junho 08, 2009

Once there was a way to get back homeward...

O dia mundial do meio-ambiente (êta termozinho infeliz!) passou no último dia 05 sem que eu achasse nada de minimamente original para dizer.
Num é que agora, meio atrasadinho, achei uma coisa muito legal?
Trata-se do Homeproject e do maravilhoso filme lançado por ocasião deste 05 de junho.
Veja o trailer abaixo para se animar e depois siga o link que está no corpo do texto para assistir o filme gratuitamente no seu computador.
Se depois disso vc passar a consumir moderadamente as medonhas sacolas plásticas que nos servem por minutos e permanecem no planeta por dezenas de anos, uma nova ideia terá passadoa habitar sua consciência.





Homeproject

Em algumas poucas décadas, a humanidade interferiu no equilíbrio estabelecido no planeta há aproximadamente quatro bilhões de anos de evolução. O preço a pagar é alto, mas é tarde demais para ser pessimista. A humanidade tem somente dez anos para reverter essa situação, observar atentamente à extensão da destruição das riquezas da Terra e considerar mudanças em seus padrões de consumo.

Ao longo de uma seqüência única através de 54 países, toda filmada dos céus, Yann Arthus-Bertrand divide conosco sua admiração e preocupação com esse filme e finca a pedra fundamental para mostrar que, juntos, precisamos reconstruí-lo.

UM EVENTO EXCEPCIONAL PARA MOMENTOS EXCEPCIONAIS

Mais do que um filme, HOME - NOSSO PLANETA, NOSSA CASA será um grande evento internacional: pela primeira vez, um filme será exibido no mesmo dia em quase 50 países.

5 de junho de 2009, o Dia Mundial do Meio Ambiente foi escolhido como a data mais simbólica para essa exibição simultânea, em grande parte de gratuitamente, em vários os formatos, como cinema, televisão, DVD e internet (on-line pelo www.youtube.com/homeproject). O objetivo do diretor Yann Arthus-Bertrand, dos distribuidores Luc Besson e François-Henri Pinault, do presidente e diretor executivo da PPR, principal patrocinadora do filme, é atingir a maior audiência possível e convencer a todos de nossas responsabilidades individuais e coletivas com relação ao planeta.

NOTAS DA PRODUÇÃO

por Denis Carot, Elzévir Films

"Se podemos melhorar as imagens do mundo, talvez possamos melhorar o mundo."
Wim Wenders

As palavras de Wim Wenders talvez nunca tenham sido tão relevantes para um filme como no caso de HOME - NOSSO PLANETA, NOSSA CASA. Dando continuidade ao documentário VERDADE INCONVENIENTE de Al Gore, HOME - NOSSO PLANETA, NOSSA CASA é, com certeza, um filme com uma mensagem cujo objetivo é aguçar a percepção das pessoas, chamar a nossa atenção para os movimentos tectônicos em andamento e nos incitar a agir. Embora haja uma apego geral das sociedades com relação a questões ecológicas, ações concretas ainda são pequenas e lentas demais, o que constitui, de diversas formas, o que o filme prega: é tarde demais para ser pessimista.

Mas HOME - NOSSO PLANETA, NOSSA CASA é mais do que um documentário com uma mensagem. É um filme grandioso por méritos próprios. Cada tomada é espetacular e mostra a Terra, a nossa Terra, como nós nunca a vimos antes. Cada imagem parece dizer: "Vejam como a Terra é bonita, vejam como nós a estamos destruindo, e, acima de tudo, vejam todas essas maravilhas, as quais ainda podemos preservar."

Quando comecei a trabalhar no projeto com Yann, estava convencido que a idéia de realizar um filme rodado inteiramente dos céus, sem entrevistas nem material de arquivo, era acertada, mas eu não conseguia entender por quê. Uma conversa me iluminou: "Do ponto de vista aéreo há menos necessidade de explicações." Absolutamente! A nossa visão é mais imediata, intuitiva e emocional. É isto que diferencia HOME - NOSSO PLANETA, NOSSA CASA de todos os outros filmes sobre questões ambientais – todos igualmente necessários para a humanidade neste período crucial. HOME - NOSSO PLANETA, NOSSA CASA causa impacto imediato sobre a sensibilidade de qualquer um que o assiste, chamando nossa atenção, inicialmente através da emoção, a fim de mudar a forma que vemos o mundo.

Provavelmente, é essa "pequena necessidade de explicações" que também permite que o filme atinja seu objetivo original: o de envolver as principais questões ecológicas que nos confrontam, mostrando como tudo no planeta está interligado ao longo de duas horas. E como o filme foi realizado sem roteiro, foi um grande desafio.

