setembro 25, 2008

Garapiau se escondeu

A tarde fechou-se
Por entre fendas nas nuvens
O sol oculto escorria laivos de prata sobre um mar de chumbo
Ondas de Hokusai
Parecem dizer
Pescador daqui não sai



Vagalhões em multidão invadem a baía como acodindo a uma festa
As pessoas, da praia, os miram passar
Vem aí uma, quem sabe duas, noites de temporal
Se jangada sair, sozinha voltará
Não haverá perdão para os incautos



Garapiau voou terra adentro
Anunciando silencioso
Noites de vento e sal
Dias sonolentos
Tardes em umbral

Amanhã não vai ter peixe
Não importa quem se queixe.
Quem não quiser carne ensopada
Não há de passar fome;
Pois se de tudo o homem come,
Que vá então de quiabada

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