Oh god, eu que não morro de amores pelas segundas-feiras e muito menos pelo trabalho com o qual fomos amaldiçoados (“...Ganharás o pão com o suor do teu rosto...”) assumi a disposição que se deve assumir perante o inevitável e arregacei as mangas para tentar por em marcha algum tratamento possível naquele ambiente. Cercado por gente pouco qualificada, procedi iluminadamente e consegui reverter o caos naquele que não era o dia da partida da desavisada paciente. O quadro da paciente se estabilizou e, ungido por um sorriso de náufraga resgatada, encaminhei-a para a UTI para um restabelecimento tardio supervisionado e em melhor “ambiente”. Parecia uma cena final de filme épico: a maca se distanciava em direção à UTI, a paciente acenava emocionadamente, algumas auxiliares choravam, o ultrassonografista (como Pilatos) no lavabo, lavava as mãos e, a meu lado, o maqueiro Xexéu, conhecido por seu alcoolismo histriônico, arrematava com espirituosidade o fim do episódio:
- O senhor vê, Doutor, se a gente bebe mais do que agüenta, qualquer coisa pode matar, até água!
Concordei e assenti com um sorriso de canto de boca; fui correspondido, ato contínuo, por Xexéu que parecia se sentir absolvido para, naquela mesma segunda-feira, dia da semana em que costuma celebrar uma abstinência simbólica e possível somente àqueles que não se consideram “viciados”, enfiar o pé na jaca e beber simbolicamente ao seu “Savoir Vivre”
C’est la vie, monsieur!
Este final de semana escutarei com atenção o disco abaixo. Clique na figura baixe o arquivo e ouça também o som daquele que se diz uma das verdadeiras influência de Tom Jobim quando da criação da Bossa Nova
Um comentário:
Disco maravilhoso, Morpheus e Caeteno sabem das coisa.
toni
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