Além do conteúdo, a grande particularidade do filme está principalmente na sua forma de distribuição. Yann é um homem generoso, cujo maior desejo, desde o princípio, foi compartilhar o filme com o mundo; que ele fosse visto pelo maior número que pessoas possível, em todos os continentes e, para tanto, ele deveria ser exibido gratuitamente!

Quando ele nos explicou sua intenção na nossa primeira reunião com minha sócia Marie de Masmonteil, eu achei que seria totalmente impossível. Seu ponto de referência era a exibição de "A Terra Vista do Céu", que, oito anos depois de lançado, ainda é exibido gratuitamente através do mundo e já foi até agora assistido por mais de cem milhões de pessoas. Mas o custo da produção de um filme é muito maior do que uma exposição de fotografias. Além disso, o cinema só existe graças à renda que gera. Como seria possível, nesse contexto, exibir o filme gratuitamente, a não ser que apelássemos para muitos e generosos doadores, esforço que demanda tempo, e muito tempo? Mas o HOME - NOSSO PLANETA, NOSSA CASA é tão impaciente quanto teimoso e a luta para salvar o planeta é urgente - prioridade absoluta. Ele também é persuasivo e inspira confiança. Assim, eu me comprometi com esta aventura, sem muita certeza de onde chegaríamos, mas genuinamente convertido à causa e absolutamente convencido de que o filme deveria ser feito, muito embora tudo pudesse ser suspenso tão rápido quanto começou.

A adesão inacreditavelmente espontânea de Luc Besson tornou o projeto digno de crédito e viável. Era indispensável que uma produtora de cinema de porte internacional estivesse envolvida na operação desde o início. Foi o comprometimento de François-Henri Pinault e todo o grupo PPR que nos permitiu realizar o inimaginável, ver o filme ser exibido gratuitamente ao redor do mundo. E foi a determinação e o esforço de Yann Arthus-Bertrand que reuniu toda essa energia e talento para ultrapassar este desafio inacreditável em função do bem comum, isto é, para o bem de nosso planeta e todos seus habitantes.

Provavelmente isto é apenas uma gota no oceano se comparado aos desafios que esperam as futuras gerações, mas eu estou sinceramente convencido de que é nosso dever dar a nossa contribuição, independentemente se grande ou pequena. "Dêem-me um ponto de apoio e moverei a Terra!", disse Arquimedes. Meu único desejo hoje é que HOME - NOSSO PLANETA, NOSSA CASA dê a milhões de pessoas, de todos os continentes, um ponto de apoio.

HOME - NOSSO PLANETA, NOSSA
Home - França 2009
98 minutos
Classificação -
DOCUMENTÁRIO

Foi filmado em 54 países e em 120 locações
Rendeu 500 horas de filmagens registradas em 733 fitas
Foram 217 dias de filmagens em 18 meses
Será visto no dia 5 de junho em 87 países
Com dublagens em 14 línguas


Narração
Glenn Close

EQUIPE TÉCNICA

Diretor
Yann ARTHUS-BERTRAND
Produtores
Denis CAROT

Luc BESSON
Trilha original
Armand AMAR
Roteiro
Isabelle DELANNOY

Yann ARTHUS-BERTRAND

Denis CAROT

Yen Le VAN
Locução escrita por
Isabelle DELANNOY

Tewfik FARES

Yann ARTHUS-BERTRAND
Montagem
Yen LE VAN
Primeiro Assistente de Direção
Dorothée MARTIN
Operador de Câmera Cineflex
Tanguy THUAUD
Gerente de Produção
Jean De TREGOMAIN
Coordenadora
Camille COURAU

ENTREVISTA COM YANN ARTHUS-BERTRAND
Co-roteirista e Diretor

Quando você sentiu que deveria realizar este filme?

Quando convidei Al Gore para apresentar seu filme - Uma Verdade Inconveniente - ao Parlamento Francês, percebi o grande impacto que o filme teria, muito mais do que um programa de televisão. Eu vi como o público ficou comovido, em alguns casos chegaram às lágrimas, e eu disse para mim mesmo, que o cinema seria um excelente meio de chegar às pessoas. Também me pareceu ser uma progressão natural da fotografia e dos programas de TV. Ocorreu-me que ao tirar fotografias da Terra, o meu tema era a humanidade, que é a mesma lógica por trás dos filmes.

Este é o seu primeiro filme de longa-metragem e um projeto bastante ambicioso. Da produção, filmagem até a montagem, o senhor encontrou muitas dificuldades?

