Há muito, muito tempo atrás, na alvorada dos tempos, durante uma refrega com alto potencial de acabar resultando na morte de um dos envolvidos, foi esboçado aquele que deve ter sido o primeiro sorriso da história dos hominídeos.
Este gesto/mímica facial praticado involuntariamente num momento de estresse (em vez de uma diurese ou defecação involuntária) provocou um curto-circuito no agressor (que talvez nem estivesse com tanta raiva assim) e o mais fraco escapou; escapou e teve filhos; filhos que incorporaram o sorriso ao repertório, possibilitado pelo complexo arranjo de músculos faciais, das ferramentas de interação social. Pois é, quem sabe, o felizardo e sorridente fugitivo da primeira agressão abortada pelo sorriso pode ter sido o feliz pai de uma prole talvez até mais numerosa que a do brigão que ia acabar com ele.
Morpheus (e Darwin!) acredita que após este breve incidente com final feliz, estava lançada a pedra inaugural de uma longa estrada que ainda incorporaria as expressões de medo, raiva, o choro etc à mímica facial humana.
Mas como costumo dizer, invente algo de bom e alguém logo aparecerá para fazer mal uso da sua idéia. Com o sorriso não foi diferente, logo a seguir vieram os falsos emissores de sorrisos, os fingidores; com eles apareceu a desconfiança perante o sorriso e também todo um aparato neural capaz de empreender uma análise mais acurada do engraçadinho sorridente e salvar a vítima de uma empatia precoce e indevida. Estava inventada a desconfiança que sofreu um upgrade tardio vindo a se transformar no que chamamos de preconceito - o preconceito míope como é, costuma ver apenas grandes formas, daí a sua fixação preferencial sobre o maior órgão do corpo humano: a pele! Bem, mas isso aí já é assunto para outro post; vamos ao que interessa agora.
Nada disso porém, impediu que o sorriso fosse desvirtuado na sua nobreza e viesse a fazer parte da caixa de ferramentas dos cínicos em geral, principalmente da dos políticos.
Pode ser que nós, criaturas inteligentes, saibamos que devemos olhar com desconfiança para sorrisos gratuitos mas freqüentemente somos enganados por sorridentes aparentemente inofensivos como bebês, crianças, namoradas e pessoas grisalhas, deficientes físicos ou mutilados e é aí que mora o perigo: senadores e deputados grisalhos choromingam em meio a desculpas esfarrapadas para a mais nova maracutaia descoberta ou mesmo sorriem com uma proficiência perplexizante; alegam inocência, citam as próprias biografias (!) enfim, armam um palco ao qual só a mais cética das criaturas (talvez amarrada ao mastro, como Odisseu) seria capaz de resistir. Não é à toa que quando fazem campanhas, se utilizam de crianças sorrindo, abraçam velhinhos com ar terno e simpático, jurando temor a Deus e outras estratégias tão velhas e eficazes como a minhoca no anzol; será que o peixe como símbolo do cristianismo significa um prenúncio da desgraça da América católica?
Olho para o nosso desgovernado país e fico imaginando qual a ligação entre o primeiro antropóide sorridente e a nossa situação atual; ou mesmo entre esta e a iniciativa do barbudo cubano que ao tentar ser original, irritou o monstro ianque a ponto de provocar uma paranóia mantenedora de ditadores.
Quarenta e cinco anos depois, a América latina pende demagogicamente para um viés socialista onde invasões de terra são simultâneas ao uso de banda larga sem fio.
Que país é este R. Russo?
Se você não sabe, pelo menos me diga qual foi o primeiro operário que se mutilou visando sair da labuta para entrar política!
P.s.: O sorriso tem sido tão mal utilizado que a sua virtual ausência numa pessoa é freqüentemente considerado como sinal de presença de uma qualidade desejável mas muito mal compreendida: a seriedade!
A mesma seriedade cuja a impressão tentam transmitir as pessoas que usam terno e gravata neste país:
Candidatos ao primeiro emprego
Palestrantes Charlatães
Locutores ignorantes
Políticos
Advogados
Manobristas de restaurantes de luxo
Seguranças de boutique
Etc.
