Puxa, esse morpheus não tem palavra mesmo...
Mas é verdade, por mais que eu jure não me incomodar, as coisas às vezes me reclamam a atenção de uma forma irrefreável!
Esta semana, dando andamento à sua atrasada reforma de imediatos, nosso presidente, que já havia declarado serem as indicações ministeriais assunto pessoal e exclusivo seu, confirmou em palavras aquilo que, eu acho, nenhum outro mandatário tinha tido a ingenuidade psicológica de explicitar: "...a saúde e a educação são assuntos sérios, aqui não posso brincar..."
Quer dizer, no resto pode!
E mais... como se estas duas pastas não dependessem do conjunto do país para funcionar bem.
Esqueça, prá este pessoal tudo é brincadeira.
E como se divertem.
( desesperante é contatar que a oposição mais próxima é representada por um pinguim anão que usa um bico emprestado!)
Break
Eu costumo dizer que no inferno, à semelhança de Auschwitz com seu lema: "O trabalho liberta", o portal é ornado com a incrição: "Nada está tão ruim que não possa piorar"
Como um bom classe média infectado subcronicamente por uma hipocrisia sub-letal, costumo usar esta frase em tom de galhofa embora me veja, cada mais freqüentemente, assaltado por sua transcendência.
Num misto de vaidade e confessionismo, diria que me vejo como um legítimo representante da última geração a acreditar conscientemente num bom futuro para o nosso país tendo chegado ao ponto de rejeitar uma proposta de permanência na Inglaterra pelo simples devaneio de emular um Jobim, um Vinícius ou outros assim.
Vinte anos após minha saída da faculdade ainda me surpreendo com as faixas em seu estacionamento, com a mesma retórica e erros de português, convocando para greves ou exaltando valores socialistas.
É...o tempo parou!
Ah! se ao menos estes lugares tivessem sido visitados antes por um físico competente nós teríamos a vanguarda no conceito de "Buracos negros".
Num post anterior, falava de nossa inserção num infeliz zeitgeist (espírito do tempo, em alemão) mas acho mesmo que estamos é num poltergeist (espírito zombeteiro) com direito a assombração e tudo!
Digo isto para exprimir de forma para- lírica, após mais este impacto da logorréia presidencial, a sensação de ser um tripulante da balsa da medusa de Géricault (abaixo):
O tempo mantém o seu péssimo hábito de passar rapidamente enquanto o conjunto histórico dos fatos empurra facilmente os espíritos mais analíticos e menos hormonais para um platonismo melancólico do qual só é possível se ver livre com o auxílio de algum atenuante da lucidez! (da minha parte, me contento com um bom borgonha!).
A pneumologia nos proibiu o cigarro antes de dormir,
A dermatologia nos proibiu a praia livre da inhaca do protetor solar,
E a história com seu tamanho e reprises nos mostra como é difícil mudar o curso dos fatos no espaço de uma existência: viva os loucos! viva os gênios!
Felizes aqueles que vivem e, ou provocam mudanças de páginas no livro dos tempos!
Faço aqui uma guinada ortogonal para dizer que talvez seja por isso que morpheus seja um eterno fascinado pela ibéria moura, onde se viveu uma das mais deliciosas e demoradas (700 anos) viradas de página da história da humanidade:
A última fronteira do islamismo elegante
A exumação filosófica de Aristóteles
A criação da universidade
A convivência pacífica entre Mouros, Judeus e Cristãos
O ecumenismo cultural
A matemática, a astronomia e a arquitetura alcançam novos patamares de refinamento
A medicina conhece o saneamento básico e os hospitais
A poesia judaica encontra a melodia árabe eo ritmo cigano e, juntos, fundam o flamenco.
Por abrigar tanta coisa boa, sempre vou buscar refúgio onírico neste oásis histórico me aproveitando do fato ser sempre possível encontrar um buraco negro (onde o tempo parou) nos arredores de um cartaz propondo greves como forma de luta sindical, menor carga horária semanal ou qualquer outro anacronismo ainda vigente nas vizinhaças de uma universidade federal qualquer.
Aliene-se! e aproveite a dica:
Num retrato da vibrante civilização da Espanha medieval, O ornamento do mundo, mostra a história de um extraordinário tempo e lugar: a Andaluzia entre 786 e 1492. Um lugar onde judeus, cristãos e muçulmanos viveram juntos em relativa paz e igualdade por séculos.
Com prefácio de Harold Bloom, você conhecerá através da pena de Maria Rosa Menocal, uma cubana educada nos EEUU, o que foi Al Andalus e se vacinará contra a epidemia de intolerância que assola o planeta, Mr Bush como arauto.
Se a dose não for completa, corra, compre e leia "Sombras da Romãzeira" de Tariq Ali e entre no universo de uma Espanha ao final do domínio Mouro e galvanize uma opinião inteligente sobre o papel da interações de cosmogonia que de tempos em tempos vemos passar no canal da história.
Neste livro, Tariq Ali captura a humanidade e o esplendor da Espanha muçulmana... uma história encantadora, desenvolvida com vivacidade. SOMBRAS DA ROMAZEIRA é irônico tanto quanto honesto, informativo tanto quanto divertido, uma história real tanto quanto ficcional...um livro para ser apreciado e devorado."
O post acaba aqui porque não quero ver ninguém alegar falta de tempo para freqüentar o Morpheus!
Alah Akhbar
Manellis
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