Fui apresentado a Denis Carot, produtor de Live And Become, por Armand Amar, compositor e amigo. Ele concordou participar do projeto imediatamente, assim como Luc Besson. Foi quando a coisa ficou difícil! Quando lhe dão tanto dinheiro para fazer um filme único, filmado inteiramente em HD e de um helicóptero, é uma responsabilidade e um estresse constante. Eu trabalhei por instinto e, como sempre, aprendendo na medida em que trabalhava. Logo percebemos que a equipe dentro do helicóptero teria que ser reduzida ao piloto, o cameraman e o "engenheiro de imagem". Assim, tivemos que dominar questões técnicas começando pela câmera que estávamos usando e as condições de filmagem, que eram diferentes em cada país que sobrevoávamos. Também, eu fiz o filme sem roteiro, baseado em uma sinopse de apenas uma página. Eu sabia a história que queria contar, mas a narração só surgiu enquanto filmávamos - principalmente o tema central de energia – primeiro a energia da força do músculo humano, depois a revolução desencadeada do que chamamos de "bolsas de luz solar", óleo. O resultado final é realmente o filme de um fotógrafo que não está acostumado a restrições.

Qual é a mensagem central do filme?

O filme tem uma mensagem muito clara. Sofremos um grande impacto sobre Terra, mais do que poderíamos suportar. Nós consumimos em excesso e estamos extinguindo os recursos da Terra. Do ar, é fácil ver as feridas da Terra. Assim, HOME - NOSSO PLANETA, NOSSA CASA simplesmente revela nossa atual situação, enquanto afirma que a solução existe. O subtítulo do filme poderia ser "É Tarde Demais Para Ser Pessimista". Nós chegamos a uma encruzilhada. Decisões importantes devem ser tomadas para mudar o mundo. Todos sabem algo sobre o tema do filme, mas ninguém quer acreditar nele. Assim HOME - NOSSO PLANETA, NOSSA CASA agrega importância ao argumento de organizações ambientais, de que precisamos refletir sobre um caminho com maior bom senso e mudar nosso modo de consumo.

Isto também envolve o fato do filme ser distribuído de uma forma sem qualquer precedente...

Tive a idéia de distribuir o filme em todos os formatos gratuitamente sempre que possível, depois de conversar com Patrick de Carolis, que queria comprar o filme para a France Télévisions. Ele me disse que só poderia exibi-lo dois anos após a exibição nos cinemas. Procurei Luc Besson e disse que devíamos distribui HOME - NOSSO PLANETA, NOSSA CASA gratuitamente. Ele disse que era impossível antes de ser render à idéia de ver um filme acessível de forma gratuita por todo o mundo e no mesmo dia. Aquilo nunca havia sido feito antes e foi possível graças a François-Henri Pinault, presidente e diretor executivo da PPR, que deu apoio imediato ao nosso filme. O que eu realmente quero é que as pessoas cujo consumo tem um impacto direto sobre a Terra, percebam a necessidade de mudar seu modo de vida depois de assistirem o filme.

Como você elaborou a narração e a música?

O texto da narração era crucial, é claro. Eu fui muito inspirado pelo trabalho de Lester Brown, o famoso ambientalista americano e pelo seu livro O Estado do Mundo (State of the World). Eu também trabalhei com Isabelle Delannoy, minha colaboradora de longa data. Com relação à música, é óbvio, pedi a Armand Amar, o melhor amigo do mundo e o melhor músico francês. Ele também é especializado em músicas do mundo e vozes e eu queria esse tipo de mistura cultural para a trilha sonora.

Como você desenvolveu o ritmo do filme?

Eu gosto da indolência da admiração, por isso eu queria que ela assumisse seu tempo. Restrições técnicas ligadas ao peso do helicóptero e à câmera que estávamos usando, levou-nos a filmar muitas cenas em câmera lenta. É isso o que eu gosto no filme: ele é contemplativo. É também um filme que nos faz ouvir e parar para pensar. As pessoas não gostam de ouvir algumas coisas que o filme tem a dizer, mas eu não estava disposto a fazer concessões.

Por que o título HOME?

Foi idéia de Luc Besson e era a escolha óbvia. É muito simbólico, pois a ecologia é o estudo de nosso relacionamento com o nosso meio ambiente.

HOME - NOSSO PLANETA, NOSSA CASA tem crédito de carbono. O que isso envolve?

Todas as emissões de CO2 produzidas pela produção do filme são calculadas e compensadas por quantias em dinheiro, usadas para fornecer energia limpa àqueles que não a têm. Nos últimos dez anos, todo o meu trabalho tem sido à base de Redução Certificada de Emissões.

