"Sinto a mão de Deus na minha mão", escreveu o poeta Paulo César Pinheiro, sob a valsa Sete Cordas, composta por um iniciante Raphael Rabello. Paulo definia o assombro que o violão de Raphael imprimia em seus interlocutores - os que tiveram oportunidade de vê-lo ao vivo, ou os que reconhecem em sua música um legado definitivo, dissociado de tendências e nacionalidades.
Raphael compunha canções com data de validade para muito além dos efêmeros 32 anos de vida do compositor, morto em 95, vítima de uma parada cardiorespiratória. As irmãs Amélia e Luciana Rabello resolveram revelar as 18 canções compostas por Raphael, 15 com letra de Paulo César Pinheiro, três com versos de Aldir Blanc. Todas na voz de Amélia Rabello, a intérprete preferida do compositor.
Raphael teve apenas dois parceiros na poesia: Paulo César Pinheiro e Aldir Blanc foram os únicos a sobrepor versos em suas melodias. Segundo o depoimento do próprio Raphael, foi a partir da letra de Sete Cordas, tema originalmente composto para o álbum Raphael Sete Cordas, seu primeiro disco solo, que o instrumentista começou a compor melodias para serem letradas. "Paulo César Pinheiro foi quem me levou para esse caminho de fazer composições para o canto. A partir do poema Sete Cordas, que ele escreveu para uma valsa minha, fiquei estarrecido. Tomei gosto e vi, nessa poesia, a história da minha vida", atribuía Raphael.
Sete cordas
Nada me fará sofrer
Pois trago junto ao coração
O bojo do meu violão cantando
Nada me dá mais prazer
Nem mesmo uma grande paixão
Que o som das sete cordas do meu violão tocando
E eu me vejo a obedecer
Eu nem sei bem porque
E sinto uma transformação
E os acordes nascem sem querer
Sem querer desponta uma canção
E eu sinto o coração nos dedos
Passeando em calma
Afugentando os medos
Que residem n'alma
E deixo me envolver
Pelo braço do meu violão
E o peito meu, fibra por fibra
Apaixonado vibra
Com prima e bordão
E é aí
Que eu sinto a mão de Deus
Na minha mão
Eu me ponho a dedilhar
Com emoção e fervor
As velhas melodias
Cheias de harmonias novas
E nesse instante então
Eu sou um sonhador
Acompanhante das canções de amor
Chego a cantar sem perceber
Alguns versos e trovas
E aí começo a ver que eu nunca fui sozinho
Meu violão me acompanhou por todo o meu caminho
E isso eu quero agradecer
Fazendo uma canção, falando de você
Amigo violão
Que comigo estará
Até eu morrer
Nada me fará sofrer
Pois trago junto ao coração
O bojo do meu violão cantando
Nada me dá mais prazer
Nem mesmo uma grande paixão
Que o som das sete cordas do meu violão tocando
E eu que vivo a obedecer
Eu nem sei bem porque
E sinto uma transformação
E os acordes nascem sem querer
Sem querer desponta uma canção
E eu sinto o coração nos dedos
Passeando em calma
Afugentando os medos
Que residem n'alma
E deixo me envolver pelo braço do meu violão
E o peito meu, fibra por fibra
Apaixonado vibra
Com prima e bordão
E é aí
Que eu sinto a mão de Deus
Na minha mão
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