Morpheus acaba de passar por uma semana um tanto quando assoberbada por conta de demandas do nosso presidente Ric Azevedo e seu comparsa de departamento científico, o querido Dudu Kraychette. O golpe de misericórdia veio com a demanda bem-vinda mas não menos fatigante do amigo Alan e de seu não menos comparsa, Trajano para um texto que publicarei aqui assim que que for publicado no jornal ao qual se destina.
Tarefas à parte pensava em postar um enche-linguiça para este domingo mormacento de Salvador quando me veio à mente a figura do "enrolão d'uma figa!"
Como não sou de frustrar os visitantes que por aqui aparecem em busca de conteúdo, vai aqui um pequeno artigo de Alexandre Dumas sobre o ilustre FIGO!
Distraiam-se enquanto aguardam algo mais inspirado.
Enquanto isto, cozinharei alguns desidratados em caldo de frango para saborear à noite, como entrada, sob forma de uma pasta de acompnhamento para fatias de foie gras sob um top de tartare de atum fresco!
Figo: [Ficus carica]. Apesar da reputação dos figos de Argenteuil, comem-se bons figos tanto na província da Île-de-France quanto no Midi; os de Marselha só perdem o lugar para os de Capodimonte e da Sicília, os melhores. São comidos frescos e secos. Quem já foi à Itália sabe que a maior injúria que se pode fazer aos milaneses é mostrar-lhes a ponta do polegar apertada entre os dois dedos, o que chamam de far la fica ["fazer a figa"]; essa aversão pelo figo vem de um fato que Rabelais conta da seguinte forma: Os milaneses, rebelados contra Frederico, haviam expulsado da cidade a imperatriz, sua esposa, a qual foi colocada sobre uma velha mula, o rosto virado para o rabo.
Frederico, entretanto, voltou a vencer e, após ter aprisionado os rebeldes, imaginou mandar o carrasco prender um figo embaixo do rabo dessa mesma mula e exigir que cada um dos vencidos o tirasse dali e apresentasse ao carrasco dizendo: "Beco il fico", depois o recolocasse no lugar; tudo, sob pena de ser enforcado. Vários preferiram morrer a se submeter a tal humilhação, mas o medo de ser morto determinou o maior número. Daí a fúria dos milaneses quando lhes fazem a figa. Foi também um figo que fez o Senado romano votar pela destruição de Cartago. Todas as vezes que Catão dava sua opinião no Senado, terminava com estas palavras: "Precisamos destruir Cartago! (Delenda est Carthago)." Em uma sessão em que se deliberava sobre a guerra a essa potência, Catão mostrou um figo a seus colegas:
- Quando, disse ele, os senhores acham que esse figo foi colhido?
-A julgar pelo frescor, há pouco tempo.
- Pois bem! Esse figo estava pendurado na árvore há apenas três dias e vem de Cartago. Julguem quão próximo de nós encontra-se o inimigo!
A guerra foi declarada na hora!
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Thoin, sementeiro do Jardin des Plantes (à Paris monsieur!), havia encarregado um criado simplório de levar a Buffon dois belos figos de primeira. No caminho, o criado deixou-se tentar e comeu uma das frutas. Buffon, esperando receber duas, perguntou pela outra, e o valete confessou sua fraqueza. "Como fizeste isso?" vociferou Buffon. O criado pegou o figo que restava e disse, engolindo-o:
- Assim! ...
P.s. Dois sitezinhos para visitar nas horas vagas :
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