O que você espera que o público absorva?

Além de uma mudança na forma de vida, eu gostaria que as pessoas quisessem ajudar. Há uma citação magnífica de Théodore Monod: "Nós tentamos tudo, exceto amar". Espero que esse filme seja sinônimo de muito amor.

ENTREVISTA COM LUC BESSON
Distribuidor Internacional

Por quais razões você se comprometeu com o projeto de Yann Arthus-Bertrand?

Quando eu conheci Yann, já pensava no que poderia fazer pelo meio ambiente através do cinema, como eu poderia usar trinta anos de experiência para ajudar à causa. Eu estava pronto e Yann foi a primeira pessoa a me dar a oportunidade de mostrar que eu me importava. Por isso aderi ao projeto imediatamente.

Quando começou a se preocupar com as questões ambientais?

Ainda criança, antes de me tornar um homem urbano. Na Grécia e na Iugoslávia, eu tinha acesso livre à natureza, a ponto de considerar isto nestes termos. Eu vivia conforme o ritmo da natureza e tive um relacionamento com plantas e animais que eu chamaria de normal. Depois, desenvolvi uma paixão toda exclusiva por cinema, até que, depois de ler muitos artigos sobre o assunto, tomei consciência do tsunami ambiental que nos estava ameaçando. A princípio, como qualquer outra pessoa, eu confiei no pessoal do governo, "que sabe tudo". Parecia-me óbvio que eles fariam alguma coisa. O problema é: não fizeram o suficiente. Seus esforços estão totalmente fora de sincronia com a dinâmica do desastre eminente. Enquanto eles dão um passo à frente, o planeta dá dez para trás. A verdadeira consciência surge quando você percebe que todos nós precisamos contribuir sempre e como pudermos. Mesmo se trocando lâmpadas, reciclando lixo ou sendo mais atento quando sob o ponto de vista ambiental com relação ao que você compra, já é um grande passo. Pois se um bilhão de pessoas fizer o mesmo esforço, ainda será milhares de vezes mais importante do que qualquer ação governamental.

Como distribuidor, não ficou receoso diante da intenção de Yann Arthus-Bertrand exibir o filme em todos os formatos e no mesmo dia, 5 de junho, o que significa ser exibido gratuitamente em certos formatos?

Meu envolvimento aqui é de um cidadão preocupado, não de um homem de negócios. O fato de o filme estar on-line e exibido por redes de televisão abertas não me preocupou por um instante, pois a nossa intenção não é o lucro. Eu achei a idéia de Yann de disponibilizar este filme maravilhoso à maior audiência possível no dia 5 de junho, Dia do Meio Ambiente, profundamente simbólico. As pessoas freqüentemente se perguntam o que irão fazer em dias como este. Em 5 de junho, eles poderão assistir HOME - NOSSO PLANETA, NOSSA CASA. E se nós pudermos dizer que 100, 200 ou 500 milhões de pessoas assistiram o filme em 24 horas, será um sinal muito forte para aqueles no poder. Demonstrando o comprometimento das pessoas, nós os forçaremos a agir.

Este é um filme muito ambicioso, pois também marca a estréia de Yann Arthus-Bertrand na direção. Até onde foi sua colaboração?

Eu lhe dei total liberdade quando ele estava filmando. Eu simplesmente levei a minha experiência à área de montagem, mantendo certa simplicidade. Ao assistir pouco da filmagem, pude dar uma opinião como qualquer pessoa que surgisse no momento.

E o que você achou particularmente forte no filme?

Existem muitas imagens, mas eu fiquei particularmente impressionado com os contrastes de Las Vegas, que foi construída no deserto e consume milhares de litros de água em piscinas e campos de golfe; e também com as mulheres indianas vestidas em seus saris, escavando em sólido árido em busca de água. É quando você percebe a loucura que o mundo se tornou.

Como você responde ao argumento de que o filme só conseguiu ser produzido a um custo (ambiental) aéreo muito alto?

Hoje, você pode comprar um carro elétrico para levar seus filhos à escola, mas não poderíamos ter feito este filme sem um helicóptero. A comparação válida é o fato de que, durante todo o filme, Yann produziu menos poluição do que um único avião de passageiros vazio em trânsito entre Paris e Los Angeles. Vamos nos preocupar com o problema de milhares de aviões que voam vazios, em vez de criticarmos um filme que foi filmado de um helicóptero, pois não poderia ser de outra forma.

