Retomando o fio da meada, digito estas mal traçadas linha para falar um pouco sobre o meu destino após visitar Barcelona (a quem deixei com muita coisa ainda por ver!).
O tal destino a cidade de Carcassone, sul da França, posto de guarda fronteiriço quando o tratado dos Pirineus (1659) ainda não tinha deslocado a fronteira entre França e Espanha para o seu lugar mais óbvio e meridional: Os Pirineus
Carcassone era então prestigiada militar, política e comercialmente por estar na rota entre o mediterrâneo e o atlântico, e entre a Itália e a Espanha; no meio da meia lua ponteada por Marselha e Barcelona neste que hoje é o “país catalão” e que foi um dia a Occitânia, o Languedoc primordial.
Languedoc é o ajuntamento das palavras “langue” e “d’oc”, ou seja, a terra da “Língua do sim” (em provençal).
Linda e perfumada, iluminada por uma luz difusa e incaracterizável por palavras eis o Languedoc, ou melhor, o “Midi” (sul) francês!
Em tempo, do ponto de vista dos parisienses, ao meio-dia, o sol se posta exatamente sobre o sul; daí o porquê da fusão dos dois siginificados: meio-dia em francês (Midi) = sul geográfico!
Terra de tolerância e fartura, a occitânia abrigou os perseguidos e os apaixonados: terra dos Cátaros (ancestrais de Heloísa Helena e Marina Silva), dos trovadores e de Nostradamus!
Bem, como eu dizia, saíamos de Barcelona após quatro dias maravilhosos de comidas e passeios com destino a Carcassone por via ferroviária quando descobrimos que seria impossível pegar um trem naquele dia por causa da greve dos ferroviários franceses contra as reformas de Sarkozy!
Felizmente, foi facílimo conseguir um reembolso e entrar no próximo ônibus com destino a Narbonne (cidade próxima a Carcassone) onde pegaríamos outro ônibus para nosso destino final.
Chegamos ao final da tarde ainda a tempo de fotografar o entardecer num show de luminosidades, que penso, seja peculiar daquela região.
Carcassone é uma cidade medieval bem restaurada e protegida pela Unesco. Cenário de conto de fadas, suas fortificações coroam a margem íngreme acima do rio Aude, com vista para a cidade baixa (extra-muros): a Basse Ville.
Carcassone (um oppidum, ou seja, cidade na colina) foi construída e consolidada pelos romanos no século II a.C. na colina de Carsac e receceu deles o nome de Carcaso; foi elemento chave nos conflitos medievais entre França e Espanha.
Em seu auge, no século XII, foi governada pelos Trencavel que constituíram o castelo e a catedral.
Carcassone viveu um período de decadência após o supracitado Tratado dos Pirineus (1659) até a sua restauração meticulosa comandada pelo arquiteto Violet-le-Duc já no século XIX.
A cidade evoca sonhos de infância com seus muros, torres e uma atmosfera de medievalismo idealizado nos turistas que acorrem em grandes grupos na alta estação.
Local de muitos donos, Carcassone foi romana, visigótica, mussulmana, franca e barcelonesa; palco de sonhos e massacres, fé e perseguição, desespero e esperança; esta foi a parada seguinte de Morpheus após Barcelona.
No próximo post falarei um pouco sobre os cátaros e seus castelos; seus ideais de pureza e sobre a culinária dos arredores: muito foie gras, zarzuelas e cassoulets!
Antes que me esqueça, a partir deste ponto da viagem e bordo de um Peugeot 307 a diesel, começamos a utilizar na prática as informações colhidas no site Mappy onde se pode planejar intinerários detalhados inclusive com informações acerca da localização de radares e consumo de combustível!
Vale a pena conferir
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