Quando lhe disserem que você tem todo tempo do mundo, não acredite!
O eterno não existe.
Nada que esteja dentro do tempo pode se pretender eterno.
O tempo se alimenta das vidas que traz dentro de si.
Chronos/Saturno mastiga e engole seus filhos sempre que está com fome
Le temps mange la vie!
C'est la vie,
C'est comme ça!
E quando seu alforje finalmente se esvaziar
Será a vez de comer, sofregamente, todos os relógios, ampulhetas e clepsidras que ainda restarem.
Depois disso,
Finalmente e dentro de sua própria substância,
Também o tempo morrerá.
Lentamente.
Nos dentes eternos da atemporalidade,
Sob a aquiescência de Deus.
No entanto,
Como a recorrência de uma doença,
Tão logo seja criado um olho, um relógio,
O tempo ressuscitará
Encerrando a breve prevalência do atemporal.
Atemporalidade sim, eternidade não!
Mesmo virtual e impossível,
Esta, como uma miragem de oásis, nos assombra ao se sugerir possível na aura de tudo que dure mais que muitas vidas:
O mar, as pirâmides, a (aparentemente indestrutível) insensatez humana.
Dentro de todo este drama,
Haverá o efêmero.
Em efemeridades concêntricas.
Efêmero será então, tudo aquilo que possa caber
Muitas vezes dentro da existência daquele que o observa.
Para o efêmero, o observador é que é o eterno!
É por isso que o efêmero merece ser contemplado
E dentre todos os seus modos, a beleza é o mais digno de contemplação
O único a merecer a preferência máxima e incondicional de todo e qualquer observador inteligente:
A criança,
A mulher bonita,
A incondicional cumplicidade entre amigos,
A flor que desabrocha,
O instante bizarro,
A música que emana de um instrumento real,
O vaso de barro!
Finjamos eternidade,
Observemos,da vida, suas gloriosas efemeridades!
Um comentário:
Mano,
Salve as efemeridades da vida!!! E que sempre tenhamos "tempo" para elas.
Márcia
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