O que você espera que o público assimile?

Primeiro, espero que a maior quantidade possível de pessoas assista HOME - NOSSO PLANETA, NOSSA CASA para que se estabeleça um marco. Depois, espero que cada pessoa que assista ao filme perceba que pode fazer parte dele. O conjunto de esforços, pequeno ou grande, de milhares de pessoas fará toda a diferença.

UMA ENTREVISTA COM FRANÇOIS-HENRI PINAULT
Presidente e Diretor Executivo da PPR, patrocinador oficial HOME - NOSSO PLANETA, NOSSA CASA

Por que o senhor deu seu apoio a este projeto em particular?

O nosso planeta está em péssima forma e todos nós temos a obrigação de agir. Como um grande empreendimento e líder empresarial internacional, a nossa empresa deve dar o exemplo, e é por isso que há mais de dez anos a PPR está comprometida com questões éticas e ambientais. Quando conheci Luc Besson e Yann Arthus-Bertrand, não demorei muito para aderir ao ambicioso projeto deles - um projeto global como nós, que somos uma empresa global – e envolver a PPR. É hora de parar de reclamar e começar a agir e Yann é um homem muito dinâmico. Ele é um eco-empreendedor tanto quanto artista. O objetivo de HOME - NOSSO PLANETA, NOSSA CASA é demonstrado não só pelas imagens magníficas de Yann como também pela distribuição do filme, a maior na história dos filmes e do meio ambiente. Graças a EuropaCorp, produtora de Luc Besson, o filme de Yann terá distribuição gratuita internacional em quase todos os formatos. Foram esses dois objetivos que me convenceram a me juntar a eles.

De que forma é o seu apoio?

Primeiro, é um apoio financeiro. Dez milhões de euros ao longo de três anos, para garantir que todos possam ver o filme gratuitamente. Mas acima de tudo, é o apoio de cada filial e marca da empresa e o compromisso de nossos 88.000 colaboradores com o objetivo do filme que é fazer com que o maior número de pessoas possível tome ciência das condições de nosso planeta. Se acrescentarmos as famílias e amigos de 88.000 pessoas, teremos 300.000 pessoas que a PPR atingirá diretamente.

Basicamente, qual é a sua abordagem sobre o desenvolvimento sustentável na direção de sua empresa?

O compromisso da PPR com a prática de negócios responsáveis tanto social quanto ambientalmente começou em 1996, quando inauguramos nosso primeiro charter ético. Em 2005, um código empresarial que define os princípios éticos da PPR foi emitido a todo o nosso pessoal. Todas as filiais também desenvolveram operações de caridade correspondentes aos seus setores, através da organização SolidarCité em particular: CFAO na luta contra a AIDS, the FNAC visando à alfabetização, Conforama com o Secours Populaire, Gucci com a UNICEF e assim por diante. Em 2007, fomos além, criando uma divisão de Responsabilidade Ambiental com a empresa, que se reporta diretamente a mim. Isso é único para uma grande empresa pública na França e nos permitiu desenvolver programas ambiciosos na esfera social e ambiental. Entre as suas sete atuais metas, há o respeito pelo meio ambiente em relação ao transporte de massa, que usamos muito, e a redução de nossas lojas com compromisso ambiental. E neste ano, nós criamos uma fundação cujo foco é o respeito e dignidade dos direitos das mulheres.

O que você diz àqueles que vêem um paradoxo sobre o impacto ambiental implícito causado por uma empresa deste tamanho?

Existem sempre boas razões para não fazer nada. Nós temos um papel duplo para interpretar como empresa: melhorar a nosso desempenho ecológico e encorajar a consciência em outras. Nós seremos criticados ou elogiados pelo nosso apoio ao filme, mas esse é uma questão menor. O que importa é que o filme foi feito e seja visto pelo maior número de pessoas possível. Luc, Yann e eu queremos atingir pelo menos 100 milhões de pessoas por todo o mundo, e esperamos ainda mais. É realmente muito simples: se empresas como a nossa não agirem, não vejo como podemos esperar resolver essa questão. É uma responsabilidade vital para as empresas e indivíduos igualmente. Qualquer crítica será secundária, cuidarei disso, e neste ano, o grupo decidiu criar uma fundação cujo objetivo é promover o respeito aos direitos e a dignidade das mulheres.

Quais as suas expectativas quanto à reação do público ao filme?

Maior conscientização, devido à força da convicção de Yann e a emoção provocada por suas imagens. Uma vez que não há nada como seu livro The Earth From The Air, a conscientização pública será significantemente encorajadora em relação ao estado do planeta e a necessidade de ação em nível individual e coletivo. Basicamente, a idéia é fazer as pessoas pensarem e agirem.

