março 14, 2007

Palhaço, sim!

Conversava com o colega Álvaro, operário infatigável da humanização da atenção médica e idealizador da Sociedade Brasileira de Medicina e Arte, quando após receber dele a enésima proposta para participar da montagem de um grupo de música instrumental condicionei a minha participação à adoção da música Palhaço de Gismonti como 1ª peça a ser trabalhada. Enquanto ainda aguardo retorno do meu amigo, flautista erudito por formação, tenho ouvido com atenção o disco Circense (Egberto Gismonti ou Ele quer que dismonti, segundo Dori); impossível não lembrar de Heráclito: "Ao entrar em um rio pela segunda vez, não serás o mesmo homem e não será o mesmo rio"
Não sei se Álvaro retornará encantado como eu fiquei ao ouvir Palhaço pela primeira vez mas re-escutar Circense me lembrou cataliticamente da necessidade que temos de voltar aos clássicos; sejam eles da humanidade, da nossa aldeia ou pessoais!
Karatê, Tá boa santa? e Palhaço são simplesmente demais.
E as outras também!
Caiu para mim a ficha do parentesco entre o som de Gismonti e o que A Cor do Som praticava, no começo dos anos 80, quando eu fui fisgado definitivamente pela sonoridade dos nossos ritmos. Um portal do tempo se abriu e desdobramentos perceptivos ganharam volume a cada nova audição.
Apesar de ter considerado por muito tempo Gismonti como musicalmente indigesto, sempre reconheci que a falha era minha e que um dia, se viesse a evoluir, eu finalmente deveria sentir algum deleite ao escutar suas peças.
O continente modifica o conteúdo e este é o motivo pelo qual penso que tornamos melhores nossas revivências quando estamos no caminho correto (não disse velocidade!) da evolução.
Volte às grandes canções e aos grandes livros de sua vida!
Se você evoluiu eles não só lhe parecerão diferentes, mas melhores na exata medida do seu crescimento.
Escute Palhaço com atenção: flutue num espaço imaginário ao ouvir a primeira parte e depois, segurando um feixe de balões, vá subindo junto com as modulações ao mesmo tempo em que transforma em vento o oscilar planejado das resoluções nas tônicas!
O quê?
Você não sabe do que eu estou falando?
Então simplesmente ouça!
Obs. Estou falando de canções e livros que merecem o nome!
Post para audiência, e em especial atenção ao colega Álvaro
Inté

2 comentários:

Anônimo disse...

O rio é o de Heraclito.
Como também: "tudo flui" (muito profundo)," os cães ladram pelo que não entendem".
Tem um bom livro de administração
só (re)interpretando Heraclito.Vou localizer na minha estante bagunçada e mandar a dica.
Antonio Raimundo

Fulano Sicrano disse...

Caro Manellis - se me permite - quem quiser conferir sua experiência retratada nessa crônica e experimentar por si a riqueza harmônica do Circense, pode pegar o arquivo aqui:
http://umquetenha.blogspot.com/2007/01/egberto-gismonti-circense-1980.html
Abraços.

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