Mina Bissell nunca irá esquecer a visita de um proeminente cientista ao Laboratório Nacional Lawrence Berkeley, da Universidade da Califórnia, onde ela trabalhava. Ela lhe entregou um texto que havia acabado de publicar sobre a gênese do câncer. "Ele pegou o papel, o segurou sobre o cesto de lixo e disse: 'O que você quer que eu faça com isso?'. E aí jogou o papel."
A cena aconteceu há 20 anos, e desde então Bissell e alguns outros lutam pela aceitação do que parecia uma ideia radical: o câncer envolve não só mutações genéticas, mas também uma interação entre células ruins e o tecido circundante.
A ideia parecia desnecessariamente complicada, e os cientistas focavam suas pesquisas nos genes e nas células isoladas do câncer, cultivadas em laboratório.
Agora, porém, cada vez mais cientistas mergulham nessas profundezas, estudando os tumores no seu ambiente celular.
E assim, segundo eles, se explicam muitas anomalias do câncer. O novo foco, dizem, é uma grande mudança no pensamento sobre por que o câncer ocorre e como contê-lo. Por enquanto, porém, a pesquisa não levou a curas, e os cientistas preveem que o resultado real do trabalho -se houver- ainda vai demorar anos.
Mas, quase 40 anos depois do início da guerra contra o câncer, os cientistas dizem que são necessárias novas direções urgentemente.
A taxa de mortalidade praticamente não cedeu na maioria dos cânceres, e a estratégia da mutação até agora teve efeito limitado -provavelmente porque as células cancerosas têm anomalias genéticas demais. Se um gene alterado é atacado, outros assumem o lugar.
Por isso, alguns cientistas estão revendo ideias que eram consideradas folclore -um golpe no seio pode desencadear o câncer, uma infecção pode alimentar células cancerosas, um sistema imunológico fraco pode permitir que o tumor se espalhe.
Eles também dizem que a nova abordagem pode ajudar a explicar mistérios como por que a incidência do câncer de mama despencou quando as mulheres deixaram de tomar hormônios na menopausa.
A ideia básica é de que as células do câncer não viram um tumor letal sem a cooperação de outras células próximas. Talvez por isso as autopsias indiquem repetidamente que a maioria das pessoas que morrem de outras causas tem pelo menos pequenos tumores que passaram despercebidos. Segundo o pensamento atual, os tumores ficaram controlados, sem fazer mal.
Isso pode também levar a uma nova concepção do tratamento: o câncer poderia ser controlado evitando o desmoronamento das células saudáveis em torno dele. A cirurgiã especializada em câncer de mama Susan Love, presidente da fundação de pesquisa que leva seu nome, compara o tumor a uma criança criada em um bairro ruim.
"Você pode tirar o garoto do bairro e a colocá-lo num ambiente diferente, e ele irá se comportar de forma totalmente diferente." "O que isso significa, se [a teoria] ambiental estiver correta, é que deveríamos ser capazes de reverter o câncer sem ter de matar as células. Isso poderia abrir uma nova forma de pensar no câncer que seria muito menos agressiva."
Algumas empresas estão atentas. A Genentech, por exemplo, estuda a forma como alguns cânceres de pele, ovário, cólon e cérebro emitem sinais às células circundantes para promover o crescimento do tumor. A empresa tem uma droga experimental que ela espera que bloqueie essa sinalização.
Outros estão estudando drogas como as estatinas e os anti-inflamatórios, que poderiam afetar os sinais entre as células circundantes e os tumores. Mas, segundo Robert Weinberg, pesquisador do câncer no Instituto de Tecnologia de Massachusetts, "essa não é uma agenda científica claramente articulada, em grande parte porque ainda sabemos pouco sobre estes sinais e como sua liberação é controlada".
Os pesquisadores estão cautelosos. Ninguém sugere que controlar o ambiente do tumor irá, por si só, curar o câncer, nem minimiza a causa genética. Mas até mesmo alguns cientistas que fizeram carreira estudando os genes do câncer dizem que o ambiente de um tumor não pode mais ser ignorado.