NOTAS DE PRODUÇÃO SOBRE OS
217 DIAS DE FILMAGEM... E LOGÍSTICA

Yann Arthus-Bertrand e sua equipe levaram quase três anos para fazer um filme que é o conjunto de mais de trinta anos de trabalho duro e total comprometimento com o planeta.

A GRANDE IDÉIA

Quando teve a idéia de fazer este filme em 2006, Yann Arthus-Bertrand contatou o produtor Denis Carot (Elzévir Films), que acreditou imediatamente no projeto, a despeito da aparente doidice da idéia do diretor de que o filme deveria ser gratuito. Era crucial, entretanto, livrar-se do modelo clássico de comercialização e encontrar um patrocinador capaz de financiar o filme. Igualmente, era preciso um distribuidor internacional capaz de distribuir o filme mundialmente. "Quando as pessoas da área souberam do projeto," lembra Denis Carot, "todos os distribuidores nos ligaram, incluindo representantes de distribuidoras dos Estados Unidos, o que é muito raro para uma produtora independente como a nossa. Mas eles não conseguiam aceitar a idéia de distribuir o filme gratuitamente. Finalmente Luc Besson e a EuropaCorp realmente acreditaram no projeto e apontaram a PPR como patrocinadores em potencial. Assim, o cronograma de filmagem poderia ser elaborado, incluindo 54 países, 217 dias de filmagem e 488 horas de imagens!"

Aproveitando as diversas viagens que fez para seus livros (principalmente The Earth From The Air, bestseller internacional com três milhões de exemplares) e programas de TV (Seen From The Air), Yann Arthus-Bertrand chamou seus colaboradores técnicos e artísticos, incluindo Isabelle Delannoy, com quem escreveu a narração, e Dorothée Martin, jornalista em Seen >From The Air, que se tornou sua assistente de direção. O gerente de produção Jean de Trégomain e o gerente de locação Claude Canaple foram contratados para elaborar o incrível cronograma, que precisou três equipes de produção trabalhando simultaneamente durante 21 meses nos quatro cantos da Terra.

Como Dorothée Martin diz, "pode parecer simples voar ao redor do mundo em um helicóptero, mas na verdade cada etapa, cada tomada, envolvia muito trabalho."

A EQUIPE DE PRODUÇÃO

Com considerável experiência em fotografia aérea, o filme Migração Alada (Winged Migration) em particular, Jean de Trégomain imaginou a missão "como um filme retratando sua própria caça ao tesouro para encontrar o contato certo em cada local, o helicóptero certo e o piloto certo."

Além das viagens em busca de locações, grande parte da organização em Paris se dedicou a fornecer cronogramas e itinerários às equipes de campo. No helicóptero, a equipe ficou limitada ao diretor, um de seus assistentes, o cameraman da Cineflex e um "engenheiro de imagem". Filmar seqüência do ar gera numerosos limites técnicos, começando com o uso de um tipo de câmera muito específica, a Cineflex V14 TM - AXYS, e uma câmera em HD giro-estabilizada, cuja tecnologia oferece vibrações e estabilidade para dar um efeito similar ao movimento de uma grua. Inicialmente desenvolvida para fins militares, a câmera é capaz de captar grandes distâncias e as fitas podem ser trocadas a bordo do helicóptero. Mesmo assim, foi preciso instalar 120 quilos de equipamento naquele espaço fechado.

Um dos cameramen contratados para trabalhar em HOME - NOSSO PLANETA, NOSSA CASA, Tanguy Thuaud, ostentava doze anos de experiência em filmagens aéreas e diversos vôos com Yann Arthus-Bertrand para Seen From The Air. Ele enfatiza a necessidade de flexibilidade enquanto filmava: "Não podíamos escolher o nosso helicóptero ou piloto e em fotografia aérea, 60% do resultado dependia da potência do helicóptero e da habilidade do piloto para controlá-lo." Sem mencionar o equipamento, clima e problemas de comunicação. "Nas primeiras seqüências Yann fotografava durante a filmagem e tinha que nos mostrar o resultado na sua câmera antes de entendermos o que ele queria."

Em cada etapa, o cameraman trabalhou em conjunto com um "engenheiro de imagem". Um deles, Stéphane Azouze destaca os fabulosos resultados obtidos pela câmera giro-estabilizada, pela qual era responsável, incluindo transporte, checagem e instalação no helicóptero antes de auxiliar o cameraman. A filmagem na feita em estado natural, para dar a latitude máxima quando o filme recebesse graduação de cor. Stéphane Azouze diz, "Isto significa que a fotografia é quase cinza, pálida e não muito atraente, o que pode ser frustrante, mas rapidamente você treina o seu olho para vê-la como um estágio de transição."

