das mais remotas lembranças, desde a primeira infância até os meus vinte e dois anos, quando chegou ao fim sua trajetória.
Adorava miraguaia, peixe vendido salgado nas feiras livres.
Fritava-o em óleo, depois de tirar parte do sal, salmoura que era, adicionava uma farofa de água, como chamava, depois muitas pimentas malaguetas. E misturava, amassando com as mãos, tudo num prato fundo. Depois comia calmamente, sentada no tamborete da cozinha. Suas mãos eram magras, e bem treinadas..., e com extrema habilidade, quase um automatismo, separava as infinitas e minúsculas espinhas do fritado. E comia com toda tranqüilidade, chega ficava lesada, absorta..., mastigando morosamente. Os mais chegados já sabiam como agradar: dava-lhe miraguaia! Amava...! E era bom ver o sorriso largo disputar espaço com o peixe afarinhado em sua boca...!
Suas lembranças me transportam a um tempo distante..., longínquo. A primeira delas tenho bem guardada: foi quando queimei os dedos, eu devia ter menos de quatro anos, pois lembro claramente ter ficado de ponta de pé para alcançar a panela em cima da pia da cozinha. Ela foi quem correu e me pegou, e já foi passando manteiga (seu remédio contra queimaduras) enquanto me levava até meus pais na sala. Acho que essa é a lembrança mais primária que tenho da vida.

Mais ou menos por essa época, seu quarto era repleto de fotos de jogadores de futebol, seus ícones sexuais. Eram várias..., lembro de Zico, Mozer, Junior, Sócrates, Toninho Cerezo fazendo parte da sua seleção. Recortava as páginas de revistas esportivas e colava direto na parede verde de frente à sua cama. O time do flamengo era o campeão em número de jogadores...! Também havia fotos do Roberto Carlos cantor num helicóptero...!
Duas vezes por ano ia visitar seus parentes no interior, nas festas de São João e do natal. Enchia-se de alegria nessas épocas, e já começava a ficar ansiosa e fazer seus preparativos ordenadamente desde o início do mês. Passava lá os festejos e os quinze dias seguintes, e na volta vinha sempre com as sacolas cheias de castanha torrada, beijú, jaca, pamonha, aipim, farinha..., também trazia de volta seu contumaz bom humor.
Ela era verdadeiramente da nossa família. Lá em casa era tudo: babá, cozinheira, faxineira, governanta, secretária..., e já chegou a sentar pra fazer a lição com a gente, apesar de mal saber ler ou escrever. Trabalhava muito, sempre ouvindo música romântica num radinho de pilha. Relembro de dois momentos do dia em que reduzia sua velocidade e entrava num estado de letargia: quando sentava no banco da cozinha pra almoçar, amassando a comida com as mãos; e quando, no fim de tarde, parava para assistir as novelas. Não perdia um só capítulo! Trabalhava muito, e apesar de fazer sozinha, dava conta de tudo e sempre terminava antes das cinco. E não recordo de vê-la queixar-se da vida, nunca em nenhum momento maldisse seu trabalho ou sua patroa.
Também tínhamos cadeira cativa na hora do sítio do pica-pau amarelo. Assistíamos todos juntos e era a melhor hora do dia. Todas as crianças faziam isso às cinco da tarde. Era muito bom...! E era bom imaginar-me naquele mundo, fazer parte das tramas ingênuas, brincar com Narizinho, Pedrinho, Emília, Visconde de Sabugosa; rir do Saci; temer a Cuca; ouvir os causos da Dona Benta e tio Barnabé; comer os bolinhos da tia Nastácia, personagem pela qual eu tinha mais simpatia. Não consigo imaginar minha infância sem eles e suas estórias fantásticas, e ao mesmo tempo repletas de aspectos comuns ao nosso cotidiano infantil.
Em uma época eu fazia muita bagunça em casa, e passava dos limites por inúmeras e repetidas vezes. E ela ficava brava, e resmungava, e dizia que ia embora pro interior, ia voltar pra casa da mãe. Dizia que eu estava impossível..., sempre evocando “São Binidito” entre as arfadas. Rezingava que nunca mais iria voltar. Esse seu apelo sempre funcionava e ela sabia bem quando utilizar. Ouvi isso dela era pior que qualquer castigo, eu me afogava em remorso, e logo ficava mansinho...!
Tinha o coração maior do mundo, e só tinha bondade nele, era uma amante das pequenas coisas da vida, das plantas, da sua casa, que era a nossa casa, da sua rotina, dos animais. Recordo com clareza de alguns bichos que tiveram a sorte de serem cuidado por ela: o cachorro Bolinha, um filhote de vira-latas, que viveu um tempo lá em casa cheio de mordomias a depois ela o levou para o interior; o pássaro-preto de minha mãe, que ela chamava de Nêgo e conversava como se gente ele fosse. Era tão íntimo seu que certa vez tirou-o da gaiola e fez-lo voar, acho que com a intenção de premiá-lo. Mas ela não imaginava que depois de anos preso ele não mais poderia desfrutar a liberdade e depois voltar para dormir em casa, como planejara. Aconteceu que ele, precariamente, voou até a casa do vizinho e depois ficou lá pousado na grade, paralisado, tremendo de medo até ela conseguir resgatá-lo de volta. Tinha ainda o azulzinho, um periquito-australiano com quem ela também conversava e andava pela casa com ele pousado em seu dedo.
Seu mundo era diferente, era a nossa casa, era a gente e nossa rotina diária de brincadeiras, escola e cuidados. Não havia lamentação, nem tristeza, seu tempo também era outro, não passava. Era sempre a mesma, de lenço na cabeça, vestido de chita, sandálias havaianas, unhas pintadas de vermelho nos fins de semana, a cor que mais gostava. Não saía de casa para nada a não ser comprar seu cigarro e sua garrafa de pinga. Bebeu e fumou muito, tudo sempre muito escondido da gente, lá nas entranhas do seu pequeno quarto. E foram essas suas fugas das frustrações da vida, humana que era!
Tanto seu tempo não passava que ela certa vez atendeu ao telefone uma namorada de meu irmão, na época já com dezoito anos, que perguntou quem estava falando, e ela, com a maior propriedade do mundo, disse: “É a BABÁ dele...”! Todos rimos bastante com esse episódio e o Marcelo ficou irado, claro!
Engraçado hoje recordar de algumas coisas... Como, às vezes, fingíamos tomar banho, ela desenvolveu uma implacável técnica para nos fiscalizar: cheirava nosso pescoço após sairmos do banheiro, conferia a umidade na toalha, marcava o tempo do chuveiro aberto... Não era fácil escapar. E se tinha uma forte suspeita do delito, éramos obrigados a reingressar no chuveiro. Contudo, também desenvolvemos nossos meios nada convencionais de limpeza e de quando em quando conseguíamos achar uma brecha em sua marcação. Na verdade, o troféu não era continuarmos com nossas sujeiras agarradas e sim conseguir enganá-la!
Lembro que de outra vez brigamos discutindo se abacaxi dava embaixo da terra ou não, eu insistia em dizer que era uma raiz e ela se divertia com minha ignorância urbana. De outras, arrancávamos seu lenço da cabeça só pra vê-la rezingar.
Todos nós éramos pura inocência.
Há anos sofria de doença de Chagas e seu coração cresceu muito até quase não caber no peito. E com o passar, ele foi adoecendo com mais freqüência; até que, numa manhã comum de primavera, parou de bater. E ela se foi como foi a sua vida: silenciosa, simples e serena.
Hoje carrego muito do que me ensinou, nos mais simples comportamentos domésticos, como na forma de cumprir as etapas do banho ou na hora de me servir à mesa, como em muitas coisas do dia-a-dia, do comer, do vestir, do organizar... Não tenho meios de precisar, mas certamente está viva também em meu caráter e em muito dos meus amados e simples valores.
Vejo que tínhamos uma tia Nastácia em nossa casa, não por seus dotes culinários, ou por seu colo gordo e macio; mas por ser repleta de paciência, de maternidade, de pequenas e grandes bondades, de fidelidade, de tolerância, de correção, de matutices, de amor, de enternecidos cuidados, de boa vontade, de simplicidade, de autêntica felicidade...
Minha tia Nastácia adorava miraguaia!
Grande Manellis,
É um grande prazer voltar ao Morpheus depois de tanto tempo.

junho 13, 2009

Happiness is a warm gun


Meu santim meu Santo Antônio!
Viva, Viva, Viva!
Viva o dia maravilhoso de hoje,
O fim da ventania dos últimos dias,
O mar transparente e liso como um cetim com peixinhos dentro das ondas.
Salve o dia 13 de Junho e o Santo mais querido do Brasil.
Como post para deleite, deixo abaixo vídeo de Matthieu Ricard um francês que agora é monge budista numa palestra para o maravilhoso site TED (link ao lado).
Aqui ele vai discutir a felicidade e seus "sintomas" associados: prazer, alegria, contentamento.
Um bom programa para a volta da praia.
Aproveitem!

Obs: Agora, as palestras do TED teem legendas. Acione-as caso não consiga se dar bem com a mistura de inglês e francês que Ricard usa para se comunicar!

junho 12, 2009

Véspera de Santo Antônio

Tá aí o dia dos namorados!
O Morpheus congratula-se com os felizardos que hão de passar juntos esta noite sem esquecer de mandar uma mensagem de encorajamento aos solitários que lotarão as locadoras em busca de filmes de ação, guerra ou terror.
Meus sinceros parabéns aos machos alfa da espécie que tomaram um café-da-manhã romântico com uma, almoçaram com uma segunda, darão uma passadinha rápida na casa de uma terceira e finalizarão na balada com aquela que provavelmente será a eleita para prestar-lhe home-care quando ele não for nada mais do que um leão banguela a vagar pela savana das baladas
Minha solidariedade aos machos beta (moi inclu) que hão de passar o dia pensando em como agradar, surpreender e não estourar seu cartão de crédito com seu only you.
Lembrem-se: as únicas coisas baratas das quais as mulheres gostam são doces!
Aos machos ômega, meus sinceros votos de que tenham cabeça fria e esperem pois até mesmo os sapatos velhos devem sonhar com o calor de um pé descalço.
Às meninas um único lembrete do velho Morpha:
Dntre três potenciais candidatas a um pretê biologica e financeiramente interessante, uma com doutorado, uma empresária e uma terceira profissional liberal,
a escolha recairá inevitavelmente e com 100% de certeza
sobre...

