janeiro 06, 2007

Tudo azul, Tudo cor-de-rosa

Inaugurando a primeira referência direta deste blog a filmes e quebrando também o jejum da promessa feita quando da idéia de postar algo, indico dois filmes disponíveis em locadoras como entretenimento de excelente qualidade: o 1º é "Quase Deuses" ganhador de 3 Emmys inclusive o de melhor filme p/ TV; este filme me foi indicado por um colega basco e foi uma grata surpresa ver, tão bem arrumada, a história da saga pela busca de uma técnica cirúrgica para abordar o coração, no caso específico, na Tetralogia de Fallot: um capricho congênito que estreita a artéria que leva o sangue para ser oxigenado no pulmão e comunica patologicamente o lado não oxigenado do coração com o lado que deveria receber apenas o sangue já oxigenado. O lado direito do coração inunda o corpo com sangue pouco oxigenado, de onde o nome: bebês azuis. Até o desenvolvimento desta intervenção, não havia abordagem cogitável para o coração e o lema "non tangere" ou seja, não tocar (o coração) era uma máxima cirúrgica.
Vale a pena observar no filme:
- A reconstituição de época.
- O racismo explícito e incorporado só atenuado muito recentemente na sociedade americana.
A máxima de que uma boa semente não plantada é uma sombra perdida.
- Duas frases de Dr. Blalock: "Há tantas maneiras de errar..." e a que diz: "Uma vida só foi bem vivida se ao seu fim tivermos algo do que nos arrepender"
- As advertências conservadoras e prudentes de pessoas, que cientes do potencial de alguém, desejam acovardar-las por não tolerarem a hipótese do sucesso alheio.
- O mecanismo de produção de avanço científico que consta da seqüencia: sorte congênita + inteligência + formação + oportunidade + intuição criativa + método.
Desta adição fica claro o porquê de estarmos tão longe de conseguir o ritmo de inovações que desejamos para o nosso país que se por um lado aumenta sua produção de doutores e de papers científicos, por outro tranforma pouco disto em patentes ou em aplicações práticas significativas.
O segundo é: "Quem somos nós", um misto de documentário científico e sketches tratando de física quântica e dos insights permitidos, para vida prática, das suas descobertas.
Deixa do chinelo, como instrumento de divulgação científica, best-sellers como "Uma breve história do tempo" e "O universo numa casca de noz".
Não resvala em momento algum para o incompreensível nem para o místico.
As referências a Deus são as mesmas que talvez, um Espinoza faria se fosse nosso contemporâneo.
Não perca principalmente pela metáfora, que vi pela primeira vez num programa estrelado por Carl Sagan (Cosmos) nos anos setenta, na qual um ser de um universo de três dimensões resolve interferir na vida de habitantes de um universo de duas dimensões.
Muito útil para criar um minhocário em sua cabeça.
Se você não ficar mais sabido, poderá ganhar algum vendendo húmus!

Hasta la vista!

P.S. Disse Manellis: Se o correto é único, nossa única liberdade consiste em errar!

P.P.S. Veja as concorrentes do Miss Universo 2006 e depois chame a patroa prá descobrir os defeitos nas moças!

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