novembro 17, 2007

Para terminar Barcelona, ufa!

Barcelona é mais do que a capital da Catalunha. Na cultura, no comércio e nos esportes, a cidade não só rivaliza com Madri (na minha opinião, dá de 10 a zero!), como também se considera à al­tura das grandes cidades européias. O sucesso dos Jo­gos Olímpicos realizados no parque Montjuic em 1992 confirmou sua posição perante o mundo. Embora a Cidade Velha (Ciutat Vella) tenha muitos monumentos históricos, Barcelona é mais conhecida pelos edifícios do Eixample, testemunhos da explosão artística do modernismo no começo do século.

Aberta às influências externas devido à sua localização costeira, seu porto é um dos mais movimentados do Mediterrâneo. Próxima da fronteira com a França, Barcelona continua cheia de criatividade: seus bares e parques têm mais de design contem­porâneo do que de tradição.

Quase ao fim do século 19, surgiria em Barcelona um novo estilo de arte e arquitetu­ra, chamado Modernisme (uma variação da Art Nouveau). Foi a maneira pela qual o nacionalismo catalão se expressaria. Seus maiores expoentes foram Josep Puig, Cadafalch, Lluís Domenech, Monntaner e, sobretudo, Antoni Gaudí i Cornet. Gaudí foi autor ou colaborador em trabalhos sobre quase todos os suportes conhecidos. Ele combinava materiais básicos - madeira, pedra, entulho e tijolo com artesanato meticuloso em ferro e vitrais. Mosaicos de azulejos em cerâmica eram usados para revestir suas formas fluidas e desiguais.

O Eixample está repleto de edifícios originais criados por eles para seus ricos clientes.

Cidade velha

A cidade velha, cortada pela mais famosa avenida de Barcelona, Las Ramblas, é um dos mais exten­sos e harmoniosos centros medievais da Europa. No Barrio Gòtic (Bairro Gótico) estão a catedral e o antigo palá­cio real. Ao lado, fica La Ribera, com muitas mansões do século 14 uma delas é ocupada pelo Museu Picasso.
Esta área é circundada pelo belo Parc de la Ciutadella, onde se encontra o Museu d'Art Modern e o zoológico. Na área em frente ao mar há vários quilômetros de praias banhadas pelo Mediterrâneo, desde a Vila Olímpica até o Porto Velho, onde ficam os es­taleiros históricos, a elegante marina e um agradável calçadão .

O Barri Gàtic (Bairro Gótico) é o verdadeiro cen­tro de Barcelona. A parte mais antiga da cidade de foi o lugar escolhido pelos romanos, no rei­nado de Augusto (27 a.c. a 14 d.C.), para fundar a nova colônia. Desde então, é o lugar onde fi­cam os edifícios administrativos de Barcelona. O fórum romano ficava na P]aça de Sant Jaume, onde hoje se encontra o Palau de la Generalitat (uma construção medieval), parlamento da Catalunha, e a Casa de la Ciutat (prefeitura). Perto fica também a catedral gótica e o palácio real, onde Colombo foi recebido por Fernando e Isabel na volta de sua viagem ao Novo Mundo, em 1492 (os índios trazidos foram batizados na catedral).

OS JUDEUS EM BARCELONA

Do século 11 ao 13, os judeus dominaram o comércio e a cultura de Barcelona for­maram médicos e fundaram O primeiro centro de ensino da cidade. Mas, em 1243, 354 anos depois que sua presença na cidade foi documentada pela primeira vez um violento espírito anti-semita os levou a se restringirem ao gueto de El Call. Para pro­teçao, o gueto tinha uma só entrada, que levava a Plaça de Sant Jaume.
Os judeus pagavam altos impostos ao rei que os considerava "servos reais". Em compensação tinham o privilégio de lidar com a maior parte do comércio lucrativo da Catalunha com o norte da África. A perseguição oficial e da po­pulaçao levou ao desaparecimento do gueto em 1401, 91 anos antes de o Judaísmo ser proscrito da Espanha . Originalmente, havia três sinagogas em Barcelona: a principa1 na Carrer Domenec del Call, da qual só restam as fundações. Uma tabuleta do século 14, em hebraico, incrustada na parede do nº 1 da Carrer Martlet, diz: "Fundação Sagrada do rabino Samuel Hassardl, para quem a vida nunca termina". (!!!!)

Barcelona se constitui numa exceção à regra que prescreve a presença de Judeus como essencial para o desenvolvimento comercial.

A catedral de Barcelona

Esta catedral gótica, com uma capela românica (Capella de Santa Lúcia) e um belo claustro, começou a ser cons­truída sob Jaime II sobre as fundações de um templo romano e mesquita mourisca. Não foi terminada até o fim do século 19, quando a fachada principal ficou pronta. Uma tribuna decorada de mármore branco, es­culpida no século 16, mostra o martírio de santa Eulália, a padroeira da cidade. Ao lado da pia batis­mal, uma placa lembra o batis­mo de seis índios do Cari­be, trazidos por Colombo da América em 1493. Pense nisso e ouça a La Catedral de Agustín Barrios.