A mais gostosa!

Portanto, cuidem-se!

Abaixo um pequeno video comemorativo que vale por muitas palavras de conselho principalmente para vc que está em dúvida se a evolução o talhou para ser um macho ômega ou beta (machos alfa não duvidam!)
Preste atenção e bom proveito!

junho 08, 2009

Once there was a way to get back homeward...

O dia mundial do meio-ambiente (êta termozinho infeliz!) passou no último dia 05 sem que eu achasse nada de minimamente original para dizer.
Num é que agora, meio atrasadinho, achei uma coisa muito legal?
Trata-se do Homeproject e do maravilhoso filme lançado por ocasião deste 05 de junho.
Veja o trailer abaixo para se animar e depois siga o link que está no corpo do texto para assistir o filme gratuitamente no seu computador.
Se depois disso vc passar a consumir moderadamente as medonhas sacolas plásticas que nos servem por minutos e permanecem no planeta por dezenas de anos, uma nova ideia terá passadoa habitar sua consciência.





Homeproject

Em algumas poucas décadas, a humanidade interferiu no equilíbrio estabelecido no planeta há aproximadamente quatro bilhões de anos de evolução. O preço a pagar é alto, mas é tarde demais para ser pessimista. A humanidade tem somente dez anos para reverter essa situação, observar atentamente à extensão da destruição das riquezas da Terra e considerar mudanças em seus padrões de consumo.

Ao longo de uma seqüência única através de 54 países, toda filmada dos céus, Yann Arthus-Bertrand divide conosco sua admiração e preocupação com esse filme e finca a pedra fundamental para mostrar que, juntos, precisamos reconstruí-lo.

UM EVENTO EXCEPCIONAL PARA MOMENTOS EXCEPCIONAIS

Mais do que um filme, HOME - NOSSO PLANETA, NOSSA CASA será um grande evento internacional: pela primeira vez, um filme será exibido no mesmo dia em quase 50 países.

5 de junho de 2009, o Dia Mundial do Meio Ambiente foi escolhido como a data mais simbólica para essa exibição simultânea, em grande parte de gratuitamente, em vários os formatos, como cinema, televisão, DVD e internet (on-line pelo www.youtube.com/homeproject). O objetivo do diretor Yann Arthus-Bertrand, dos distribuidores Luc Besson e François-Henri Pinault, do presidente e diretor executivo da PPR, principal patrocinadora do filme, é atingir a maior audiência possível e convencer a todos de nossas responsabilidades individuais e coletivas com relação ao planeta.

NOTAS DA PRODUÇÃO

por Denis Carot, Elzévir Films

"Se podemos melhorar as imagens do mundo, talvez possamos melhorar o mundo."
Wim Wenders

As palavras de Wim Wenders talvez nunca tenham sido tão relevantes para um filme como no caso de HOME - NOSSO PLANETA, NOSSA CASA. Dando continuidade ao documentário VERDADE INCONVENIENTE de Al Gore, HOME - NOSSO PLANETA, NOSSA CASA é, com certeza, um filme com uma mensagem cujo objetivo é aguçar a percepção das pessoas, chamar a nossa atenção para os movimentos tectônicos em andamento e nos incitar a agir. Embora haja uma apego geral das sociedades com relação a questões ecológicas, ações concretas ainda são pequenas e lentas demais, o que constitui, de diversas formas, o que o filme prega: é tarde demais para ser pessimista.

Mas HOME - NOSSO PLANETA, NOSSA CASA é mais do que um documentário com uma mensagem. É um filme grandioso por méritos próprios. Cada tomada é espetacular e mostra a Terra, a nossa Terra, como nós nunca a vimos antes. Cada imagem parece dizer: "Vejam como a Terra é bonita, vejam como nós a estamos destruindo, e, acima de tudo, vejam todas essas maravilhas, as quais ainda podemos preservar."

Quando comecei a trabalhar no projeto com Yann, estava convencido que a idéia de realizar um filme rodado inteiramente dos céus, sem entrevistas nem material de arquivo, era acertada, mas eu não conseguia entender por quê. Uma conversa me iluminou: "Do ponto de vista aéreo há menos necessidade de explicações." Absolutamente! A nossa visão é mais imediata, intuitiva e emocional. É isto que diferencia HOME - NOSSO PLANETA, NOSSA CASA de todos os outros filmes sobre questões ambientais – todos igualmente necessários para a humanidade neste período crucial. HOME - NOSSO PLANETA, NOSSA CASA causa impacto imediato sobre a sensibilidade de qualquer um que o assiste, chamando nossa atenção, inicialmente através da emoção, a fim de mudar a forma que vemos o mundo.

Provavelmente, é essa "pequena necessidade de explicações" que também permite que o filme atinja seu objetivo original: o de envolver as principais questões ecológicas que nos confrontam, mostrando como tudo no planeta está interligado ao longo de duas horas. E como o filme foi realizado sem roteiro, foi um grande desafio.

Além do conteúdo, a grande particularidade do filme está principalmente na sua forma de distribuição. Yann é um homem generoso, cujo maior desejo, desde o princípio, foi compartilhar o filme com o mundo; que ele fosse visto pelo maior número que pessoas possível, em todos os continentes e, para tanto, ele deveria ser exibido gratuitamente!

Quando ele nos explicou sua intenção na nossa primeira reunião com minha sócia Marie de Masmonteil, eu achei que seria totalmente impossível. Seu ponto de referência era a exibição de "A Terra Vista do Céu", que, oito anos depois de lançado, ainda é exibido gratuitamente através do mundo e já foi até agora assistido por mais de cem milhões de pessoas. Mas o custo da produção de um filme é muito maior do que uma exposição de fotografias. Além disso, o cinema só existe graças à renda que gera. Como seria possível, nesse contexto, exibir o filme gratuitamente, a não ser que apelássemos para muitos e generosos doadores, esforço que demanda tempo, e muito tempo? Mas o HOME - NOSSO PLANETA, NOSSA CASA é tão impaciente quanto teimoso e a luta para salvar o planeta é urgente - prioridade absoluta. Ele também é persuasivo e inspira confiança. Assim, eu me comprometi com esta aventura, sem muita certeza de onde chegaríamos, mas genuinamente convertido à causa e absolutamente convencido de que o filme deveria ser feito, muito embora tudo pudesse ser suspenso tão rápido quanto começou.

A adesão inacreditavelmente espontânea de Luc Besson tornou o projeto digno de crédito e viável. Era indispensável que uma produtora de cinema de porte internacional estivesse envolvida na operação desde o início. Foi o comprometimento de François-Henri Pinault e todo o grupo PPR que nos permitiu realizar o inimaginável, ver o filme ser exibido gratuitamente ao redor do mundo. E foi a determinação e o esforço de Yann Arthus-Bertrand que reuniu toda essa energia e talento para ultrapassar este desafio inacreditável em função do bem comum, isto é, para o bem de nosso planeta e todos seus habitantes.

Provavelmente isto é apenas uma gota no oceano se comparado aos desafios que esperam as futuras gerações, mas eu estou sinceramente convencido de que é nosso dever dar a nossa contribuição, independentemente se grande ou pequena. "Dêem-me um ponto de apoio e moverei a Terra!", disse Arquimedes. Meu único desejo hoje é que HOME - NOSSO PLANETA, NOSSA CASA dê a milhões de pessoas, de todos os continentes, um ponto de apoio.

HOME - NOSSO PLANETA, NOSSA
Home - França 2009
98 minutos
Classificação -
DOCUMENTÁRIO

Foi filmado em 54 países e em 120 locações
Rendeu 500 horas de filmagens registradas em 733 fitas
Foram 217 dias de filmagens em 18 meses
Será visto no dia 5 de junho em 87 países
Com dublagens em 14 línguas


Narração
Glenn Close

EQUIPE TÉCNICA

Diretor
Yann ARTHUS-BERTRAND
Produtores
Denis CAROT

Luc BESSON
Trilha original
Armand AMAR
Roteiro
Isabelle DELANNOY

Yann ARTHUS-BERTRAND

Denis CAROT

Yen Le VAN
Locução escrita por
Isabelle DELANNOY

Tewfik FARES

Yann ARTHUS-BERTRAND
Montagem
Yen LE VAN
Primeiro Assistente de Direção
Dorothée MARTIN
Operador de Câmera Cineflex
Tanguy THUAUD
Gerente de Produção
Jean De TREGOMAIN
Coordenadora
Camille COURAU

ENTREVISTA COM YANN ARTHUS-BERTRAND
Co-roteirista e Diretor

Quando você sentiu que deveria realizar este filme?

Quando convidei Al Gore para apresentar seu filme - Uma Verdade Inconveniente - ao Parlamento Francês, percebi o grande impacto que o filme teria, muito mais do que um programa de televisão. Eu vi como o público ficou comovido, em alguns casos chegaram às lágrimas, e eu disse para mim mesmo, que o cinema seria um excelente meio de chegar às pessoas. Também me pareceu ser uma progressão natural da fotografia e dos programas de TV. Ocorreu-me que ao tirar fotografias da Terra, o meu tema era a humanidade, que é a mesma lógica por trás dos filmes.

Este é o seu primeiro filme de longa-metragem e um projeto bastante ambicioso. Da produção, filmagem até a montagem, o senhor encontrou muitas dificuldades?

