A partir de um texto de Contardo Caligaris, uma derivação sobre o trash theme do momento.
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Sumária execução
Poderia até mesmo fazê-la feliz...
Se quisesse.
Deixar-se ser tomado pela mão como aconteceu,
Não foi fruto de méritos dela
E sim, um capricho seu
Sua obstinação em levá-lo em contraponto à modéstia de atributos...
Seduziu pela assimetria de poder
Fez de conta que brincava com a morte
Ela disse-lhe de sua solidão, fez confidências, descreveu seus hobbies, perdeu a calma e finalmente entendeu que o que se passava seria improvável fora de um contexto sobrenatural.
Na sua casa, correndo os olhos pela bagunça e diagnosticando sua bravura estoica frente à vida selvagem, entendeu que poderia fazê-la feliz....
Se quisesse!
Mas...
Ela não resistiria : (
Não foi para isto que encarnara!
E ele não estava ali para matá-la
Afinal de contas, naquela brincadeira, ela era "a" morte!
E ele, que sabia não morreria, sentia-se, enfim, como um demônio...
Um vero diávolo!
Por um átimo, perguntou-se:
Teria a morte sonhos românticos?
Um demônio, vacilos de simpatia?
Que resultaria de tal dupla?
Por preguiça, não buscou respostas.
Calou-se física e psicologicamente
Soltou as bestas do inconsciente sob as rédeas do silêncio
Ativou as retinas para gravar imagens ao tempo em que respirava fundo para arquivar os odores subliminares que circulavam ao redor
Ainda nu, circulou pela sala de janelas despidas de cortinas
Deteve-se por instantes e tamborilou "Pour Elise" no velho piano afinado pelos cupins
Fez uma fermata desperdiçada por mútuo mutismo
Como sempre acontece em simulações,
O assunto acabou e a despedida impôs-se antecipando intervenções letais
Voltaram ao inferno de suas vidas
Ela, por karma
Ele, de Karmanghia
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