Bahia de todos os sambas!
A Bahia foi assim chamada de "Todos os Santos" porque foi descoberta em 1º de novembro.
No dia seguinte os finados eram comemorados e, um mês depois a partir de data recente, é dia de homenagear o samba.
Do cansaço transubstanciado ao final do dia nos canaviais do recôncavo baiano, o samba nasceu na roda para descarregar em passos miúdos sobre a poeira do terreiro, a tensão acumulada nas pernas ao longo da jornada de labuta.
Dois de dezembro,
Dia do Samba!
Ritmo, dor, o grande poder tranformador.
Samba é como champanhe:
Samba-se para comemorar,
Samba-se para esquecer
Samba-se para amar
Samba-se para viver
Do Semba ao Samba, quem se importa?
O samba nasceu cá na Bahia e se hoje carece de poesia, ainda é negro demais no coração.
De Donga ao século XXI,
Sua divisão ritmica será sempre a estrutura sobre a qual se construirá qualquer manifestação de brasilidade sincera.
Como o Recôncavo,
O Samba é curvo, duas vezes curvo!
Como as curvas de Niemeyer
Como nossas vetustas montanhas
Como as bundas das mulatas de Carybé
Como as bochechas de Dorival
Como a silhueta dos instrumentos musicais que lhe dão voz
Como as voltas que dá o mestre-sala em torno da esbelta porta-bandeira
Como a voz de João
Parte da matriz primordial do universo,
Arrisco dizer que o samba sempre existiu.
Não poderia assim ter sido criado
O Samba, por assim dizer, foi descoberto.
Eu, como o Samba, sempre existi.
Ocorreu-me apenas de ser descoberto num dia 02 de dezembro
Para que já na festa da Conceição da Praia comemorássemos juntos, 06 dias de vida
Sambamos juntos, a seguir, no Bonfim, na Lapinha (onde quero que me enterrem, calça culote e paletó almofadinha!), na Ribeira e na Boa Viagem.
Dois meses depois, também num dia dois
Sambaríamos ainda no Rio Vermelho
Depois disso, Pituba e Itapoã
Cansados,
Convidamos o frevo para o Carnaval e descansamos na Quaresma enquanto ele me contava como tinha recebido D0m João VI
Feliz aniversário ao Samba!
Sotaque da minha ginga
R.G. musical do Brasil
Na cantiga do canavial
No terreiro ao fim do dia
No acalanto da ama de leite
Antes do adormecer
P.S.
Instituído em 1963 e comemorado em praça pública desde 1972, o Dia do Samba será marcado este ano, em Salvador, por pompa e circunstância, direito à polêmica e, é claro, muito samba no pé. Além de reunir para os shows grandes nomes da música popular, como Gilberto Gil, D. Ivone Lara, Luiz Melodia, Nei Lopes e Neguinho da Beija-Flor, os organizadores pretendem gerar um debate nacional acerca das origens deste ritmo musical: Afinal, o samba nasceu ou não na Bahia?
A proposta é, segundo revela o canto e compositor Edil Pacheco, um dos criadores do evento, promover uma grande discussão e reflexão entre sambistas e estudiosos do ritmo sobre as origens, a importância e as perspectivas do samba na Bahia e no Brasil, além de estimular o interesse do público jovem pelo gênero. "A idéia de que o samba não nasceu na Bahia vem sendo amplamente disseminada nos últimos anos no eixo Rio-São Paulo. Portanto, precisamos reafirmar a participação do nosso estado nesse contexto, sobretudo pela importância que este ritmo representa para a nossa cultura", acrescenta o diretor teatral e produtor cultural, Paulo Dourado, que também participa da organização do evento.
De fato, a história do samba está diretamente relacionada à história da formação cultural do povo baiano. As pesquisas sobre o tema indicam que, possivelmente, o termo samba seja uma corruptela de semba, palavra de origem africana, da região de Angola e do Congo, que significa umbigada, batuque ou ainda dança da umbigada. O ritmo festivo foi trazido para o Brasil pelos escravos oriundos desta região e aqui se tornou uma forma de expressão do sofrimento vivido por eles no cativeiro e nas senzalas.
Durante o período colonial, o samba foi enriquecido com palmas e como instrumentos, como a viola, o violão, o triângulo, a cuíca e o pandeiro. O ritmo se desenvolveu principalmente no Recôncavo Baiano, mais precisamente nos engenhos de cana-de-açúcar, para onde foi levada à maioria dos escravos originários de Angola. Ali, ganhou a forma conhecida hoje como samba de roda. A partir de 1860, em conseqüência da abolição da escravatura e do fim da Guerra de Canudos, houve um grande fluxo migratório de negros e mestiços de várias partes do país, sobretudo da Bahia, para o Rio de Janeiro, então capital do Brasil, em busca de trabalho e de melhores condições de vida. A maioria se instalou em locais periféricos, mais especificamente nas imediações do Morro da Conceição, Pedra do Sal, Praça Mauá, Praça XI, Cidade Nova, Saúde e na Zona Portuária. Muitas baianas, descendentes de escravos, alojaram-se nestes bairros. Abriram pequenos bares e restaurantes, que funcionavam em suas próprias casas, e ficaram conhecidas como as Tias Baianas ou Tias do Samba.
Nas casas dessas Tias, os baianos se reuniam para comer, beber e cantar. A mais conhecida delas foi Tia Ciata, uma das responsáveis pela sedimentação do samba-carioca. Em sua casa, várias composições foram criadas e cantadas de improviso, como o samba Pelo telefone, gravada pelo baiano Ernesto Joaquim Maria dos Santos, o Donga, atribuída por alguns historiadores, equivocadamente, como o primeiro samba gravado. Na verdade, a primeira música deste ritmo a ser gravada foi Isso é bom, de Xisto Bahia. O erro tem origem no fato da música de Donga conter um subtítulo samba no rótulo do disco, o que não ocorreu com a de Xisto Bahia.
Como a própria história do samba, o Dia do Samba também é cercado de curiosidades. A data foi instituída em 2 de dezembro de 1963, pelo então vereador Luís Monteiro da Costa, em homenagem à primeira visita de Ary Barroso a Salvador. Já mundialmente famoso pela sua composição Na Baixa dos Sapateiros, Ary Barroso compôs a música sem jamais ter colocado os pés na Bahia. O fato inusitado chamou a atenção do vereador que considerou importante marcar aquela data. Cerca de uma década depois, em 1972, foi promovido em grande evento, no Campo Grande, para comemorar a data que acabou sendo esquecida durante aquele período. Denominado Noite do Samba e do Dendê, contou com a participação de Gilberto Gil, Ederaldo Gentil, Batatinha, Riachão, Panela, Tião Motorista, Edil Pacheco e muitos outros.
Desde então o evento marcou o cenário nacional e tem sido comemorado sem interrupção, no Centro Histórico de Salvador, em reconhecimento à importância do gênero na matriz rítmica da música brasileira e à sua presença sempre renovada na cultura baiana. Nos últimos anos, o Dia do Samba tem-se expandido, através de eventos similares no Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerias, Recife e em outras capitais.
- A conferir, mais uma "coisa" que nasce em um 02 de dezembro: A TV digital Brasileira. Se puxar a mim e ao Samba, vai ser muito bacana(!)
- alguém teve a idéia interessante de montar um site com fotos tiradas em locais onde é proibido fotografar: www.strictlynophotography.com. Faça uma visita e bote pilha no projeto!
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