Fui apresentado a Denis Carot, produtor de Live And Become, por Armand Amar, compositor e amigo. Ele concordou participar do projeto imediatamente, assim como Luc Besson. Foi quando a coisa ficou difícil! Quando lhe dão tanto dinheiro para fazer um filme único, filmado inteiramente em HD e de um helicóptero, é uma responsabilidade e um estresse constante. Eu trabalhei por instinto e, como sempre, aprendendo na medida em que trabalhava. Logo percebemos que a equipe dentro do helicóptero teria que ser reduzida ao piloto, o cameraman e o "engenheiro de imagem". Assim, tivemos que dominar questões técnicas começando pela câmera que estávamos usando e as condições de filmagem, que eram diferentes em cada país que sobrevoávamos. Também, eu fiz o filme sem roteiro, baseado em uma sinopse de apenas uma página. Eu sabia a história que queria contar, mas a narração só surgiu enquanto filmávamos - principalmente o tema central de energia – primeiro a energia da força do músculo humano, depois a revolução desencadeada do que chamamos de "bolsas de luz solar", óleo. O resultado final é realmente o filme de um fotógrafo que não está acostumado a restrições.

Qual é a mensagem central do filme?

O filme tem uma mensagem muito clara. Sofremos um grande impacto sobre Terra, mais do que poderíamos suportar. Nós consumimos em excesso e estamos extinguindo os recursos da Terra. Do ar, é fácil ver as feridas da Terra. Assim, HOME - NOSSO PLANETA, NOSSA CASA simplesmente revela nossa atual situação, enquanto afirma que a solução existe. O subtítulo do filme poderia ser "É Tarde Demais Para Ser Pessimista". Nós chegamos a uma encruzilhada. Decisões importantes devem ser tomadas para mudar o mundo. Todos sabem algo sobre o tema do filme, mas ninguém quer acreditar nele. Assim HOME - NOSSO PLANETA, NOSSA CASA agrega importância ao argumento de organizações ambientais, de que precisamos refletir sobre um caminho com maior bom senso e mudar nosso modo de consumo.

Isto também envolve o fato do filme ser distribuído de uma forma sem qualquer precedente...

Tive a idéia de distribuir o filme em todos os formatos gratuitamente sempre que possível, depois de conversar com Patrick de Carolis, que queria comprar o filme para a France Télévisions. Ele me disse que só poderia exibi-lo dois anos após a exibição nos cinemas. Procurei Luc Besson e disse que devíamos distribui HOME - NOSSO PLANETA, NOSSA CASA gratuitamente. Ele disse que era impossível antes de ser render à idéia de ver um filme acessível de forma gratuita por todo o mundo e no mesmo dia. Aquilo nunca havia sido feito antes e foi possível graças a François-Henri Pinault, presidente e diretor executivo da PPR, que deu apoio imediato ao nosso filme. O que eu realmente quero é que as pessoas cujo consumo tem um impacto direto sobre a Terra, percebam a necessidade de mudar seu modo de vida depois de assistirem o filme.

Como você elaborou a narração e a música?

O texto da narração era crucial, é claro. Eu fui muito inspirado pelo trabalho de Lester Brown, o famoso ambientalista americano e pelo seu livro O Estado do Mundo (State of the World). Eu também trabalhei com Isabelle Delannoy, minha colaboradora de longa data. Com relação à música, é óbvio, pedi a Armand Amar, o melhor amigo do mundo e o melhor músico francês. Ele também é especializado em músicas do mundo e vozes e eu queria esse tipo de mistura cultural para a trilha sonora.

Como você desenvolveu o ritmo do filme?

Eu gosto da indolência da admiração, por isso eu queria que ela assumisse seu tempo. Restrições técnicas ligadas ao peso do helicóptero e à câmera que estávamos usando, levou-nos a filmar muitas cenas em câmera lenta. É isso o que eu gosto no filme: ele é contemplativo. É também um filme que nos faz ouvir e parar para pensar. As pessoas não gostam de ouvir algumas coisas que o filme tem a dizer, mas eu não estava disposto a fazer concessões.

Por que o título HOME?

Foi idéia de Luc Besson e era a escolha óbvia. É muito simbólico, pois a ecologia é o estudo de nosso relacionamento com o nosso meio ambiente.

HOME - NOSSO PLANETA, NOSSA CASA tem crédito de carbono. O que isso envolve?

Todas as emissões de CO2 produzidas pela produção do filme são calculadas e compensadas por quantias em dinheiro, usadas para fornecer energia limpa àqueles que não a têm. Nos últimos dez anos, todo o meu trabalho tem sido à base de Redução Certificada de Emissões.

O que você espera que o público absorva?

Além de uma mudança na forma de vida, eu gostaria que as pessoas quisessem ajudar. Há uma citação magnífica de Théodore Monod: "Nós tentamos tudo, exceto amar". Espero que esse filme seja sinônimo de muito amor.

ENTREVISTA COM LUC BESSON
Distribuidor Internacional

Por quais razões você se comprometeu com o projeto de Yann Arthus-Bertrand?

Quando eu conheci Yann, já pensava no que poderia fazer pelo meio ambiente através do cinema, como eu poderia usar trinta anos de experiência para ajudar à causa. Eu estava pronto e Yann foi a primeira pessoa a me dar a oportunidade de mostrar que eu me importava. Por isso aderi ao projeto imediatamente.

Quando começou a se preocupar com as questões ambientais?

Ainda criança, antes de me tornar um homem urbano. Na Grécia e na Iugoslávia, eu tinha acesso livre à natureza, a ponto de considerar isto nestes termos. Eu vivia conforme o ritmo da natureza e tive um relacionamento com plantas e animais que eu chamaria de normal. Depois, desenvolvi uma paixão toda exclusiva por cinema, até que, depois de ler muitos artigos sobre o assunto, tomei consciência do tsunami ambiental que nos estava ameaçando. A princípio, como qualquer outra pessoa, eu confiei no pessoal do governo, "que sabe tudo". Parecia-me óbvio que eles fariam alguma coisa. O problema é: não fizeram o suficiente. Seus esforços estão totalmente fora de sincronia com a dinâmica do desastre eminente. Enquanto eles dão um passo à frente, o planeta dá dez para trás. A verdadeira consciência surge quando você percebe que todos nós precisamos contribuir sempre e como pudermos. Mesmo se trocando lâmpadas, reciclando lixo ou sendo mais atento quando sob o ponto de vista ambiental com relação ao que você compra, já é um grande passo. Pois se um bilhão de pessoas fizer o mesmo esforço, ainda será milhares de vezes mais importante do que qualquer ação governamental.

Como distribuidor, não ficou receoso diante da intenção de Yann Arthus-Bertrand exibir o filme em todos os formatos e no mesmo dia, 5 de junho, o que significa ser exibido gratuitamente em certos formatos?

Meu envolvimento aqui é de um cidadão preocupado, não de um homem de negócios. O fato de o filme estar on-line e exibido por redes de televisão abertas não me preocupou por um instante, pois a nossa intenção não é o lucro. Eu achei a idéia de Yann de disponibilizar este filme maravilhoso à maior audiência possível no dia 5 de junho, Dia do Meio Ambiente, profundamente simbólico. As pessoas freqüentemente se perguntam o que irão fazer em dias como este. Em 5 de junho, eles poderão assistir HOME - NOSSO PLANETA, NOSSA CASA. E se nós pudermos dizer que 100, 200 ou 500 milhões de pessoas assistiram o filme em 24 horas, será um sinal muito forte para aqueles no poder. Demonstrando o comprometimento das pessoas, nós os forçaremos a agir.

Este é um filme muito ambicioso, pois também marca a estréia de Yann Arthus-Bertrand na direção. Até onde foi sua colaboração?

Eu lhe dei total liberdade quando ele estava filmando. Eu simplesmente levei a minha experiência à área de montagem, mantendo certa simplicidade. Ao assistir pouco da filmagem, pude dar uma opinião como qualquer pessoa que surgisse no momento.

E o que você achou particularmente forte no filme?

Existem muitas imagens, mas eu fiquei particularmente impressionado com os contrastes de Las Vegas, que foi construída no deserto e consume milhares de litros de água em piscinas e campos de golfe; e também com as mulheres indianas vestidas em seus saris, escavando em sólido árido em busca de água. É quando você percebe a loucura que o mundo se tornou.

Como você responde ao argumento de que o filme só conseguiu ser produzido a um custo (ambiental) aéreo muito alto?

Hoje, você pode comprar um carro elétrico para levar seus filhos à escola, mas não poderíamos ter feito este filme sem um helicóptero. A comparação válida é o fato de que, durante todo o filme, Yann produziu menos poluição do que um único avião de passageiros vazio em trânsito entre Paris e Los Angeles. Vamos nos preocupar com o problema de milhares de aviões que voam vazios, em vez de criticarmos um filme que foi filmado de um helicóptero, pois não poderia ser de outra forma.

O que você espera que o público assimile?

Primeiro, espero que a maior quantidade possível de pessoas assista HOME - NOSSO PLANETA, NOSSA CASA para que se estabeleça um marco. Depois, espero que cada pessoa que assista ao filme perceba que pode fazer parte dele. O conjunto de esforços, pequeno ou grande, de milhares de pessoas fará toda a diferença.

UMA ENTREVISTA COM FRANÇOIS-HENRI PINAULT
Presidente e Diretor Executivo da PPR, patrocinador oficial HOME - NOSSO PLANETA, NOSSA CASA

Por que o senhor deu seu apoio a este projeto em particular?

O nosso planeta está em péssima forma e todos nós temos a obrigação de agir. Como um grande empreendimento e líder empresarial internacional, a nossa empresa deve dar o exemplo, e é por isso que há mais de dez anos a PPR está comprometida com questões éticas e ambientais. Quando conheci Luc Besson e Yann Arthus-Bertrand, não demorei muito para aderir ao ambicioso projeto deles - um projeto global como nós, que somos uma empresa global – e envolver a PPR. É hora de parar de reclamar e começar a agir e Yann é um homem muito dinâmico. Ele é um eco-empreendedor tanto quanto artista. O objetivo de HOME - NOSSO PLANETA, NOSSA CASA é demonstrado não só pelas imagens magníficas de Yann como também pela distribuição do filme, a maior na história dos filmes e do meio ambiente. Graças a EuropaCorp, produtora de Luc Besson, o filme de Yann terá distribuição gratuita internacional em quase todos os formatos. Foram esses dois objetivos que me convenceram a me juntar a eles.