Las Ramblas

A histórica avenida de Las Ramblas (Les Rambles, em catalão) é cheia de vida durante as 24 horas do dia principalmente à noite e nos fins-de-semana. Bancas de jornal, pássaros engaiolados, flores, leitura de tarô, artistas de rua em geral ocupam o largo e sombrados do calçadão central. Entre os edifícios famosos estão a Ópera Liceu, o mercado La Boqueria e algumas mansões.

Como Explorar Las Ramblas

O nome desta avenida com­prida - também conhecida co­mo La Rambla - vem do árabe ramla (leito seco de rio sazo­nal). A muralha de Barcelona, do século 13, acompanhava a margem esquerda desse rio, que corria das colinas de Coll­serola até o mar. Conventos, monastérios e a universidade foram construídos na margem oposta, no século 16. Com o passar do tempo, o leito do rio foi aterrado. Os edifícios foram demolidos, mas são lembrados nos nomes das cinco Ramblas que compõem a grande avenida entre a Plaça de Catalunya e O Port Vell (Porto Velho). Hoje, hótéis, mansões, lojas e cafés ladeiam a avenida.

PABLO PICASSO EM BARCELONA

Pablo Picasso 0881-1973) nasceu em Málaga e tinha quase 14 anos quando veio para Barcelona, onde seu pai conse­guira trabalho na academia de arte. Picasso se matriculou nessa academia e foi um talento precoce, Visitava assidua­mente Els Quatre Gats (vá entre olhe fotografe e vá comer noutro lugar!) - um café frequentado por artistas que ainda existe na Carrer Montsió - e lá fez sua primeira exposição, Também se apresentou na Sala Parks, uma galeria ainda ativa na Carrer Petritxol A família morava na Carrer Mercé e Picasso tinha seu estúdio na Carrer Nou de la Rambla. Foi entre as prostitutas da Carrer Avinyò que buscou inspiração para o quadro Senhoritas de Avignon (1906-7), considerado por muitos historiadores de arte como a origem da arte modema.

Picasso trocou Barcelona por Paris no início dos anos 20, mas, no começo, voltou varias vezes. Com a Guerra Civil, sua oposição a Franco fez com que ficasse na França. Ainda desenhou um friso para O Colégio de Arquitetos de Barcelona (1962) e permitiu que a
cidade abrisse, no ano seguinte, um museu seu.

O Eixample (A expansão)

Barcelona afirma ter a maior (coleção de edifícios Art Nou­veau de toda a Europa. O estilo, conhecido na Catalunha como Modernisme, floresceu a partir de 1854, quando se decidiu derrubar as muralhas medievais para permitir que a cidade se desenvolvesse no que havia sido anteriormente uma zona militar sem construções.
Os projetos do engenheiro civil Ildefons Cerda i Sunyer (1815-76) foram escolhidos para esta expansão (eixample) emdireção ao interior. Os planos seguiam rígida disposição de ruas perfeitamente simétricas, com esquinas que permitiam que os edifí­cios, tivessem vista para os dois lados deum cruzamento ou para praças.
Entre as poucas exceções a esse pla­nejamento, há a Diagonal - uma avenida principal que se vai da prós­pera área de Pedralbes até o mar - ­e o Hospital de la Santa Creu i de Sant Pau, do arquiteto modernista Domenech i Montaner (1850- ­1923). Ele não suportava esse sistema de ruas e posicionou o hospital em ângulo com vista para a diago­nal Avinguda de Gaudí, em di­reção à Sagrada Família, igreja de Antoni Gaudí, o mais espetacular edifício modernista da cidade, A riqueza e a paixão pelo novo da elite co­mercial de Barcelona permiti­ram que os arquitetos tivessem total liberdade ao projetar as casas particu­lares e os edifícios públicos ela cidade.

Quadrat d’Or

Os cento e poucos quarteirões de Barcelona que têm como centro o Passeig de Gràcia
são conhecidos como o Quadrat d'Or (de ouro), pois aqui estão muitos dos melhores
edifícios modernistas da cidade. Esta foi a área dentro do Eixample preferida pela burguesia, que abraçou o novo estilo artístico e arquitetônico com entusiasmo, não só para suas residências como também para os edifícios comerciais. O mais extraordinário a Illa de la Discòrdia, um único quarteirão que contém casas criadas pelos mais ilustres expoentes do Modernisme. Muitas podem ser visitadas, revelando uma festa de vitrais, cerâmicas e trabalho ornamental em ferro.

