setembro 11, 2007

Nine eleven


Algum tempo atrás, estudando a epidemiologia dos acidentes e erros em sala de cirurgia, me deparei com uma conclusão, no mínimo inusitada, ao fim do artigo: “O maior fator de insucesso na resolução de uma situação crítica é a aplicação inadeqüada do conhecimento necessário (e não como eu pensava, a ausência do conhecimento). A este principal fator, segue-se a perda do momento ou seja, perda do timing da ação.
O curioso é confirmar como as situações críticas, em qualquer área, demandam algoritmos semelhantes de resolução, isto pra não falar sobre o indisputável valor das medidas preventivas. A lembrança destes tópicos ganha pertinência extra toda vez que nos avizinhamos do aniversário do 9/11 como preferem chamar os americanos.

Sabiam da iminência, tiveram tempo de agir mas não acreditaram: pagaram prá ver e viram; ou melhor, vimos.

Vimos ao vivo e em carne viva a primeira grande metástase ideológica de um tumor primário promovido pelo ocidente.
Vale aqui antiga conclusão dos médicos medievais segundo a qual “O câncer resulta de uma ferida que não se consegue curar”; é a analogia perfeita para costurar num só raciocínio a colcha de retalhos que se estende desde a agressão a Israel (1967) que resulta na tomada do Sinai passando pelos atentados de Munique em 1972 e chegando até o 09/11 ou Madri pouco tempo depois ou qualquer outra catástrofe mais recente.
Por outro lado, o aforismo Nietzschiano que declara que “tudo que não mata, fortalece” (traduzido no popular para “o que não mata, engorda), completa, com a conclusão dos médicos medievais, o dipolo que rege, diretamente, eventos críticos que vão da oncologia ao terrorismo.
Pausa
Durante o período em que morei fora da nossa pindorama e de uma forma mais fragmentada durante eventuais viagens, nunca me passou desapercebida a importância que a mídia dos países ditos “desenvolvidos” dão às questões do oriente médio.
Não pelo viés da correção, bem entendido!
Às vezes, me parece como uma manifestação atávica (e às vezes sádica) que remonta o chamado do entediado papa Urbano para a 1ª cruzada (ou 1ª Jihad cristã, como algum tropicalista poderia preferir!).
A partir deste ponto, olhando para frente e para trás, tudo que vemos são agressões repetidas: Judeus migrando ou em fuga, mártires cristãos queimados por Nero (ajudando a fundar a mesma igreja que mais tarde queimaria hereges e bibliotecas na Europa), o islã expansivo que converteu até mesmo quem não sabia falar árabe, exumou Aristóteles e manteve o conhecimento ocidental vivo numa UTI moura-ibérica (mesmo depois de terem queimado Alexandria); o oriente médio finalmente retalhado geograficamente no “Versalhes do deserto” que dividiu sua areia e geografia num tabuleiro mais facilmente controlável onde emirados ladrilham o litoral da península arábica, Djibuti controla o mar vermelho e o Kwait obstrui o sovaco do golfo pérsico.
Eis que chega então aquele momento no qual um fictício “oncologista social” poderia chamar de singularidade:
- Depois de pingarem em Pernambuco e serem rejeitados por um Brasil para-inquisitorial, os Judeus encontram melhor ambiente nos E.E.U.U. e lá florescem longe das perseguições levadas a cabo na Europa e que chegariam ao ápice na 2ª guerra; abandonariam a partir daí, o comportamento tradicional de fuga para o de uma organização defensiva ativa.
- Cria-se por decreto, o estado de Israel
- Os árabes decidem atacar Israel que responde de forma precisa esmagando a agressão multilateral de forma humilhante para os agressores.
- A preocupação britânica com suprimento de óleo leva ao “enxerto do Xá Phalevi”
- A "modernização” forçada desencadeia a revolução dos aiatolás
- Instalação do fundamentalismo
- Guerra Irã x Iraque
- Patrocínio à Sadam, aos Talibans, treinamento de Bin Laden
- ...
Chega,
Desse jeito não tem ferida que cicatrize!
Vamos parar por aqui, até mesmo porque os agentes destas desastradas políticas não mostram sinais de redirecionamento diplomático.
A cinética do rancor está em marcha.
Marcha forte, veloz e cega.
Suas células não temem a morte (da mesma forma que as células de um tumor)
E isto é motivo da perplexidade ocidental perante o comportamento dos suicidas.
Só a inteligência pode desmontar as reações em cadeia postas em curso.
Infelizmente, para acrescentar um pouco mais de suspense às nossas perspectivas, o capital globalizou-se e as fronteiras diluíram-se; o dinheiro criado por nós como uma ferramenta, transformou-se em algo que parece vivo; tudo que uma nota de U$ 1,00 quer é se juntar a outra para poder comprar uma terceira num infinito de acumulação atemporal que turva os raciocínios, submete os governos, corrói o valor do processo democrático enquanto fomenta a exaustão do planeta.
Se escaparmos desta, acho que chegaremos a um futuro feliz no qual nossos eneanetos olharão para nós e nossa época da mesma forma como olhamos Humphrey Bogart e Yul Brinner tragarem sôfregamente seus cigarros nos filmes, ignorando que morreriam poucos anos depois de falta de ar.
Demoramos um bom tempo para chegarmos ao consenso de que fumar é uma idiotice completa.
Quanto tempo levaremos para chegar à mesma conclusão sobre as guerras?
Não foi acaso que, para abrir o post, escolhi uma imagem que remete à de um cigarro aceso.
Hoje é 11 de setembro, aproveite para meditar!
P.S. Enquanto isso, o Jacarézinho inaugura a primeira versão brasileira do Trem Bala.
Para não fugir à linha presidencial, o ministro metralhado saiu do trem dizendo ser carioca e estar acostumado a tudo, sem problema nenhum!
Morpheus lamenta profundamente a má pontaria dos franco atiradores

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