De que forma é o seu apoio?

Primeiro, é um apoio financeiro. Dez milhões de euros ao longo de três anos, para garantir que todos possam ver o filme gratuitamente. Mas acima de tudo, é o apoio de cada filial e marca da empresa e o compromisso de nossos 88.000 colaboradores com o objetivo do filme que é fazer com que o maior número de pessoas possível tome ciência das condições de nosso planeta. Se acrescentarmos as famílias e amigos de 88.000 pessoas, teremos 300.000 pessoas que a PPR atingirá diretamente.

Basicamente, qual é a sua abordagem sobre o desenvolvimento sustentável na direção de sua empresa?

O compromisso da PPR com a prática de negócios responsáveis tanto social quanto ambientalmente começou em 1996, quando inauguramos nosso primeiro charter ético. Em 2005, um código empresarial que define os princípios éticos da PPR foi emitido a todo o nosso pessoal. Todas as filiais também desenvolveram operações de caridade correspondentes aos seus setores, através da organização SolidarCité em particular: CFAO na luta contra a AIDS, the FNAC visando à alfabetização, Conforama com o Secours Populaire, Gucci com a UNICEF e assim por diante. Em 2007, fomos além, criando uma divisão de Responsabilidade Ambiental com a empresa, que se reporta diretamente a mim. Isso é único para uma grande empresa pública na França e nos permitiu desenvolver programas ambiciosos na esfera social e ambiental. Entre as suas sete atuais metas, há o respeito pelo meio ambiente em relação ao transporte de massa, que usamos muito, e a redução de nossas lojas com compromisso ambiental. E neste ano, nós criamos uma fundação cujo foco é o respeito e dignidade dos direitos das mulheres.

O que você diz àqueles que vêem um paradoxo sobre o impacto ambiental implícito causado por uma empresa deste tamanho?

Existem sempre boas razões para não fazer nada. Nós temos um papel duplo para interpretar como empresa: melhorar a nosso desempenho ecológico e encorajar a consciência em outras. Nós seremos criticados ou elogiados pelo nosso apoio ao filme, mas esse é uma questão menor. O que importa é que o filme foi feito e seja visto pelo maior número de pessoas possível. Luc, Yann e eu queremos atingir pelo menos 100 milhões de pessoas por todo o mundo, e esperamos ainda mais. É realmente muito simples: se empresas como a nossa não agirem, não vejo como podemos esperar resolver essa questão. É uma responsabilidade vital para as empresas e indivíduos igualmente. Qualquer crítica será secundária, cuidarei disso, e neste ano, o grupo decidiu criar uma fundação cujo objetivo é promover o respeito aos direitos e a dignidade das mulheres.

Quais as suas expectativas quanto à reação do público ao filme?

Maior conscientização, devido à força da convicção de Yann e a emoção provocada por suas imagens. Uma vez que não há nada como seu livro The Earth From The Air, a conscientização pública será significantemente encorajadora em relação ao estado do planeta e a necessidade de ação em nível individual e coletivo. Basicamente, a idéia é fazer as pessoas pensarem e agirem.

NOTAS DE PRODUÇÃO SOBRE OS
217 DIAS DE FILMAGEM... E LOGÍSTICA

Yann Arthus-Bertrand e sua equipe levaram quase três anos para fazer um filme que é o conjunto de mais de trinta anos de trabalho duro e total comprometimento com o planeta.

A GRANDE IDÉIA

Quando teve a idéia de fazer este filme em 2006, Yann Arthus-Bertrand contatou o produtor Denis Carot (Elzévir Films), que acreditou imediatamente no projeto, a despeito da aparente doidice da idéia do diretor de que o filme deveria ser gratuito. Era crucial, entretanto, livrar-se do modelo clássico de comercialização e encontrar um patrocinador capaz de financiar o filme. Igualmente, era preciso um distribuidor internacional capaz de distribuir o filme mundialmente. "Quando as pessoas da área souberam do projeto," lembra Denis Carot, "todos os distribuidores nos ligaram, incluindo representantes de distribuidoras dos Estados Unidos, o que é muito raro para uma produtora independente como a nossa. Mas eles não conseguiam aceitar a idéia de distribuir o filme gratuitamente. Finalmente Luc Besson e a EuropaCorp realmente acreditaram no projeto e apontaram a PPR como patrocinadores em potencial. Assim, o cronograma de filmagem poderia ser elaborado, incluindo 54 países, 217 dias de filmagem e 488 horas de imagens!"

Aproveitando as diversas viagens que fez para seus livros (principalmente The Earth From The Air, bestseller internacional com três milhões de exemplares) e programas de TV (Seen From The Air), Yann Arthus-Bertrand chamou seus colaboradores técnicos e artísticos, incluindo Isabelle Delannoy, com quem escreveu a narração, e Dorothée Martin, jornalista em Seen >From The Air, que se tornou sua assistente de direção. O gerente de produção Jean de Trégomain e o gerente de locação Claude Canaple foram contratados para elaborar o incrível cronograma, que precisou três equipes de produção trabalhando simultaneamente durante 21 meses nos quatro cantos da Terra.

Como Dorothée Martin diz, "pode parecer simples voar ao redor do mundo em um helicóptero, mas na verdade cada etapa, cada tomada, envolvia muito trabalho."

A EQUIPE DE PRODUÇÃO

Com considerável experiência em fotografia aérea, o filme Migração Alada (Winged Migration) em particular, Jean de Trégomain imaginou a missão "como um filme retratando sua própria caça ao tesouro para encontrar o contato certo em cada local, o helicóptero certo e o piloto certo."

Além das viagens em busca de locações, grande parte da organização em Paris se dedicou a fornecer cronogramas e itinerários às equipes de campo. No helicóptero, a equipe ficou limitada ao diretor, um de seus assistentes, o cameraman da Cineflex e um "engenheiro de imagem". Filmar seqüência do ar gera numerosos limites técnicos, começando com o uso de um tipo de câmera muito específica, a Cineflex V14 TM - AXYS, e uma câmera em HD giro-estabilizada, cuja tecnologia oferece vibrações e estabilidade para dar um efeito similar ao movimento de uma grua. Inicialmente desenvolvida para fins militares, a câmera é capaz de captar grandes distâncias e as fitas podem ser trocadas a bordo do helicóptero. Mesmo assim, foi preciso instalar 120 quilos de equipamento naquele espaço fechado.

Um dos cameramen contratados para trabalhar em HOME - NOSSO PLANETA, NOSSA CASA, Tanguy Thuaud, ostentava doze anos de experiência em filmagens aéreas e diversos vôos com Yann Arthus-Bertrand para Seen From The Air. Ele enfatiza a necessidade de flexibilidade enquanto filmava: "Não podíamos escolher o nosso helicóptero ou piloto e em fotografia aérea, 60% do resultado dependia da potência do helicóptero e da habilidade do piloto para controlá-lo." Sem mencionar o equipamento, clima e problemas de comunicação. "Nas primeiras seqüências Yann fotografava durante a filmagem e tinha que nos mostrar o resultado na sua câmera antes de entendermos o que ele queria."

Em cada etapa, o cameraman trabalhou em conjunto com um "engenheiro de imagem". Um deles, Stéphane Azouze destaca os fabulosos resultados obtidos pela câmera giro-estabilizada, pela qual era responsável, incluindo transporte, checagem e instalação no helicóptero antes de auxiliar o cameraman. A filmagem na feita em estado natural, para dar a latitude máxima quando o filme recebesse graduação de cor. Stéphane Azouze diz, "Isto significa que a fotografia é quase cinza, pálida e não muito atraente, o que pode ser frustrante, mas rapidamente você treina o seu olho para vê-la como um estágio de transição."

O maior problema em filmar de dentro de um helicóptero é o tempo limitado de vôo. Dorothée Martin explica, "Há limitação de combustível, o motor o queima rapidamente, o minuto é muito caro e as possibilidades são reduzidas. Em média, um helicóptero pode ficar no ar por duas horas, duas horas e meia no máximo, e normalmente filmamos em locais distantes das áreas de reabastecimento. Assim, tínhamos cerca de trinta minutos para fazermos as tomadas que queríamos. Obviamente, nós tínhamos que ser o mais objetivos e eficientes possível."

BUROCRACIA!

As questões técnicas não eram nada se comparadas aos problemas administrativos que as equipes enfrentaram. Jean de Trégomain explica que em cada país, "tínhamos que compreender a cultura local e sua forma de trabalhar e nos adaptarmos a elas." Autorizações de diversos níveis eram freqüentemente exigidas, dependendo dos padrões de "segurança" de cada país. "Para atender às solicitações de um país particularmente exigente, tivemos que enviar uma solicitação inicial ao Ministério da Defesa, ao Ministério de Relações Exteriores, à Embaixada, Exército e Força Aérea, tudo ao mesmo tempo," lembra Dorothée Martin. "Uma vez resolvido isto de Paris, viajamos para escolher as locações. Tínhamos que fornecer referências de GPS exatas das áreas que desejávamos filmar. Depois, tínhamos que esperar a resposta..." Um ano de preparação para dois minutos e meio no filme. E vigilância constante. "Quando íamos filmar, ia sempre um oficial da segurança a bordo conosco para checar o plano de vôo, as referências de GPS e o que estávamos filmando. Certa tarde, ele assistiu a filmagem conosco. Resultado: não tive permissão de sair com as fitas. Precisei deixá-las com o censor. De quinze fitas, duas e meia voltaram totalmente apagadas." Essas precauções se deviam a especificidades das filmagens aéreas. Alguns países proíbem o uso dessas câmeras giro-estabilizadas com lentes zoom poderosas.