O maior problema em filmar de dentro de um helicóptero é o tempo limitado de vôo. Dorothée Martin explica, "Há limitação de combustível, o motor o queima rapidamente, o minuto é muito caro e as possibilidades são reduzidas. Em média, um helicóptero pode ficar no ar por duas horas, duas horas e meia no máximo, e normalmente filmamos em locais distantes das áreas de reabastecimento. Assim, tínhamos cerca de trinta minutos para fazermos as tomadas que queríamos. Obviamente, nós tínhamos que ser o mais objetivos e eficientes possível."

BUROCRACIA!

As questões técnicas não eram nada se comparadas aos problemas administrativos que as equipes enfrentaram. Jean de Trégomain explica que em cada país, "tínhamos que compreender a cultura local e sua forma de trabalhar e nos adaptarmos a elas." Autorizações de diversos níveis eram freqüentemente exigidas, dependendo dos padrões de "segurança" de cada país. "Para atender às solicitações de um país particularmente exigente, tivemos que enviar uma solicitação inicial ao Ministério da Defesa, ao Ministério de Relações Exteriores, à Embaixada, Exército e Força Aérea, tudo ao mesmo tempo," lembra Dorothée Martin. "Uma vez resolvido isto de Paris, viajamos para escolher as locações. Tínhamos que fornecer referências de GPS exatas das áreas que desejávamos filmar. Depois, tínhamos que esperar a resposta..." Um ano de preparação para dois minutos e meio no filme. E vigilância constante. "Quando íamos filmar, ia sempre um oficial da segurança a bordo conosco para checar o plano de vôo, as referências de GPS e o que estávamos filmando. Certa tarde, ele assistiu a filmagem conosco. Resultado: não tive permissão de sair com as fitas. Precisei deixá-las com o censor. De quinze fitas, duas e meia voltaram totalmente apagadas." Essas precauções se deviam a especificidades das filmagens aéreas. Alguns países proíbem o uso dessas câmeras giro-estabilizadas com lentes zoom poderosas.

ESCREVENDO O ROTEIRO... NA METADE DO CAMINHO

Outro aspecto original do projeto e praticamente fundamental é que a filmagem começou sem roteiro. Depois de um ano de filmagem, Yann Arthus-Bertrand pediu a Isabelle Delannoy, jornalista e um de seus leais colaboradores, para escrever a história com ele. "No final, eu acho que foi muito bom, pois cada imagem conta sua própria história em seu próprio ritmo," diz ela. A partir do material filmado, eles puderam definir a linha narrativa. Isabelle Delannoy comenta: "Eu me lembro o impacto que senti ao ver uma cena que captava a aliança entre a água, o céu e a Terra. Yann eu percebemos então que é a inabalável ligação entre os elementos, entre os humanos e a Terra, que tanto nos fascinava. Aquilo nos levou de volta às origens da Terra, pois o ferro em nossos corpos provêem das estrelas que explodiram sobre a Terra há bilhões de anos!"

Outro pré-requisito era "não cair na armadilha do pessimismo, que não é nada estimulante. A mensagem do filme pode ser resumida por um paradoxo: nós nunca fomos tão dependentes dos recursos naturais, ainda assim nunca nos desligamos da natureza totalmente. Nós erramos dramaticamente na nossa escolha de modelo e precisamos mudar e agora. Nós só podemos mudar se todos se derem conta e compreenderem que é vital. As imagens aéreas demonstram esse fato, enquanto oferecem a perspectiva necessária para se pensar sobre as questões."

A postura educacional de Isabelle Delannoy chegou à narração, que escreveu com Tewfik Fares e que conclui: "Cabe a nós continuarmos a nossa história. Juntos."

A MÚSICA, UM PERSONAGEM POR SI SÓ

Temos as imagens. Temos o texto. E depois temos a música, que acompanha, voa, revela emoções, nunca é supérflua e nunca sentimentaliza o simples, da pungente história narrada pelo filme de Yann Arthus-Bertrand.

Sua experiência, sincretismo e o sofisticação intelectual enriquece o projeto com dimensão poética única. Armand Amar fez diversas viagens para gravar com a Orquestra Sinfônica de Budapeste e a Shanghai Percussion Ensemble. Ele compôs a trilha sonora com cânticos e instrumentos de diversos continentes (Mongólia, Armênia, Irã, etc).

