Ainda não havia para mim MTV's ou assemelhados.
Gravava os melhores em VCR e assistia ad nauseam
Hoje em dia, quando ouço algumas bandas repetirem à exaustão seus refrãos cansativos e desprovidos de qualquer encanto (nada parecido com Batmacumba!) fico imaginando se este não é o verdadeiro marcador da senescência: a intolerância ao banal
Macarenas e rebolations são virais!
Será que a repetição é mesmo ruim?
Penso no Alhambra e seus padrões, Escher e sua genialidade bidmensional...
Não!
Pode haver repetições instigantes.
O minimalismo de Phillip Glass é a versão sonora dos arabescos.
Para este domingo, após um lindo dia de sol em Salvador, deixo a recomendação do filme Naqoyqatsi e sua sonoridade e imagens hipnóticas - uma viagem a um passado de encantamento com os primeiros videoclipes sob a batuta de quem sabe fazer da repetição algo intelectualmente estimulante:
"Vida em forma de guerra"
Fonte: Wikipedia
Trata-se de um documentário lançado em 2002 dirigido por Godfrey Reggio com música do compositor Philip Glass e com trechos executados pelo violoncelista Yo-Yo Ma.
É o último filme da trilogia Qatsi, que é composta juntamente com os documentários Koyaanisqatsi (1983) e Powaqqatsi (1988). O primeiro aborda principalmente o hemisfério norte, o segundo o sul e países asiáticos, ficando com este terceiro a grandiosidade de abordar o planeta como um todo, conectado, globalizado, mergulhado na tecnologia que encurta distâncias e acelera processos de destruição devido ao seu mau uso.
Naqoyqatsi é uma expressão da língua Hopi (A língua Hopi pertence ao grupo Uto-Azteca e é falada pelos Hopis, uma nação índia do nordeste do Arizona, E.U.A., embora muitos membros desta tribo actualmente não a conheçam profundamente, falando apenas inglês. No entanto, apesar do uso desta língua (como de muitas línguas minoritárias dos EUA) ter diminuído durante o século XX, a língua Hopi está a recuperar o seu papel social: muitas crianças Hopi estão a aprender a língua, foi publicado um dicionário completo Hopi-inglês e um grupo chamado "Projecto de Alfabetização Hopi" promove a língua.) que significa "a vida como uma guerra" ou "a guerra como um meio de vida". Também há uma sugestão de interpretação como "violência civilizada".
Como os demais filmes da trilogia, não são apresentadas narrativas ou diálogos durante todo documentário.
Ao contrário dos demais documentários da trilogia, Naqoyqatsi não foi produzido através de filmagens. Foram utilizados filmes e imagens de arquivo manipulados digitalmente e intercalados com cenas produzidas por computação gráfica, com efeitos de pós-produção como fotografia térmica. Esta maneira de produzir o filme não foi à toa; o diretor escolheu produzir o filme a partir de imagens e vídeos extraídos de banco de imagens para desta forma justificar a constante apropriação que o atual mundo tecnológico nos permite e nos impulsiona a fazer (samplers, remixagens, copy paste...). Além do mais, desta forma, o diretor acaba demonstrando também que a presença da tecnologia se faz essencial e predominante na produção do filme, ou seja, sem a tecnologia, nem o filme e nem nosso atual quadro de vida existiriam.
Este documentário leva a audiência a refletir sobre a nossa relação com a natureza, a influência da tecnologia em nossas vidas e as novas maneiras de se relacionar dentro de um atual quadro frenético mergulhado na conectividade tecnológica. Há uma ênfase especial sobre a competitividade, os conflitos do mundo e a violência.
Compre o filme, tome duas doses de vinho do porto, fume um puro, feche o home, ligue o ar e ponha para tocar.
Depois me conte!
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