abril 30, 2008

De Jabuzinhos e Robalos

A segunda voou; na terça, conferência no TCA; quarta, Café da manhã com o palestrante, entrega do imposto de renda, abastecimento doméstico com 2 magníficos robalos de 6 kg cada + 5 lindos jabuzinhos (Cephalopholis fulva - foto ao lado) e 3 kg de marítimos camarões (sem aquele horrível gosto de ração dos similares de maricultura). Não sobrou muito tempo para chegar aqui com disposição!
Dei um pulinho em casa e com uma fatia do lombinho de um dos robalos formei um pequeno envelope com papel filme que continha também manteiga, sal, manjericão & pimenta do reino. Fechei o envelope como pude e joguei-o em água fervendo onde deixei por 8 minutos. Para escolta, uma prosaica porção de arroz basmati decorada com ramos de aspargos verdes cozidos em água com sal à 1% e bicarbonato (pitada)


Água de coco à vontade, bem geladinha e... voilá!
Eis-me aqui sacando a descoberto nas minha reservas de energia!
Cansado mas contente pelo cenário de um TCA lotado (todos os passaportes do Fronteiras Braskem foram vendidos - 1500!) para a conferência do ex-ministro de Jacques Chirac: Luc Ferry
Uma palestra não muito distante do que já foi apresentado em vídeo aqui embaixo mas nem por isso menos importante, sobretudo para as pessoas presentes na noite de terça no TCA.
Elas viram (e ouviram!) um filósofo de formação e autor de sucesso falar-lhes sobre o mais importante objetivo existencial: a boa vida!
Sentida, vivida e diagnosticada com tal por seu principal personagem: Você!
Um "você" ético, amoroso, culto e contente com seu lugar no mundo.
Um "você" desapegado, com o celular desligado, a-pai-xonado pela família que você conduz com disciplina e pedagógica orientação relativa ao convívio com o tédio e com as pequenas frustrações.
Adorei ver a cara de satisfação das pessoas que viram em pleno TCA, um francês best-seller ratificar, com método, aquilo que Caymmi já vem nos ensinando nestes últimos 70 anos.
Viva a baiana felicidade, ataraxia extática do neoepicurismo afrodescendente !
P* que p*!

Um abraço,

Volto já!

P.S. Neste ínterim, um portador de demência senil, de dentro das próprias hostes da baianidade (a bicentenária, vetusta, senil e decrepta faculdade de medicina), resolve tirar do armário sua idiotice furiosa num paroxismo de sinceridade que o leva a despontar de seu infame anonimato para os já prometidos 15 minutos de fama antes da compulsória!













Uma prova viva (ou quase morta) de que o único velhinho Natalino pelo qual devemos ter alguma consideração é o Papai Noel!

Leia aqui!

Ou veja aqui, o vídeo

Um comentário:

Anônimo disse...

- Somos Todos Culpados -

Estamos no ano de 2009:

A Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia conclama a sociedade baiana a comparecer à homenagem que será prestada a seu mais antigo professor, Doutor Antônio Natalino Manta Dantas, por ocasião de sua aposentadoria.

Noite, 20:00h... salão nobre repleto de engalanados personagens, vetustos senhores e senhoras, professores, reitores, políticos, autoridades civis, militares e eclesiásticas.

Discursos e mais discursos se seguem, todos em unânime louvação aos inúmeros predicados do Professor Doutor Antônio Natalino Manta Dantas.

Ainda noite, 22:00h... após o cocktail, cientes de ter cumprido a contento homenagem devida, os presentes retornam as suas casas onde repousarão o sono dos justos.

Estamos no ano de 2008:

O Professor Doutor Antônio Natalino Manta Dantas concede entrevista a uma emissora de rádio onde emite sua opinião a cerca do que lhe é perguntado e o mundo lhe cai sobre a cabeça.

Aqueles mesmos personagens que teriam comparecido prazerosamente ao salão nobre da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia para louvar o Professor Doutor Antônio Natalino Manta Dantas hoje se apressam a apedrejar-lhe; aqueles mesmos personagens que teriam comparecido prazerosamente ao salão nobre da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia para louvar o Professor Doutor Antônio Natalino Manta Dantas hoje lhe viram as costas.

Estranho, muito estranho...

O Professor Doutor Antônio Natalino Manta Dantas - médico sem consultório, cirurgião sem pacientes - através dos anos perseguiu colegas, humilhou alunos, conspurcou a instituição à qual serve, destruiu sonhos e amputou futuros sob a cúmplice e covarde aquiescência de muitos dos seus pares que o ampararam, que o apoiaram, que o ajudaram a galgar posições de mando e comando durante sua longeva e improdutiva vida acadêmica.

O Professor Doutor Antônio Natalino Manta Dantas, ao verbalizar o que pensa, profanou vacas sagradas, incomodou a lordes e comuns, resultando em iracundas e furibundas reações, mas parece que a ninguém incomodou ao viver a vida que viveu e vive, tanto que garbosa e concorrida homenagem certamente lhe seria prestada no ano de 2009.

Estranho, muito estranho...
Ao Professor Doutor Antônio Natalino Manta Dantas não é permitido dizer o que pensa, no entanto sempre lhe foi permitido fazer o que bem entendeu, inclusive ser nosso professor e ser professor de nossos filhos.

Estranho, muito estranho...

Hoje reagimos indignados às palavras do Professor Doutor Antônio Natalino Manta Dantas, mas ao longo dos anos nada fizemos para impedir seus atos. Com balbúrdia bairrista, reacionária e patrulheira, permitimos a uma nulidade ter em sua vida de fogo-fátuo o último lampejo, sua única glória.

Agora nada mais lhe resta, futuro não terá, passado jamais teve. O Professor Doutor Antônio Natalino Manta Dantas retornará a sua casa donde jamais sairá, em sua idade valetudinária nem mesmo merecerá a alcunha consoladora de venerando.

Velha sanfona desbotada, borocoxô e babaquara, ouvirá em sua rancorosa solidão sons de fisiológico peristaltismo entre pitadas de rapé.

E retornará ao Criador... seu esquive sacolejando sobre um carrinho de rodas rangentes empurrado por estranhos... aduladores e lacaios cultivados durante sua vida inútil lhe virarão as costas pois não mais o temerão, amigos não lhe darão o último adeus porque amigos não tem para pranteá-lo.

Mas quem sabe talvez alguém se apiede de sua alma, talvez alguém, ao olhar um velhinho seco, encarquilhado e carcomido o acompanhe a sua última morada.

Quem sabe, ao descer a terra úmida e fria, o Professor Doutor Antônio Natalino Manta Dantas possa ouvir o som pungente, doce e triste, tocado com maestria, de um berimbau de uma única corda.

André Romeo

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