Antônio Gaudí

Nascido em Reus (Tarragona) em uma família de artesãos. Gaudí foi o expoente do Modernisme catalão. Após trabalhar como aprendiz de ferreiro, ele ingressou na Escola de Arquitetura de Barcelo­na. Inspirado na busca nacionalista de um passado medieval românti­co,
seu trabalho foi extremamente original. Sua primeira grande reali­zação foi a Casa Vicens (1888), no nº 24 da Carrer de les Carolines.
Sua mais famosa construção é a igreja da Sagrada Familia à qual dedicou sua vida a partir de 1914. Gaudí colo­cou todo seu dinheiro no projeto, e às vezes ia de casa em casa pedindo mais, até sua morte, poucos dias depois de ser atropelado por um bonde (de tanto andar na linha...)
o seu Temple Expiatori de la Sagrada Familia, é o emblema de uma cidade que se sente única. Repleta de símbolos inspirados na natureza e se esforçando para ser original, é a maior obra de Gaudí. Em 1883, um ano após o início da construção de uma igreja neogótica no local, a tarefa de concluí-la foi confiada ao arquiteto, que mudou tudo, improvisando à medida que trabalhava. Tornou-se a obra de sua vida -ele viveu recluso aqui durante 16 anos. Quando morreu, somente uma torre na fachada da Natividade havia sido terminada. As outras têm sido concluídas com base no projeto original. Depois da Guerra Civil, o trabalho foi retomado e continua até hoje, com contribuições públicas. Gaudí está enterrado na cripta.

A sua catedral é a mais magnífica demonstração da eficiência do "arco catenário", uma solução para sustentar altas cúpulas sem a necessidade de reforços laterais. Toda a carga é entregue ao chão através da disposição parabólica do arco (a mesma de uma corrente - ou cadena, em espanhol - segura com folga entre dois pontos de apoio nas suas extremidades)Na modesta opinião de Morpheus há poucas igrejas a serem visitadas no mundo; vai abaixo minha relação:


Igreja de Santa Sophia em Istanbul

Catedral do Vaticano

Notre Dame de Paris

Panteão Romano (por quê não?)

Santiago de Compostela

Sagrada Família em Barcelona

Senhor do Bomfim na Bahia

O resto é repetição!

A IGREJA TERMINADA

A ambição inicial de Gaudí tem sido redu­zida, mas o projeto para a conclusão do edifício ainda é impressionante. Ainda está por ser cons­truída a torre central, cir­cundada por quatro grandes torres represen­tando os evangelistas. Quatro torres da facha­da da Glória (sul) com­binarão com as quatro já existentes na da Paixão (oeste) e na da Natividade (leste). Um deambulatório - como um claustro de dentro para fora - rodeará a parte externa do edifício.

MONTJUIC

A COLINA DE Montjuïc, que tem 213m de altura e se ergue sobre o porto comercial no sul da cidade, é a maior área de lazer de Barce!ona. Seus museus, galerias de arte, parques de diversões e boates fazem com que seja muito procurada de dia e à noite.

Provavelmente existiu uma colônia celtíbera aqui, antes que os romanos construíssem um templo a Júpiter em seu Mons Jovis, que pode ter gerado a palavra Montjuïc, embora outra teoria sugira que um cemitério judeu na colina tenha inspirado o nome Monte dos Judeus. Em razão da ausência de água, havia poucos edifícios públicos em até a construção do cate­lo em 1640. A colina transformou-se no que é hoje, no entanto, ao se tornar o local da Feira Internacional de 1929, quando foram construídos os edifícios da porção norte e a imponente Avinguda de la Reina María Cristina que, ladeada por enormes salões de exposições, leva até a Plaça d'Espanya. No meio da avenida fica a Font Màgica, que às vezes é iluminada com luzes coloridas. Acima fica o Patau Nacional, sede da grande coleção de arte da capital catalã, O Poble Espanyol, perto, é um centro de artesanato que reproduz prédios típicos de todas as regiões da Espanha. A última onda, de construções no Montjulc ocorreu nos Jogos Olímpicos de 1992, com instalações esportivas de categoria internacional.
Montjuïc oferece uma vista espetacular da cidade. A área é rica em galerias de arte e museus, e tem parque de diversões e teatro ao ar livre, além de um jardim de rosas. Os edifícios mais interessantes ficam ao redor do Palau Nacional, onde se encontra a mais importante coleção de arte românica da Europa.
Pode-se chegar a Montjulc pela Plaça d'Espanya, caminhando entre pilares de tijolos que imitam o campanário de São Marcos, em Veneza, o que dá uma amostra do ecle­tismo arquitetônico. Se o Poble Espanyol mostra a arquitetura tradicional, a Fundació Joan Miró é moderna e ousada.


Descansarei deste postzinho quilométrico para postar o "resto" sob a forma de um slideshow daqui a alguns dias.

Até lá!

P.S. A trilha sonora de uma animação naïve/hightech me acompanhou nestes dias. Clique na imagem abaixo para ouvir uma maravilhosa fusão de música árabe e tradição erudita arranjada por um Israelense. O link não ficará disponível por muitos dias portanto baixe logo e se gostar comente!

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