ESCREVENDO O ROTEIRO... NA METADE DO CAMINHO

Outro aspecto original do projeto e praticamente fundamental é que a filmagem começou sem roteiro. Depois de um ano de filmagem, Yann Arthus-Bertrand pediu a Isabelle Delannoy, jornalista e um de seus leais colaboradores, para escrever a história com ele. "No final, eu acho que foi muito bom, pois cada imagem conta sua própria história em seu próprio ritmo," diz ela. A partir do material filmado, eles puderam definir a linha narrativa. Isabelle Delannoy comenta: "Eu me lembro o impacto que senti ao ver uma cena que captava a aliança entre a água, o céu e a Terra. Yann eu percebemos então que é a inabalável ligação entre os elementos, entre os humanos e a Terra, que tanto nos fascinava. Aquilo nos levou de volta às origens da Terra, pois o ferro em nossos corpos provêem das estrelas que explodiram sobre a Terra há bilhões de anos!"

Outro pré-requisito era "não cair na armadilha do pessimismo, que não é nada estimulante. A mensagem do filme pode ser resumida por um paradoxo: nós nunca fomos tão dependentes dos recursos naturais, ainda assim nunca nos desligamos da natureza totalmente. Nós erramos dramaticamente na nossa escolha de modelo e precisamos mudar e agora. Nós só podemos mudar se todos se derem conta e compreenderem que é vital. As imagens aéreas demonstram esse fato, enquanto oferecem a perspectiva necessária para se pensar sobre as questões."

A postura educacional de Isabelle Delannoy chegou à narração, que escreveu com Tewfik Fares e que conclui: "Cabe a nós continuarmos a nossa história. Juntos."

A MÚSICA, UM PERSONAGEM POR SI SÓ

Temos as imagens. Temos o texto. E depois temos a música, que acompanha, voa, revela emoções, nunca é supérflua e nunca sentimentaliza o simples, da pungente história narrada pelo filme de Yann Arthus-Bertrand.

Sua experiência, sincretismo e o sofisticação intelectual enriquece o projeto com dimensão poética única. Armand Amar fez diversas viagens para gravar com a Orquestra Sinfônica de Budapeste e a Shanghai Percussion Ensemble. Ele compôs a trilha sonora com cânticos e instrumentos de diversos continentes (Mongólia, Armênia, Irã, etc).

"Compor uma música para um filme, você está a mercê de numerosas imperativas," explica o compositor. "Tudo tem base na cena, nas intenções... A idéia é compreender o que o diretor sente, mas também desenvolver uma visão pessoal do filme, sem porém superenfatizar a mensagem. A trilha sonora conta uma parte da história, a imagem conta outra e o diálogo fala, ainda, uma outra linguagem, mas isto tudo deve se combinar em sinfonia, em harmonia. Compor a música para um filme feito de imagens, sem um roteiro, foi uma verdadeiro desafio para mim. A música também dá movimento às imagens e a emoção que sua visão provoca é destacada pela trilha sonora. O ritmo do filme é contemplativo, mas eu não me deixei levar por estes limites. Era importante deixar as imagens respirarem. Eram imagens muito silenciosas. Voamos sobre paisagens, por isso precisamos de silêncio. Mantive apenas o piano e as cordas das partes orquestradas. Não queria um efeito super-sinfônico. Como na música tradicional, eu favoreci a composição horizontal em vez da vertical.

A MONTAGEM

Dada a dimensão do projeto e pelo fato de Yann Arthus-Bertrand não poder estar em todas as locações, a filmagem era idealizada no mesmo dia que era filmada. A compilação de cada seqüência era, então, enviada para Yann Arthus-Bertrand, que podia ajustar suas necessidades de outra locação.

Esta pré-seleção tornou, também, o trabalho da montagem muito mais fácil. Contudo, ela tinha 488 horas de filmagem para assistir! Ao entrar no projeto em setembro de 2007, Yen Le Van começou a trabalhar cinco meses depois do início das filmagens. Ela assistiu tudo o que já havia sido filmado para ter uma visão inicial e "escolheu trabalhar mais os contrastes do que os efeitos."

RESULTADO FINAL

"É provavelmente a primeira vez que um filme é filmado 100% do ar, marca registrada de Yann Arthus-Bertrand. Esse filme é o conjunto de tudo que ele viu durante os vinte anos e nosso objetivo é que ele seja visto pelo maior número de pessoas possíveis." (Dorothée Martin)

"O filme mostra a capacidade dos seres humanos e sua habilidade de se adaptar ao meio ambiente... ou de adaptá-lo. E a grande pergunta é, "Como nós escolhemos explorar a nossa capacidade?" (Isabelle Delannoy).

DADOS SOBRE O PLANETA

20% da população mundial consome 80% dos recursos do planeta
GEO4, UNEP (Organização das Nações Unidas para o Meio Ambiente) 2007

O mundo gasta doze vezes mais em armas do que em ajuda de desenvolvimento de países
SIPRI Yearbook, 2008 (Instituto Internacional de Pesquisa em Paz de Estocolmo)
OECD, 2008 (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico)

5.000 pessoas morrem todos dias por beber água poluída. Um bilhão de seres humanos não têm acesso à água de beber salutar
UNDP, 2006 (Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas)

1 bilhão de pessoas passam fome
FAO, 2008 (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação)

Mais de 50% do grão comercializado ao redor do mundo é usado para ração animal ou biocombustíveis.
Worldwatch Institute, 2007
FAO, 2008

40% da terra cultivável é degradada
UNEP (Organização das Nações Unidas para o Meio Ambiente), ISRIC World Soil Information

A cada ano, 13 milhões de hectares de florestas desaparecem
FAO, 2005

1 mamífero em 4, 1 pássaro em 8, 1 anfíbio em 3 estão ameaçados de extinção. As espécies estão desaparecendo mil vezes mais rápido do que o ritmo natural de extinção
IUCN, 2008 (União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais)
XVI Congresso Internacional de Botânica, Saint-Louis, USA, 1999

75% dos produtos da indústria pesqueira estão extintos, esgotados ou em risco de extinção.
Fonte ONU

A temperatura média dos últimos 15 anos tem sido a mais alta desde o início de seu registro
NASA GISS data
http://data.giss.nasa.gov/gistemp/graphs/Fig.A.txt
http://data.giss.nasa.gov/gistemp/graphs/Fig.A2.txt

A calota polar perdeu 40% de sua espessura em 40 anos
NSIDC, National Snow and Ice Data Center (Centro Nacional de Dados sobre Neve e Gelo), 2004

Poderá haver 200 milhões de refugiados do clima em 2050
The Stern Review: the Economics of Climate Change
Part II, Cap. 3, pág. 77

junho 07, 2009

Beleza inteligente!

A redação abaixo é fruto da pena de Clarice; ela venceu um concurso da Unesco que premiuou a melhor redação que tratasse do tema: Como reduzir as desigualdades no Brasil.
Se vc ainda não conhece Clarice, assista o caldeirão do Huck e vai vê-la entre as dançarinas!
Muito interessante não?

Clarice Zeitel Vianna Silva
UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro – Rio de Janeiro – RJ

PÁTRIA MADRASTA VIL
Onde já se viu tanto excesso de falta? Abundância de inexistência... Exagero de escassez... Contraditórios?? Então aí está! O novo nome do nosso país! Não pode haver sinônimo melhor para BRASIL. Porque o Brasil nada mais é do que o excesso de falta de caráter, a abundância de inexistência de solidariedade, o exagero de escassez de responsabilidade.

O Brasil nada mais é do que uma combinação mal engendrada – e friamente sistematizada – de contradições.

Há quem diga que "dos filhos deste solo és mãe gentil.", mas eu digo que não é gentil e, muito menos, mãe. Pela definição que eu conheço de MÃE, o Brasil está mais para madrasta vil.
A minha mãe não "tapa o sol com a peneira". Não me daria, por exemplo, um lugar na universidade sem ter-me dado uma bela formação básica. E mesmo há 200 anos atrás não me aboliria da escravidão se soubesse que me restaria a liberdade apenas para morrer de fome. Porque a minha mãe não iria querer me enganar, iludir. Ela me daria um verdadeiro PACote que fosse efetivo na resolução do problema, e que contivesse educação + liberdade + igualdade. Ela sabe que de nada me adianta ter educação pela metade, ou tê-la aprisionada pela falta de oportunidade, pela falta de escolha, acorrentada pela minha voz-nada-ativa. A minha mãe sabe que eu só vou crescer se a minha educação gerar liberdade e esta, por fim, igualdade. Uma segue a outra... Sem nenhuma contradição!

É disso que o Brasil precisa: mudanças estruturais, revolucionárias, que quebrem esse sistema-esquema social montado; mudanças que não sejam hipócritas, mudanças que transformem! A mudança que nada muda é só mais uma contradição. Os governantes (às vezes) dão uns peixinhos, mas não ensinam a pescar. E a educação libertadora entra aí. O povo está tão paralisado pela ignorância
que não sabe a que tem direito. Não aprendeu o que é ser cidadão.

Porém, ainda nos falta um fator fundamental para o alcance da igualdade: nossa participação efetiva; as mudanças dentro do corpo burocrático do Estado não modificam a estrutura. As classes média e alta – tão confortavelmente situadas na pirâmide social – terão que fazer mais do que reclamar (o que só serve mesmo para aliviar nossa culpa)... Mas estão elas preparadas para isso?

Eu acredito profundamente que só uma revolução estrutural, feita de dentro pra fora e que não exclua nada nem ninguém de seus efeitos, possa acabar com a pobreza e desigualdade no Brasil.

Afinal, de que serve um governo que não administra? De que serve uma mãe que não afaga? E, finalmente, de que serve um Homem que não se posiciona? Talvez o sentido de nossa própria existência esteja ligado, justamente, a um posicionamento perante o mundo como um todo. Sem egoísmo. Cada um por todos...
Algumas perguntas, quando auto-indagadas, se tornam elucidativas. Perguntese: quero ser pobre no Brasil? Filho de uma mãe gentil ou de uma madrasta vil? Ser tratado como cidadão ou excluído? Como gente... Ou como bicho?