"Sou descaradamente um geneticista do câncer", disse Bert Vogelstein, diretor do Centro Ludwig para a Genética e Terapêutica do Câncer, na Universidade Johns Hopkins, em Baltimore. "As alterações genéticas nas células do câncer são a causa mais próxima da malignidade."
Mas, segundo Vogelstein, "não se pode compreender totalmente essa doença se não se compreender" o ambiente tumoral. Pode ser uma interação recíproca, especialmente conforme os tumores crescem e se tornam mais avançados.
As células circundantes podem permitir que os tumores comecem e, quando isso ocorre, o câncer parece alterar as células circundantes para alimentar o seu crescimento. "Esta noção não é fogo de palha", disse Weinberg, que em 1981 descobriu o primeiro oncogene humano, um gene que ocorre naturalmente e que, sofrendo mutações, pode provocar o câncer.
Mina Bissell foi uma pioneira nos estudos que hoje estão permitindo uma maior compreensão da biologia dos tumores embora tenha tido que superar rechaços precoces às suas idéias; hoje é vista como heroína, com um prêmio que leva seu nome. "Você criou uma mudança de paradigmas", disse a Federação das Sociedades Americanas para a Biologia Experimental, em uma carta anunciando que ela havia recebido o seu prêmio Excelência em Ciência de 2008.
P.S. Abaixo, em inglês, uma potencial grande e boa novidade para a questão ambiental
Catalyst Offers New Hope for Capturing CO2 on the Cheap
Robert F. Service
If international agreements can't slash carbon dioxide emissions fast enough to tame global warming, how about sucking it out of the air? Technology using chemicals that bind CO2 already exists, but it's so expensive that using it on a large scale could increase energy demand—and the cost of energy—by at least one-third.
Researchers in the Netherlands report a new copper-based catalyst that can capture CO2, convert it to a different form, and then release it with a small fraction of the energy other techniques require. "This is an important fundamental advance," says William Tolman, an inorganic chemist at the University of Minnesota, Twin Cities. "But there's a long way to go before you could turn it into a catalytic process" for reducing atmospheric CO2, he adds.
The new method targets the step that so far has proved to be the Achilles' heel of air capture: prying the trapped CO2 loose so the capture compound can be used again. Various processes do that through heat, electricity, or changes in air pressure, all of which require a lot of energy.
Researchers led by Elisabeth Bouwman, a chemist at Leiden University in the Netherlands, hit on a possible way to lower the penalty while working on a very different problem: designing small metal-containing organic compounds to mimic the behavior of an enzyme called superoxide dismutase. In living organisms, the enzyme neutralizes superoxide, a reactive form of oxygen that is generated inside cells and that can damage DNA.
One copper-containing candidate compound surprised them. Instead of oxygen, it bound carbon dioxide by stitching two CO2 molecules together into a compound known as oxalate. X-ray crystallography showed that two pairs of the carbon complexes join together in a single unit to knit four CO2 molecules into two oxalates (see figure). Kenneth Karlin, an inorganic chemist at Johns Hopkins University in Baltimore, Maryland, who has worked on related compounds, says the new catalyst's ability to selectively bind CO2 and cause it to react is impressive. "This is amazing," he says.
Bouwman's group also worked out a way to regenerate the starting copper complex so that it could be used again. They simply added a lithium salt to their solution. The lithium swipes the oxalate from the copper complex, creating lithium oxalate. Then applying a very small voltage of –0.03 volts to the copper complex restores it to its original form. Adding an electron directly to CO2—the first step in converting CO2 into more complex, and useful, molecules—would require –2 volts, Bouwman says.
Bouwman acknowledges that the new CO2 catalyst isn't yet ready to become a bona fide air-capture technology. It works too slowly, and the lithium salt is too expensive. Bouwman says transferring the oxalate to a cheaper chemical shouldn't be difficult, and her group is already working to improve the catalyst's reaction rate.
Ultimately, if a CO2 air-capture technology is to be realistic on a large scale, the cost and energy requirements must come down, says Andrew Dessler, a climate scientist at Texas A&M University in College Station. "Air capture could be viable, but not unless research like this gets the energy requirement way down from where we are now," Dessler says. "So this kind of research is very exciting."
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