Conta uma piada que um turista lusitano em plagas cariocas comprava um jornal quando o jornaleiro, ante uma inesperada falta de troco, lhe diz: sinto muito, não tenho moedas, o senhor vai ter que levar algumas balas!
O nosso irmão ibérico retrucou assustado: mas só por isso?
Engraçadinho não?
É... e não é não.
O reconhecimento do nosso país e o nosso, por tabela, está resvalando no mundo inteiro em direção à sarjeta das opiniões.
Depois do filme "Turista", comentado neste blog, vemos agora a premiação de Jason Kohn no festival Sundance com mais um documentário do mesmo quilo sobre nós: "Manda Bala".
Na resenha do site do festival, feita por Trevor Groth, podemos ler:
"O Brasil é conhecido por suas lindas praias, florestas luxuriantes e cultura vibrante. No entanto, recentemente, o país tem se notabilizado por seus políticos corruptos, seqüestros e pela cirurgia plástica. Manda Bala (Send a Bullet) conecta estes elementos disparatados de forma artística conduzindo a um exame do efeito dominó que remodelou a face do país e construiu uma indústria completa sobre os alicerces da corrupção. Partindo de um improvável início numa lavanderia de dinheiro disfarçadaa de criatório de rãs o filme se dirige para uma trama distinta. Com uma condução estilosa e entrevistas articuladas com seqüestradores, seqüestrados e barões do crime além das vitimas da paranóia urbana em que vivemos, o filme parece mais uma ficção estilizada do que um documentário policial pesado. Apesar de tudo, o filme nunca escorrega para o trivial ou para o cliché revelando que a corrupção e o seqüestro são as duas faces de um mesmo crime: ricos roubam de pobres e os pobres roubam, um pouco de volta dos ricos. Trata-se do primeiro filme de Jason Kohn (27 anos) que evidencia a indelével influência do seu mentor, Errol Morriso (Sob a névoa da guerra) , mas que também mostra o nascimento de um estilo pessoal inconfundível. Manda Bala é um engenhoso documentário de vanguarda na nova onda que, espera-se, o estilo venha a adotar"
E aí?
Pra mim, rico que é rico, não fica ao alcance de pobre bandido. A criminalidade que se abate epidemicamente sobre a classe média é, ao meu ver, uma espécie de pressão para que ela se envolva com o processo político e forme os quadros necessários à gerência do país; não se trata, no nosso caso, de um país em que políticos apareçam no noticiário como vítimas de violência urbana (por incrível que pareça, tenho poucas notícias de que eles até mesmo adoeçam!). Em todo caso, seja qual for a sua opinião, temos que concordar que as coisas vão mal para nossa imagem cada vez mais retocada pela cirurgia plástica.
Medite um pouco sobre o próximo parágrafo:
Durante minha viagem pela Capadócia (interior da Turquia) em agosto último, um dono de quiosque de artesanato me confessou constrangido, após decidir que eu era digno de saber, que ficava um pouco estressado quando era visitado por grupos de brasileiros: "Sabe, como quem não quer nada, eles roubam pequenos objetos, bonés e nos dão moedas de outros países em meio ao pagamento de pequenas bugigangas..."
Pense bem, eu estou falando da Capadócia. Terra de São Jorge e dos Hititas, midlle of nowhere!
Eles já nos conhecem!
Mas não fique chateado, posts como estes são o sintoma de que ainda tenho um resquício de auto-estima cívica e talvez uma vontade de ...
(o complemento é por sua conta!)
Como nem tudo é agonia, fica aqui a indicação deste Bordeaux Superiéur que muito me agradou. Está em promoção na Expand até o dia 11/02 por R$ 71,50 (custa R$ 143,00).
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Prá fugir um pouco dos varietais do novo mundo (bomb fruits).
Ch. de La Garde 2001
Tipo: Tinto
Produtor: Jean-Baptiste Audy
País de Origem: França
Região: Bordeaux
Safra: 2001
Uva: Cabernet Sauvignon / Cabernet Franc / Merlot
% alc: 0,13
Aroma: Frutas maduras, defumados, tabaco e especiarias.
Paladar: Agradável e potente; encorpado, quente e estruturado.
Final é persistente e saboroso.
Volto já.
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