Apesar do texto ser uma coleção de obviedades sobre nosso país, a leitura é agradável e o objetivo de indignar mesmo o mais apático dentre os apáticos parece ter algum sucesso.
O Brasil parece-me mesmo o país do anúncio do cigarro Vilarrica nos anos 70
(Veja a seguir)



Não é demais?
Foi daí que veio a expressão: Lei de Gérson
Uma grande sacada do publicitário responsável sobre a alma nacional.
Neste momento em que o vice-presidente sai para tratar-se longe da rede assistencial de saúde pública e no qual uma ministra sangue-ruim corre para o quartel-general dos ricos-desenganados do país, o povo segue embriagado desejando um terceiro mandato para o atual presidente...
Como disse um barraqueiro carioca, sem troco, diante de um turista português pouco acostomado com as inflexões do léxico nacional: "...tem troco não, vai ter que levar bala!"
Chama-me a tenção como, mesmo desenganados e à beira do embarque definitivo, nenhum dos nossos homens públicos demonstra nobreza ou real compreensão do sentido da existência.
O senso de gratidão, no entanto, é lugar comum nos países desenvolvidos. Milionários voltam fortunas inteiras, mesmo ainda em vida, para escolas, universidades, hospitais ou centros de pesquisa.
Vide a fundação Bill e Melinda Gates, por exemplo.
Quando doam para hospitais, pode ser que estes passem a se chamar Memorial Fulano de Tal.
Uma justa homenagem a quem doou parte da sua produção em vida para apresentar seu nome para os que não tiveram tempo de conhecer-lhe.
Como seria bom ver isto acontecer entre nós...
Por enquanto, talvez por cruel ignorância de quem escolheu o nome, vamos nos contentando, aqui em Salvador, com o bizarro exemplo de um hospital que se chama apenas, tão e simplesmente: Memorial.
Sem um nome antes nem depois; sem benemérito; anônimo como o mérito ético desta pátria madrasta vil.

Abaixo, para não ficar só em seriedades vai uma lista dos melhores discos de 2008 pelo Times.
Um guia pelo qual me oriento frequentemente para não ficar na mão dos opinadores locais.

The 100 best records of 2008

Rock and Pop

1 Fleet Foxes: Fleet Foxes (Bella Union) Usually, when an album’s reviews has references to the Beach Boys or CSN&Y, it simply means that more than one person in the band sings at the same time. But in the case of this uplifting, timeless yet fresh debut, comparisons with the peak of West Coast pop are entirely justified.
2 Cut/Copy: In Ghost Colours (Modular) The Melbourne trio made the most haunting and beguiling electro album of the year, awash with beauty, melancholy, rapture and updated 1980s-new-wave magic. An instant classic.
3 Paul Weller: 22 Dreams (Island) The sharp-dressed man’s back catalogue is full of ups and downs, but this is very much an up: a dazzlingly eclectic album that shows Weller, at 50, can still match the thrilling inventions of his early days.
4 Nick Cave and the Bad Seeds: Dig!!! Lazarus Dig!!! (Mute) Abattoir Blues/The Lyre of Orpheus, last year’s Grinderman project, and now this: a snarling, feral, self-deprecating, libidinous, hilarious work of genius. As an album, it’s extraordinary. As a 14th studio release, it’s miraculous.
5 Bon Iver: For Emma, Forever Ago (4AD) This album had the best back story of the year — man splits with girlfriend, falls ill, retires to remote log cabin to recover, hunting his own meat, chopping wood for the fire, and all the time conjuring up this unique, hauntingly lovely, multitracked folk.
6 Aidan John Moffat: I Can Hear Your Heart (Chemikal Underground) The former Arab Strapper, one of Britain’s greatest lyricists, excelled himself on this part-book, part-audio spoken-word masterpiece, which forensically examined his drink-fuelled inadequacies and self-disgust, along with the absurdities he witnesses or sets in motion.
7 Al Green: Lay It Down (Blue Note) Guests including John Legend, Anthony Hamilton, ?uestlove, the Dap-Kings horns and other neo-soul luminaries join with one of the old-school greats as he recaptures his finest form. If you love the man’s 1970s hits, you will love this too.
8 Kanye West: 808s & Heartbreak (Roc-a-Fella/Mercury) Mourning his mother, and heartbroken by a failed relationship, West forsook rap in favour of a minimalist electro approach, emerging as a singer (his voice heavily treated) who mined poignancy from the sparest of lyrical and musical sources.
9 REM: Accelerate (Warner Bros) For the first time since the departure of their drummer, Bill Berry, 11 long years ago, REM have created a really excellent album. The secret? Lose the languorous synths, turn up the guitars, rock out.
10 My Morning Jacket: Evil Urges (Rough Trade) The mutation of Jim James’s band from country-tinged guitar-rockers into genre-bending experimentalists continued apace on this superb fifth album, as prog, space-funk, acoustica and 1970s soul and soft-rock joined the blend — with wondrous results.
11 Isobel Campbell and Mark Lanegan: Sunday at Devil Dirt (V2) The only downside to this duo’s superb debut, Ballad of the Broken Seas, was the thought that such an unlikely collaboration would prove a one-off. But no: here’s another instalment of Lanegan growling and Campbell whispering through a set of songs Hank Williams would have been proud of.
12 The Killers: Day & Age (Mercury) Ignore Brandon Flowers’s protestations about superstar ambivalence: on this third album of immaculate, radio-conquering pop, the front man and his Las Vegas colleagues sound not just hungry for the next, stadium-filling stage of success, but gagging for it.
13 Little Jackie: The Stoop (S-Curve) Imani Coppola reinvents herself as the missing link between Macy Gray and Lily Allen, with a sassy mix of pop, R&B, hip-hop and smart lyrics, including the You’re So Vain complexity of “I liked you better before you knew me” and the admirable honesty of “The world should revolve around me”.
14 Sigur Ros: Med Sud I Eyrum Vid Spilum Endalaust (EMI) A blissful, devastating album from the Icelandic ambient-rockers, full of sonic sorcery and glacial expanses, and containing, in Inni Mer Syngur Vitleysingur, 2009’s most euphoric pop moment.
15 Elbow: The Seldom Seen Kid (Fiction) To be honest, it’s no better than their earlier albums, but — for whatever reason — this was the year when Elbow’s thoroughly human take on rock finally reached the tipping point and deservedly turned them from “criminally underrated” to “much loved”.
16 The Dears: Missiles (Dangerbird) Stripped down to just a husband-and-wife duo, the Canadians came up with their best album to date, using Pink Floyd, Radiohead and pre-Midge Ure Ultravox references as a springboard to a sublime example of ethereal indie.
17 Emiliana Torrini: Me and Armini (Rough Trade) The Icelandic singer — whose CV includes writing for Kylie — created a perky pop album that joins the dots between Björk and Nancy Sinatra.
18 Roots Manuva: Slime & Reason (Big Dada) Rodney Smith’s sixth studio album found the preacher’s son ducking and diving through alternately self-lacerating and dextrously witty wordplay, to a musical backdrop so mongrel that it defied categorisation — and was all the more absorbing and riveting for that.
19 Peter Broderick: Home (Bella Union) Best known for his work with the intriguing Danish outfit Efterklang, Broderick this year revealed himself as a songwriter of beguiling depth. Home’s layered vocals and finger-picked guitar create a quiet, yearning world that lives up to the warmth and comfort suggested by the album’s title.
20 Lindsey Buckingham: Gift of Screws (Reprise) If this were by Fleetwood Mac, people would have gone: “A classic Mac mix of soft rock and experimental excursions.” As it was by the man chiefly responsible for that mix, not the band, it was largely ignored. Mad, mad world.

New Artists

1 Laura Marling: Alas, I Cannot Swim (Virgin) Under cover of musical lightness, the teenager crept up on listeners with a nu-folk masterpiece that, amid the sing-alongs, tackled love, death and depression with startling candour.
2 The Last Shadow Puppets: The Age of the Understatement (Domino) Arctic Monkeys’ Alex Turner teamed up with the Rascals’ Miles Kane for a Scott Walker- and Lee Hazlewood-indebted album that brimmed with some of the sharpest, most haunting melodies of the year.
3 Crystal Castles: Crystal Castles (Different) Toronto’s Alice Glass and Ethan Fawn made a debut that sounded like an army of Space Invaders running amok on crack. It was as violent as music gets.
4 Wild Beasts: Limbo, Panto (Domino) With Hayden Thorpe’s lurid falsetto to the fore, the Leeds band concocted a sort of musical/satirical cabaret noir, heavy on melodrama, wit and weird. The most original debut of the year.
5 Eugene McGuiness: Eugene McGuinness (Domino) McGuinness made good on his promise with a record that nodded to Rufus Wainwright, Byrne, Albarn and Merritt, but triumphed on its own eccentric terms.
6 Nicole Atkins: Neptune City (Red Ink/Sony BMG) From the Jersey Shore, Atkins crooned her way into contention with an album of vocal melodrama and restraint, her voice an Orbison/Cline stunner.
7 Lightspeed Champion: Falling off the Lavender Bridge (Domino) The former Test Icicle Dev Hynes retreated from the hype and tore songs from his chest, with melodies that could never mask the torment of their birth.
8 Ladyhawke: Ladyhawke (Island) The New Zealander Pip Brown first made electro-pop waves with her brilliant Paris Is Burning single. Its irresistible chorus gave only a hint of how packed with the things this superb debut would be.
9 Noah and the Whale: Peaceful, the World Lays Me Down (Mercury) Charlie Fink and co’s debut looked death, decay and self-doubt in the face, emerging with a chill in its heart but, musically, a lethally contrasting spring in its step.
10 The week that was: The Week That Was (Memphis Industries) Field Music’s Peter Brewis threw out his TV, immersed himself in Paul Auster and came up with a musical thriller, all choppy guitars and prog textures.

