Os palhaços, dentre todos, sempre foram os meus favoritos.
Talvez porque me identifique muito com eles.
Palhaços contrastam com a vaidade do domador,
Com o ar de sabedoria do mágico,
Com a postura impecável e precisão dos trapezistas,
Com a concentração explícita dos malabaristas,
Com a coragem do domador,
Com a técnica dos motociclistas do globo da morte,
Com a bizarrice opaca da mulher barbada,
Com a fanfarronice canastrona do mestre de cerimônias,
Com a semi-imobilidade da contorcionista,
Com a melancolia irracional dos animais cansados.
Em todos os números, exceto nos deles, espera-se o erro, a morte, a desilusão, o inesperado anti-catártico ou apenas o simples assombro diante do exótico.
Palhaços não!
Palhaços transmitem alegria em altas doses temperadas com um pouco de ironia, melancolia, sarcasmo, barulho e todas as outras demais substâncias abstratas da vida real sem que nada impeça a gargalhada no final da gag.
Só quem é um palhaço auto-reconhecido pode ser real e eficientemente mágico, trapezista, malabarista, domador, motociclista, mulher barbada, mestre de cerimônias, contorcionista ou apenas... um mero animal cansado, subjugado e melancólico.
Palhaços apelam para reflexão de modo indireto e é isto que lhes dá seu caráter hipertextual.
Encontrar-se com o palhaço interior é flertar pela primeira vez com a consciência búdica. Aquela, apartada e indiferente aos hormônios, vaidades e armadilhas das ilusões do jogo (ir) real da vida
Para quem gosta de palhaços, deixo aqui uma sequencia de slides com imagens muito legais e reflexões inspiradoras.
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