março 19, 2008

BHL na BHía

Bem, estamos no The Day After!
Ontem à noite foi inaugurado, para uma impressionante e seletíssima platéia de 1200 interessadíssimos ouvintes, o ciclo de palestras 'FRONTEIRA DO PENSAMENTO" com apresença de Bernard Henry-Levi, também conhecido pelo acrônimo BHL.
Franco-argelino, Bernard é um popstar da filosofia, midiático, performático, idiossincrático, podre de rico (herdou negócios do pai), casado com uma linda mulher e portador de um intelego capaz de encher todo o espaço que eventualmente tenha lhe sido dado e... mais algum!
Um prato cheio para admiradores e detratores!
Sob a sombra do tema proposto, discorreu preliminarmente sobre generalidades indisputáveis, passando às platitudes de sedução para a seguir, depois de elogiar repetidamente o pensamento de Celso Furtado, se apresentar como expert no tema Alicerces Filosóficos da Intelectualidade Mundial no século XX (para o qual imaginei o acrônimo AFIM!) sobre os quais apresentou seus pontos de vista e interpretações de forma BHLevista a saber:

- Singularidade do momento histórico em torno do holocausto judeu na 2ª grande guerra
- Aspectos imunizantes das manifestações de maio de 68 na França
- A revolução Cambodjana (!!!!!) - para surpresa geral! - a língua como ferramenta e maldição!
- O Totalitarismo como um bug ideológico movido pela vontade de curar ("volonté de guèrir") e seus desdobramentos nocivos e contagiosos entre os quais se situaria o fundamentalismo islâmico que, na opinião de BHL, tem nos moderados do Islã e na sua Inteligentsia crítica seu alvo principal e mais imediato.

Sarkozysmos à parte, defendeu-se veementemente o "engajamento" do intelectual como a sua forma (do intelectual) mais especializada de exercício da cidadania.
Para BHL, o intelectual tem como dever partir para a prática midiática denunciando propondo soluções de forma racional, ética e independente a partir dos raciocínios indutivos associados à observação ativa do fenômeno que merece sua intervenção.
A raridade de intelectuais éticos, independentes e racionais foi, no entanto, apenas levemente assinalada!
Uma pletórica performance historiográfica, anêmica, entretanto, em hemoglobina filosófica!
C'est dommage!
Mesmo assim, muito interessante.
A menção apaixonada das guerras esquecidas (les guerres oubliées) terminou, por sua ênfase, criando um enorme contraste com as guerras que não nos permitem esquecer: a questão palestina, por exemplo.
Sabra e Chatilla, nem pensar!
A ausência de abordagem deste tema causou uma perplexidade indevida entre muitos componentes da platéia e, acho, quebrou um pouco o fluxo de empatia com o palestrante.
Ao final da noite tive a impressão de ter ouvido um típico intelectual francês loquaz e articulado mas que infelizmente não me pareceu ser o que pregou como virtudes: racional e ideologicamente independente.

P.S. Na manhã seguinte, entre convidados para um breakfast filosófico, BHL reafirmou pontos da sua palestra da noite anterior e entre didatismos e sinonímias hitchcockianas que utiliza para manter a platéia em suspense antes de emitir suas máximas fechou sua aparição na Bahia com alguns pontos que vão ficar para discussão:

- A caridade é a chama que mantém o sábio
- O fascismo encontra no islã radical sua mais nova fronteira
- A adoção do ateísmo é o maior ato de coragem de um homem
- a imaginação é a característica mais valiosa num intelectual

Bom hã?
Perguntaria apenas quantos dentre os ateus veementemente declarados não seriam apenas buscadores fatigados que tomam a ausência de evidência como evidência de ausência? Quantos não são apenas buscadores que por não saberem o que procuram, simplesmente não reconhecem o que acham?
Steve Wonder nunca viu a lua!
Será que ele acha que ela existe?

Fica aí um pouco de filosobol para noites insones!

Inté

2 comentários:

Anônimo disse...

Boa noite! Meu nome é João, estudo História e Artes Visuais pela universidade Federal de Pelotas! Estou pesquisando na faculdade de História as Casas de Comércio baianas do século XIX. Já que o assunto é abrangente devido a quantidade de portugueses chegados na época, me restringi em abordar apenas o ano de 1900. Uma das bibliografias que utilizo é o livro Comércio Portugues na Bahia do autor Mario Augusto da Silva Santos. Pois bem, por me restringir somente ao ano último ano do século XIX tenho tido dificuldades para encontrar fotografias para ilustrarem o trabalho. Vim para a internet pesquisar algo e depois de muitas pesquisas cheguei ao seu blog, na postagem Retratos de um tempo, datada em 27 de janeiro de 2007, onde anunciava a aquisição do catálogo Bahia - Velhas fotografias - 1858 a 1900 por Gilberto Ferrez. Como a maioria dos estudantes brasileiros de universidades públicas não tenho condições de comprar o referido catálogo - cerca de $550,00 - pois então que entro em contato contigo. Gostaria de saber se poderia me conseguir algumas fotos urbanas datadas de 1900 para a ilustração do trabalho. Buena, agradecido desde já! Atenciosamente! João
p.s: meu e-mail é joao.genaro@yahoo.com.br

Anônimo disse...

Caro Manellis:

Parece ser hábito ancestral perdermos um tempo enorme com platitudes, besteirol e boçais.
BHL (poderia ser XYZ...) é apenas mais um tirador de onda, "culto" leitor de almanaques, a proferir "pensamentos" de outros, alinhavados às pressas, para uma platéia de adoradores de literatura de auto ajuda.
BHL é um "intelectual". O que é ser "intelectual", como se "mede" um intelectual, existe vestibular para "intelectual"?
Parabéns pelo seu blog, é muito legal.

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