Dan Cairns

Left-field

1 One More Grain: Isle of Grain (White Heat) Daniel Patrick Quinn’s bored northern bingo-caller vocals drizzle bird’s-eye views of broken Britain over krautrock rhythms, incongruous jazz-fusion trumpet and post-punk guitar scree.
2 Matana Roberts: The Chicago Project (Central Control International) Matana Roberts blows ecstatic saxophone as hard as Albert Ayler, but carries tunes soulful enough to sell experimental jazz noise to sceptics.
3 Helena Espvall and Masaki Batoh: Helena Espvall and Masaki Batoh (Drag City) Espvall’s droning cello meets Batoh’s acid-blues guitar in a pervasive fog of Swedish folk and Japanese psychedelia.
4 John Edwards: Volume (PSI) John Edwards traverses the neck of his double bass in fearless free-jazz improvisations, using silence, space, sudden motions and sustained undulations.
5 Dick Gaughan: Gaughan Live! at the Trades Club (Greentrax) The Scottish folk singer and guitarist distils four decades of passion into a timeless selection, alternating a lightness of touch with smouldering, righteous fury.
6 Robert Forster: The Evangelist (Tag) The fearsomely fey former Go-Between’s first release since the death of his long-term songwriting partner, Grant McLennan, typifies his apparently effortless talent, with drawled poetry and low-slung guitars.
7 Martin Hayes/Dennis Cahill: Welcome Here Again (Green Linnet) Hayes rescues the fiddle tunes of his native Co Clare from clichéd arrangements and off-the-peg sentimentality, imbuing them with vast emotional depths and moments of considered stillness.
8 The Advisory Circle: Other Channels (Ghost Box) The electronica of 1970s public-information films and weird children’s TV conjures a forgotten suburban nightmare of prescription tranquillisers, coffee mornings, treacherous ponds and imminent nuclear war.
9 NICK PYNN Afterplanesman (Roundhill) Pynn gave his micro-suite of miniature art-folk curios a push this year. Sampled vocals and self-made instruments range across cultural, geographical and temporal boundaries to delightful effect.
10 WILD BILLY CHILDISH AND THE MUSICIANS OF THE BRITISH EMPIRE Thatcher’s Children (Damaged Goods) Chatham’s venerable garage-rock fundamentalists cock a 1976-style snook at Noughties values and continue to summon instant punk classics from the Thames estuary at will.
Stewart Lee

World

1 The Garifuna Women's Project: Umalali (Cumbancha) Ivan Duran burrows into Central America’s Afro-Latin tradition in this survey of a community that flourishes on the margins.
2 Buika: Niña de Fuego (Warner) The charismatic flamenco-meets-jazz diva gets better all the time. Javier Limon’s sumptuous production work is even more assured and varied this time around.
3 Wasis Diop: Judu Bek (Wrasse) A hint of Serge Gainsbourg and a Leonard Cohen adaptation from the Senegalese singer, a brooding weaver of dreams.
4 Otis Taylor: Recapturing the Banjo (Telarc) The trance guitarist’s excavation of early African-American music receives rousing studio support from the likes of Keb’ Mo’ and Corey Harris.
5 Melingo: Maldito Tango (Mañana) A Buenos Aires Tom Waits? The eccentric singer adds his bewitching Paolo Conte growl to defiantly off-the-wall numbers.
6 Omara Portuondo/Maria Bethania: Omara Portuondo e Maria Bethania (Discmedi) The greatest Cuban singer of our times finds common ground with one of Brazil’s most serene vocalists.
7 Rokia Traore: Tchamantché (Nonesuch) A wash of understated electric guitars brings a contemporary sheen to the Malian singer’s mesmerising soundscapes.
8 Various Artists: The Complete Motown Singles, Vol 9: 1969 (Motown/Hip O-Select/Universal) Ah, the days when soul music had soul. A multidisc celebration of the Motor City’s heyday, from Marvin to the ill-fated Shorty Long.
9 Mariza: Terra (EMI) The fado queen stylishly incorporates a touch of jazz and Cape Verde’s version of saudade.
10 Buena Vista Social Club: At Carnegie Hall (World Circuit) While Gonzalez, Ferrer and Segundo may no longer be with us, we finally get to savour that famous 1990s date in Manhattan.
Clive Davis
Jazz

1 The Neil Cowley Trio: Loud Louder Stop (Cake) “Jazz for people who don’t like jazz” was my reaction when I first heard the British band hammer its way through some infuriatingly catchy tunes. Cowley is an engagingly witty band leader who grabs music back from the conservatories.
2 Esperanza Spalding: Esperanza (Heads Up) A bassist who makes her instrument sing, the young American virtuoso effortlessly straddles bop, funk and Latin soul.
3 Melody Gardot: Worrisome Heart (Universal) A star in the making. There are lots of Norah Jones soundalikes out there, but this Philly singer-songwriter’s take on the jazz-blues tradition is in a class of its own.
4 Jonas Knutsson & Johan Norberg: Skaren: Norrland III (ACT) A beguiling journey through Sweden’s wooded hinterlands, as the saxophonist and guitarist explore folk melodies with the all-girl a cappella group Kraja.
5 Howard Alden & Ken Peplowski: Howard Alden & Ken Peplowski’s Pow-Wow (Arbors) Two of the most cultured members of the retro movement deliver nimble guitar-and-reeds duets, from Duke Ellington to Bud Powell.
6 Various Artists: Miles from India (Times Square) The producer Bob Belden takes Miles Davis’s fusion one step further, in a mix-and-match collaboration between Indian musicians and a contingent of jazz heavyweights.
7 Patricia Barber: The Cole Porter Mix (Blue Note) Fresh from her triumphant reworking of Ovid, no less, the Chicago singer-pianist turns her attention to the suavest tunesmith of them all.
8 The Bennie Maupin Quartet: Early Reflections (Cryptogramophone) The reeds player who helped to define the Headhunters era turns distinctly mystical on an introspective acoustic session.
9 Evan Christopher: Django à la Créole (Lejazzetal) The soulful clarinettist Evan Christopher channels the gypsy legend with the help of the guitarists Dave Blenkhorn and Dave Kelbie.
10 Nina Simone: To Be Free: The Nina Simone Story (Sony/BMG) Narrowly pipping the 50th-anniversary edition of Kind of Blue for the prize of best reissue, this lavish compilation charts the career of another true nonconformist.
Clive Davis
Classical

1 Mozart: Symphonies Nos 38-41 (Linn) Two outstanding sets of late Mozart symphonies appeared in 2008 — this one, and Claudio Abbado with his Bolognese Orchestra Mozart (DG) — but it is Mackerras and the SCO who triumph in the finest accounts of the Prague, E flat, G minor and Jupiter ever recorded.
2 Bach: Sacred Arias & Cantatas (Virgin) David Daniels’s ethereal yet sensual countertenor has never sounded more persuasive than in these great arias from the B minor Mass, the great Passions and the cantata Ich habe Genug. Sublime.
3 Schubert: Lieder (Harmonia Mundi) Bernarda Fink’s unmannered singing of great Schubert songs is the art that conceals art — her light, lyric mezzo sounds rich and sumptuous, and her pianist, Gerold Huber, accords sympathetically with her interpretative aims.
4 Britten: Piano Concerto, Diversions, Young Apollo (Hyperion) Steven Osborne’s compendium of all three of Britten’s concerted works for piano and orchestra, with the BBC Scottish SO under Ilan Volkov, is a brilliantly planned programme, thrillingly executed.
5 Lully: Psyché (CPO) The wellspring of the Lully revival has been Paris, but this dazzling account of the opera comes from the Boston Early Music Festival, conducted by Stephen Stubbs and Paul O’Dette, with Carolyn Sampson and Karina Gauvin.
6 Songs my mother taught me: Magdalena Kozena (DG) Kozena is in her element with a recital of Czech songs by Dvorak, Janacek, Martinu and the less familiar Rösler, Novak, Schulhoff and Eben. Superb music, fabulously sung.
7 JS Bach: Partitas 2-4 (Sony) Murray Perahia has come late to Bach on record, but he is one of the most convincing advocates of this great music on the modern piano. His sarabandes are balm to the ear and his gigues delight.
8 Vivaldi: Amor Profano (Archiv) Simone Kermes is a staggering vocal virtuoso in this thrilling selection of opera arias with Andrea Marcon’s Venice Baroque Orchestra. The tempestuous Agitata da due venti — a Bartoli speciality — takes the breath away.
9 Bizet: Carmen, L’Arlésienne (Naïve) To hear this popular, even hackneyed, music revealed afresh by Marc Minkowski’s Musiciens du Louvre has been one of the most exciting record events of the year, whetting the appetite for their complete Carmen.
10 Ravel, Debussy, Faure: String Quartets (Virgin) The three great French quartets in supremely idiomatic performances by the young Quatuor Ebène — one of the year’s most notable debuts.
11 Jonas Kaufmann: Romantic Arias (Decca) The dashing German tenor shows his versatility in popular Italian and French arias, and in his native repertoire: thrilling as Gounod’s and Berlioz’s Faust, and in the Prize Song from Meistersinger.
12 Shostakovich: Cello Concertos Nos 1 & 2 (Orfeo) The young Daniel Müller-Schott couples these two very different concertos in masterly performances with the Bavarian Radio SO under Yakov Kreizberg.
13 Stephen Hough: A Mozart Album (Hyperion) An ingenious piece of programming by the British pianist, juxtaposing echt Mozart with music “tributes” by Liszt, Cramer and Hough (after Poulenc) himself.
14 Verdi: Requiem (Hänssler) Starry soloists, three thrilling choirs and spectacular sound make this tremendous Verdi Requiem from Cologne’s WDR SO under Semyon Bychkov something special.
15 Britten: Owen Wingrave (Chandos) The late Richard Hickox was a Britten conductor second to none (including the composer). He even managed to ignite sparks in this late, damp-squibby television opera, with a fine cast.
16 Haydn: The Creation (Archiv) Haydn’s great oratorio has a long performing tradition in English, but recordings are rare. Paul McCreesh’s passionate advocacy, with high-carat soloists and his wonderful Gabrieli forces, is inspirational.
17 Wagner: Die Meistersinger von Nürnberg (ROH Heritage) Three live Meistersinger discs have come my way this year, but I choose Bernard Haitink over Goodall and Böhm for his humanity and the priceless memento of Gösta Winbergh’s golden Stolzing.
18 Susan Graham: Un Frisson français (Onyx) Graham’s “bouquet” of French song, spanning 100 years, from Gounod to Messiaen, is one of the most delicious surprises of the year — chocolate truffles for the ears.
19 Schoenberg, Sibelius: Violin Concertos (DG) Schoenberg’s Violin Concerto has a forbidding reputation, but with this sumptuously played account, Hilary Hahn and the Swedish Radio SO bring it into the mainstream. The Sibelius is glorious, too.
20 Elgar: The Dream of Gerontius (Hallé Live) Mark Elder and a fine team of soloists — Paul Groves, Alice Coote, Bryn Terfel — maintain the Hallé’s Elgar tradition in this splendid account.
Hugh Canning
Contemporary