"Compor uma música para um filme, você está a mercê de numerosas imperativas," explica o compositor. "Tudo tem base na cena, nas intenções... A idéia é compreender o que o diretor sente, mas também desenvolver uma visão pessoal do filme, sem porém superenfatizar a mensagem. A trilha sonora conta uma parte da história, a imagem conta outra e o diálogo fala, ainda, uma outra linguagem, mas isto tudo deve se combinar em sinfonia, em harmonia. Compor a música para um filme feito de imagens, sem um roteiro, foi uma verdadeiro desafio para mim. A música também dá movimento às imagens e a emoção que sua visão provoca é destacada pela trilha sonora. O ritmo do filme é contemplativo, mas eu não me deixei levar por estes limites. Era importante deixar as imagens respirarem. Eram imagens muito silenciosas. Voamos sobre paisagens, por isso precisamos de silêncio. Mantive apenas o piano e as cordas das partes orquestradas. Não queria um efeito super-sinfônico. Como na música tradicional, eu favoreci a composição horizontal em vez da vertical.

A MONTAGEM

Dada a dimensão do projeto e pelo fato de Yann Arthus-Bertrand não poder estar em todas as locações, a filmagem era idealizada no mesmo dia que era filmada. A compilação de cada seqüência era, então, enviada para Yann Arthus-Bertrand, que podia ajustar suas necessidades de outra locação.

Esta pré-seleção tornou, também, o trabalho da montagem muito mais fácil. Contudo, ela tinha 488 horas de filmagem para assistir! Ao entrar no projeto em setembro de 2007, Yen Le Van começou a trabalhar cinco meses depois do início das filmagens. Ela assistiu tudo o que já havia sido filmado para ter uma visão inicial e "escolheu trabalhar mais os contrastes do que os efeitos."

RESULTADO FINAL

"É provavelmente a primeira vez que um filme é filmado 100% do ar, marca registrada de Yann Arthus-Bertrand. Esse filme é o conjunto de tudo que ele viu durante os vinte anos e nosso objetivo é que ele seja visto pelo maior número de pessoas possíveis." (Dorothée Martin)

"O filme mostra a capacidade dos seres humanos e sua habilidade de se adaptar ao meio ambiente... ou de adaptá-lo. E a grande pergunta é, "Como nós escolhemos explorar a nossa capacidade?" (Isabelle Delannoy).

DADOS SOBRE O PLANETA

20% da população mundial consome 80% dos recursos do planeta
GEO4, UNEP (Organização das Nações Unidas para o Meio Ambiente) 2007

O mundo gasta doze vezes mais em armas do que em ajuda de desenvolvimento de países
SIPRI Yearbook, 2008 (Instituto Internacional de Pesquisa em Paz de Estocolmo)
OECD, 2008 (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico)

5.000 pessoas morrem todos dias por beber água poluída. Um bilhão de seres humanos não têm acesso à água de beber salutar
UNDP, 2006 (Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas)

1 bilhão de pessoas passam fome
FAO, 2008 (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação)

Mais de 50% do grão comercializado ao redor do mundo é usado para ração animal ou biocombustíveis.
Worldwatch Institute, 2007
FAO, 2008

40% da terra cultivável é degradada
UNEP (Organização das Nações Unidas para o Meio Ambiente), ISRIC World Soil Information

A cada ano, 13 milhões de hectares de florestas desaparecem
FAO, 2005

1 mamífero em 4, 1 pássaro em 8, 1 anfíbio em 3 estão ameaçados de extinção. As espécies estão desaparecendo mil vezes mais rápido do que o ritmo natural de extinção
IUCN, 2008 (União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais)
XVI Congresso Internacional de Botânica, Saint-Louis, USA, 1999

75% dos produtos da indústria pesqueira estão extintos, esgotados ou em risco de extinção.
Fonte ONU

A temperatura média dos últimos 15 anos tem sido a mais alta desde o início de seu registro
NASA GISS data
http://data.giss.nasa.gov/gistemp/graphs/Fig.A.txt
http://data.giss.nasa.gov/gistemp/graphs/Fig.A2.txt

A calota polar perdeu 40% de sua espessura em 40 anos
NSIDC, National Snow and Ice Data Center (Centro Nacional de Dados sobre Neve e Gelo), 2004

Poderá haver 200 milhões de refugiados do clima em 2050
The Stern Review: the Economics of Climate Change
Part II, Cap. 3, pág. 77

Nenhum comentário:

Related Posts with Thumbnails