junho 20, 2010

O falso bordão do forró

Que "For All" que nada!
A palavra "Forró" é, na verdade, uma contração de “forrobodó”, que por sua vez tem duas origens possíveis: o francês “faux-bordon” (baixo em terças ou sextas paralelas: falso-bordão) e o galego “forbodó”
Só sei que é bacana.
Aqui temos mais uma apropriação de um solistício (desta vez o de inverno) por parte do catolicismo.
Galera sabida que saiu dando copy e paste em tudo quanto era festa do mundo antigo.
O nordeste botou tudo no caldeirão e mexeu: sanfona européia, triângulo negro e o tambor indígena tocavam a música; a quadrille francesa virou "quadrilha" e a cozinha não conteve a imaginação ao trabalhar sobre variações do tema "milho"; as danças européias passaram a dividir importância com o xaxado e o baião; o modalismo melódico harmônico dos ritmos nordestinos são como uma homenagem tardia aos mouros ibéricos e por aí vai!
Portugal e o português miraram-se muito na França e no francês e isto, entenda-se, criou uma ponte que passou um pouco por cima da influência espanhola.
Aprender francês, não tenho dúvida, pode ilustrar muito os conhecimentos do amante da língua portuguesa.
Trata-se da língua moderna de estruturação formal mais estudada e melhor arrumada.
Se vc sabe ler, vc sabe falar.
Gosto de muita coisa no francês mas uma foi o motivo deste post: toda vogal que precede um "m" ou "n" deve ser anasalada na sua pronúncia; quando isto não deve ocorrer, o "m" ou "n" tem que ser duplicados.
Legal né?
O português já foi assim mas foi abolindo seus laços com os francês (acaba de extinguir o trema que sinaliza, no francês, a pronúncia de uma vogal, de outra forma, muda) e, para mim, isso é uma pena.
Lamento muito ouvir o globalismo televisivo pronunciar "banana" anasalando o segundo "a" enquanto o primeiro permanece aberto como uma "bannana" francesa. Os Camarões da copa são como Cammarões franceses.
Prosódia, prosódia...
Mas tem uma coisa que, convenhamos, é pra f*
O sul, sudeste do país, via televisão, está impondo de maneira irreversível o uso do artigo definido na frente do nome próprio. Ninguém mais se chama José ou, contractamente, Zé; é "o" José ou "o" Zé.
Ouvindo, parece Ojosé ou Uzé.
Já pensou em outras línguas?
Teríamos The John, El Juan, Le Joan etc, etc, etc...
 Da minha parte estou tendo um trabalho terrível para desenpenar o ouvido da minha prole.
Respeite também vc a vontade de seus pais e o trabalho do tabelião e não deixe ninguém chamá-lo de "o" Fulano ou "o" Sicrano.
 Se sobrar energia brigue pelo anasalamento das vogais que precedem "m" e "n"
Não me deixe só!
Brincadeiras à parte, abaixo um ótimo Arquivo N sobre as festas juninas.
Obrigatório!



P.S. Para os que não conseguem esquecer a safadeza dos "hermanos" na Copa de 78, abaixo, um vídeo sobre o escândalo no qual o Peru de 78 trocou "frangos" por trigo para alegria de Videla.

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