1 Peter Maxwell Davies: Ave Maris Stella (Metier) One of Davies’s most profound and luminous works, inspired by Beethoven’s late quartets as well as plainsong. Fiercely difficult to play, it comes over here with ease and brilliance.
2 George Benjamin: Into the Little Hill (Nimbus) Benjamin’s first opera is a mere 37 minutes, with only two singers, who take all the roles in this allegorical adaptation of the Pied Piper story.
3 Schoenberg: Complete String Quartets (United Archives) Passionate, intelligent performances from 1950 to 1952 by the original Juilliard String members.
4 Frederic Rzewski: The People United Will Never Be Defeated! (Naxos) This magnificent piece, in a direct line from Bach’s Goldberg Variations and Beethoven’s Diabellis, is a socialist statement with the opulence of Goyescas.
5 Alexander Goehr: Little Symphony, String Quartet No 2, Piano Trio (Lyrita) The belated CD release of Lyrita recordings means one can enjoy again these performances of works by a composer at the peak of early maturity.
6 Kaija Saariaho: Notes on Light, Orion, Mirage (Ondine) Extremely refined yet bold orchestral texture, densely radiant continuums of sound, are Saariaho’s stock in trade, epitomised here.
7 Hans Werner Henze: Symphonies Nos 7 and 8 (Wergo) Perhaps the most enjoyable of Henze’s 10 symphonies, the Seventh marking his return to classicism after the agitprop of Symphony No 6.
8 Roger Redgate, James Clarke: Works for Piano (Deutschlandfunk) Both these composers fit into the relentlessly avant-garde tradition of which the pianist Nicolas Hodges is a seasoned exponent. Clarke uses stark repetition, but in an anti-minimalist way.
9 Peter Maxwell Davies: Naxos Quartets Nos 9 and 10 (Naxos) The last of 10 quartets commissioned by the label. The Ninth is dedicated to a former lord mayor of Manchester, Dame Kathleen Ollerenshaw, who wrote a treatise on the “magic squares” beloved of the composer.
10 Colin Matthews: Five Works (NMC) These 1980s pieces include the Divertimento for Double String Quartet, from the Divertimenti Ensemble, and String Quartet No 2.
Paul Driver
Classical reissues

1 Wagner: Der fliegende Holländer (Testament) Klemperer’s elemental live performance of the original 1843 Dresden score is even more intense than his studio recording, and has the bonus of James King’s Erik to match Theo Adam’s powerful Dutchman and Anja Silja’s thrilling Senta.
2 Purcell: Fantasias for the Viols (Alia Vox) These audacious pieces by the 20-year-old “English Orpheus” give delight in Hespèrion XX’s assured performances.
3 Gluck: Alceste (ROH Heritage) The 1981 Covent Garden production is blessed by two great Gluck interpreters, Janet Baker and Charles Mackerras, who, with Robert Tear’s fine Admète, know how to release the true Gluckian fire.
4 BRUCKNER: Symphony No 8 (LPO) From the same year comes this passionate account of the mighty Eighth. Tennstedt’s reading combines careful attention to formal architecture, dynamics and phrasing with pulsating life.
5 Alfred Brendel (Brilliant Classics) This 35-CD set unites the recordings Brendel made for Vox, Turnabout and Vanguard, which established his reputation, in the 1950s, as an interpreter not only of Beethoven, Mozart and Schubert, but of Liszt and Schoenberg.
6 The Comediant Harmonists (Documents) The masterly vocal group that reigned supreme in Germany until Goebbels banned it lives again in these four discs of parodies, instrument mimicry (every sound from muted trumpet to plucked strings) and popular songs.
7 Brahms: Symphony No 1, Double Concerto (Dynamic) Monumental and deeply expressive, Furtwängler’s live Brahms 1 with the Concertgebouw (1950) is one to treasure, as is this incisive account of the Double Concerto with Boskovsky, Brabec and the Vienna Philharmonic.
8 David Oistrakh (Brilliant Classics) The centenary of the birth of the violinist many rate as the finest of all is celebrated in a 20-CD set of live performances, including chamber music and concertos.
9 Lionel Tertis (Biddulph) The father of the viola in the complete pre-electric recordings he made for Vocalion between 1919 and 1924.
10 Verdi: La Forza del destino (Naxos Historical) Verdi’s oft-abused opera receives unusually full measure in EMI’s 1954 studio recording under Serafin. The cast, if less than ideal, boasts Callas’s incomparable Leonora.

junho 02, 2009

"...Foi com medo de avião..."

A animação abaixo, em flash, mostra o tráfego aéreo no mundo ao longo do dia.
Postei isto para convencer a mim mesmo de que voar é (estatisticamente) seguro.
Após esta grande catástrofe da aviação, a maior e a primeira (da qual me lembro) com aviões de carreira de grande porte sobre o nosso pacífico oceano atlântico.
Talvez estejamos testemunhando a primeira catástrofe aérea vinculada a mudanças climáticas.
É importante que meditemos.
Talvez, daqui a alguns anos, tenhamos muito mais mortos em acidentes relacionados à política ambientalmente irresponsável dos dirigentes das maiores economias globais do que os causados pelos terroristas islamitas radicais.
Neste vero momento estou preocupadíssimo em abortar a gestação de qualquer paranóia relacionada ao ato de voar de avião na minha própria cabeçinha.
Assistam a animação abaixo e tentem não virar neuróticos

junho 01, 2009

Sorria!

O almoço era o de sempre: aos sábados
O seu final, desta vez, guardava uma surpresa como acompanhamento das bolinhas de jenipapo.
- Você nem imagina o que eu achei esta semana remexendo umas coisas...
Com um sorriso nos lábios sua mãe estendeu a mão para passar-lhe uma foto
Nela, estavam ele e o pai; numa pose formal, provavelmente numa festa qualquer daquelas às quais era levado quando tinha 8 anos de idade por um pai orgulhoso que o apresentava a todos como "o meu boneco!"
Esquisito, mas era assim, à época, uma super demonstração de carinho.
Tomou a foto em mãos e começou a percorrê-la visualmente
Lembrou da camisa que usava e pôs-lhe as cores que faltavam na foto em P&B.
Da calça, lembrou apenas que o tecido pinicava e que (como não usava cuecas) relutou muito em vesti-la tendo-o feito apenas para não desagradar sua mãe. Deixou-a em preto e branco!
Nos pés, os sapatos eram bizarros tênis infantis pretos.
Após o vestuário, a foto foi então examinada pixel por pixel até que, ao retirar os olhos para descanso, pensou:
Pois é... aquele sou eu!
Aos oito anos.
Mas não pode ser!
Não deveria ser...
Este garoto tem um olhar tão triste...
Os olhos são encovados, o cabelo mal cortado, a postura torta, uma magreza apática...
Parecia um refugiado!
Um recém-liberto de Dachau.
Como um motorista que olha uma notificação de infração de trânsito ele não podia negar: era ele mesmo!
Sem voltar os olhos à foto, voltou a bobina do tempo para achar evidências de felicidade cotidiana na época.
Algo que o ajudasse a colocar aquele instantâneo na galeria dos contra-pés de expressão que fotógrafos apressados registram com desagradável frequência.
Deixemo-lo ver...
Terceiro ano primário, praia aos fins de semana, doces, a euforia pós copa de 70, parques de diversão, o bairro inteiro para percorrer de bicicleta, bolinhas de gude, pipas (arraias!), fura-pé, pião, frutas frescas do pomar de um morador do bairro, futebol de rua nos finais de tarde, pique-esconde (um, dois, três, salve todos) depois do jantar, a sineta e a correria para a kombi da Sorveteria Primavera às 9 da noite, os primeiros discos de Raul Seixas na vitrolinha nova...
Pô,
Nada de errado!
Mas aquela foto...
E se ele fosse realmente triste?
Quer dizer, triste por dentro?
Exceto pela garantia das lembranças (estranhas agora que contempladas desta forma), parecia-lhe que estava olhando para outra pessoa!
Uma pessoa que morreu gradativamente entregando-se para as fases seguintes sem sofrer, sem agonizar, sutilmente.
Sepultada sob a substância dos conhecimentos que agora tem (ou que acha que tem)
Pensou um pouco mais e relaxou.
Afinal, era apenas uma foto de um garoto (aparentemente) triste contra uma tonelada de lembranças felizes e estruturalmente bem arquivadas.
É isso...
Ele ERA feliz!
Não pode haver dúvida.
Subitamente, uma sensação estranha tomou conta dele e seu raciocínio foi desviado para considerar que fases deviam vir se sucedendo ao longo da sua vida e, da mesma forma que aquele garoto morreu de uma forma encantada dentro da adolescência que o sucedeu, ele (em plena meia-idade) haveria de morrer gradativa e inocuamente dentro de um sexagenário que certamente estranhará de alguma forma seus planos e ambições de agora ou até mesmo a falta de algum arsenal vital de consolos filosóficos.
Bom, a não ser por uma fatalidade (rsrsrsrs, literal!), ele era imortal dentro da sua meia-idade!
Isto era fantástico,
Awesome,
O tempo e o conhecimento eram, juntos como agora recém-descoberto, "a" ferramenta de transcendência!
Ele, agora dentro deste momento, era I-M-O-R-T-A-L
Acabava de forjar uma máxima idiofilosófica!
Mas...
Aquela foto...
(Olhou-a de novo)
Ora, era apenas uma foto.
Tirada por um mau-fotógrafo.
Decerto.
Apenas uma foto...
Só isto,
Concluiu com um mezzo-sorriso de highlander!
Afinal,
Who wants to live forever?
Related Posts with Thumbnails