Um domingo luminoso marcou o fim de semana na Bahia.
Beto Guedes não teria desculpa para ainda não ter escrito sua canção!
Temperaturas de 23 a 25 graus no início da manhã inspiram posts com starting gambles britânicos.
Textos diversos me aguardavam;
A revista Veja chega exibindo na capa o ministro-relator Joaquim (que por sua vez tambem ostenta uma capa) como o mais batman dos membros da liga da justiça.
Uma capa dentro da outra com um ministro no meio!
Que é que isso quer dizer?
Abri o imperativo hebdoma(n)dário, infelizmente insensato para os cegos, para ver uma imensa reportagem sobre a trajetória de Joca.
Emocionante, auspiciosa.
Num país em que homens públicos disputam a tapa o espaço no salão de baile dos indecentes, Joca baila folgado na sala dos bem-formados.
Como bola fora, criticaria a citação do termo "negritude" de uma forma pouco inteligente, como uma das coisas que não interessariam ao ministro.
Não sei se a revista ou o ministro sabem lá o que significa o termo mas trata-se de um conceito profundo cuja criação pelo poeta/presidente do Senegal, Léopold-Sédar Senghor (foto ao lado - também agregado de gramática francesa) define de uma forma inescapável para os negros, o seu modus operandi social.
Platão ficaria feliz em escrever uma resenha sobre o assunto.
Se o rei filósofo ainda não subiu ao poder, pelo menos no supremo, o cenário não é tão desolador.
Platão me veio à cabeça também porque me lembrei de um dos diálogos em que Sócrates discute com Protágoras (um sofista, um filósofo do mal!) se a virtude poderia ser ensinada; bem, se a virtude fosse uma forma de conhecimento, sim; caso contrário, não.
Mas então, o que seria a virtude?
A discussão começa a partir da constatação de que a uma geração virtuosa, muitas vezes se segue uma degenerada; onde estaria a falha em uma possível pedagogia da virtude?
Seria fagulha para um grande incêndio mas eu deixei a Veja de lado e tomei em mãos o texto que me ocuparia a manhã:
"O direito à preguiça", de Paul Lafargue, publicado em 1842.
Acho que só por ignorância este manifesto iconoclasta do genro de Marx não foi entronizado como constituição na Bahia!
Paul Lafargue diagnostica neste livro, as raízes da formação da sociedade de consumo e como a idéia de trabalho como virtude foi o gatilho de tudo.
Tudo de ruim, bem entendido!
Lafargue estava vendo a introdução dos teares mecânicos e não entendia como a classe trabalhadora não se aproveitava disso para trabalhar menos. Muito pelo contrário, reinvindicava o trabalho como um "direito" a ser respeitado.
Para competir com as máquinas, os trabalhadores de então see vendiam cada vez mais barato e por mais horas!
Uma loucura, dissecada com humor, ironia e lógica neste pequeno texto bilíngüe (francês/português).
Entre outras pérolas, Lafargue ironiza a idéia de o Criador ter trabalhado seis dias e descansado no sétimo: "Ele passou uma eternidade sem fazer nada, trabalhou seis dias e em vez de descansar no sétimo, como dizem os beatos, tirou férias de novo e está descansando até hoje!"
He he he!
Leia o texto para saber:
Como a tarde de sábado foi transformada em folga
Como o proletariado passou a ser visto como consumidor potencial quando a burguesia não sabia mais para quem vender
Como a fabricação de produtos frágeis e pouco duráveis foi uma das primeiras soluções encontradas para manter girando a roda do consumo.
Como o aumento do preço da mão de obra força o desenvolvimento do ferramentário industrial: enquanto o bóia-fria for mais barato que a colheitadeira, 0 fazendeiro não a comprará! (isso me faz cogitar o que a bolsa-família poderia ter a ver com uma modernização rural no Brasil)
Etc Etc Etc.
Diagnósticos incríveis, para você e para os que o cercam, podem vir-lhe à mente com leitura deste pequeno texto.
Não deixe de ler!
E se quiser complementar os insights que você terá, tente assistir ao documentário "Why we fight" no qual é mostrado como os interesses comerciais da indústria bélica americana mantêem as guerra acontecendo mundo afora desde que a ameaça russa se mostrou vencida.
P.S. Ao assistir o Manhattan Conection deste domingo foi-me inevitável não imaginar o Diogo Mainardi como uma versão adulta do personagem Ed Monstro, o vampirinho, filho de Herman no antgo seriado da TV!
Confira prá ver se não é a cara!
Ainda tentei assistir, quase meia-noite, ao programa do Discovery Channel dedicado ao Brasil na série Atlas mas quando ouvi a floresta EQUATORIAL amazônica ser chamada de tropical e a descrição de um altar de Umbanda como de Candomblé, vi que se tratava de um programa de gringo para gringo: erros grosseiros e estereótipos!
Bom, aí me lembrei do Morpheus!
Volto já!
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