Livro para sua estante:
Cartas Filosóficas
"Ao partir para a Inglaterra", alguém escreveu, "voltaire era um poeta; ao voltar, um sábio." Sábio e filósofo e historiador e grande jornalista dotado de tal perspicácia, que lhe permite chegar aos traços essenciais de uma nção, cuja vitalidade ele opõe ao passdismo maçado da monarquia francesa. Tudo o interessa: a religião, a ciência, a medicina, a inoculação da varíola, o teatro, as cartas, Newton e Locke tanto quanto Swift e Shakespeare, o comércio e, é claro, o regime político. A grandeza da Inglaterra provém do fato de ser um lugar onde tantos trabalham, de que nada é recusado ao talento, de que o sistema parlamentartorna impossível o arbítrario ao dividir o poder entre o soberano e o povo. As cartas filosoficas constituem, assim, uma espécie de breviário do liberalismo moderno, "uma máquina de guerra filosófica".
TEMPESTADE DE RITMOS JAZZ E MUSICA POPULAR NO SECULO XX
Quando Miles Davis morreu, quem reclamou seu corpo: o jazz ou o rock? Quem é o cantor secreto que inspirou João Donato e João Gilberto? Quem inventou a capa de disco? Branco sabe cantar jazz? Em Tempestade de Ritmos, Ruy Castro responde a essas perguntas e faz muitas outras revelações. Ruy começou a escrever na imprensa em 1967, para o então prestigiadíssimo jornal carioca Correio da Manhã, e estreou justamente com um artigo sobre música. Desde então, esse foi sempre um de seus principais assuntos nos meios de comunicação em que trabalhou (Todos, exceto bula de remédio, como diz o próprio autor). Em Tempestade de Ritmos há uma predominância de artigos sobre música americana, mas ele se orgulha de ter crescido ouvindo os ritmos e gêneros mais díspares, como fox-trots, tangos, boleros, valsas, sambas, choros, marchinhas de carnaval e muito jazz - e esse seu ecletismo musical se reflete no livro, uma autêntica tempestade de ritmos, sujeita a raios e trovões de informação e humor. É uma boa maneira de celebrar os quarenta anos de imprensa desse que é um dos mais consagrados jornalistas do Brasil.
O disco
Mas quem não a ama?
As principais divas contemporâneas
homenageiam a maior de todas.
Ouça as versões e compare com os originais
[01.] A Tisket A Tasket - artist: Natalie Cole - 2:37 Symbol für den Soundlink
[02.] Lullaby Of Birdland- artist: Chaka Khan - 2:56 Symbol für den Soundlink
[03.] The Lady Is A Tramp artist: Queen Latifah - 3:53 Symbol für den Soundlink
[04.] Dream A Little Dream Of Me - artist: Diana Krall - 4:39 Symbol für den Soundlink
[05.] (You'll Have To Swing It) Mr. Paganini - artist: Natalie Cole - 6:01 Symbol für den Soundlink
[06.] Oh Lady Be Good - artist: Dianne Reeves - 3:16 Symbol für den Soundlink
[07.] Reaching For The Moon- artist: Lizz Wright - 2:53 Symbol für den Soundlink
[08.] Blues In The Night - artist: Ledisi - 5:01 Symbol für den Soundlink
[09.] Miss Otis Regrets - artist: Linda Ronstadt 3:13 Symbol für den Soundlink
[10.] Someone To Watch Over Me - artist: Gladys Knight - 4:57 Symbol für den Soundlink
[11.] Do Nothin' Till You Hear From Me - artist: Etta James - 4:20 Symbol für den Soundlink
[12.] Angel Eyes - artist: k.d. lang - 5:16 Symbol für den Soundlink
[13.] Too Close For Comfort - artist: Michael Buble - 3:08 Symbol für den Soundlink
[14.] You Are The Sunshine Of My Life - artist: Ella Fitzgerald - 4:08 Symbol für den Soundlink
[15.] Cotton Tail - artist: Dee Dee Bridgewater - 2:58 Symbol für den Soundlink
[16.] Airmail Special - artist: Nikki Yanovsky
Nenhum comentário:
Postar um comentário