agosto 01, 2007

Comece com Nelson e termine no elevador.

O sábio Nelson Rodrigues, entre seus mais inspirados aforismos, criou este que inicia o post:

"A abstinência é o mais eficaz dos afrodisíacos"

Que beleza hein?
Se quisermos desejar, é só abstermos-nos um pouco; é por isto que o dinheiro que tudo compra, mata o desejo com sua lâmina d'argent.

Se você bebe uma Don Pèrignon todo dia jamais beberá com a mesma felicidade de quem abre uma para celebrar o Reveillon, por exemplo.
Porém se a abstinência não lhe trouxer o desejo, consuma mesmo assim (o que quer que seja!) em nome do prazer da nostalgia.
Se no entanto, nem a isto você estiver apto, aconselho-o sinceramente a fazer o seu próximo check-up médico com um legista: cê tá morto!

pausa...

Pois então, prepare-se para o aumento do desejo que pretendo provocar-lhe me abstendo de postar nos próximos dias, quando estarei incomunicável.
Juro que se as fotos ficarem boas, serão postadas!
Deixarei,no entanto, algumas sugestões enquanto esperam por mim:

Nietzsche: O crepúsculo dos ídolos.


Saia da ignorância sobre este alemão mucho certo que, como o nome diz, não deixou pedra sobre pedra neste livro (um dos últimos) que é uma espécie de síntese do seu estilo e do seu pensamento: a edição nacional é de 2006 e a tradução está muito bem cuidada.

São cento e poucas páginas que podem (ou não!) mudar sua vida ou, no mínimo, ajudar a entender o ocidente atual, seus erros e seus acertos; inclua aí o nazismo e o pragmatismo.

Você não vai deixar esta oportunidade passar, não é?

POR QUE LER NIETZSCHE HOJE?

Dentre os clássicos da filosofia moderna, Nietzsche talvez seja o pensador mais incômodo e provocativo. Sua vocação crítica cortante o levou ao submundo de nossa civilização, sua inflexível honestidade intelectual denunciou a mesquinhez e a trapaça ocultas em nossos valores mais elevados, dissimuladas em nossas convicções mais firmes, renegadas em nossas mais sublimes esperanças. Essa atitude deriva do que Nietzsche entendia por filosofia.Para ele, filosofar é um ato que se enraíza na vida e um exercício de liberdade. O compromisso com a autenticidade da reflexão exige vigilância crítica permanente, que denuncia como impostura qualquer forma de mistificação intelectual. Por isso, Nietzsche não poupou de exame nenhum de nossos mais acalentados artigos de fé. O destino da cultura, o futuro do ser humano na história, sempre foi sua obsessiva preocupação. Por causa dela, submeteu à crítica todos os domínios vitais de nossa civilização ocidental: científicos, éticos, religiosos e políticos.Nietzsche é um dos grandes mestres da suspeita, que denuncia a moralidade e a política moderna como transformação vulgarizada de antigos valores metafísicos e religiosos, numa conjuração subterrânea que conduz ao amesquinhamento das condições nas quais se desenvolve a vida social. Nesse sentido, ele é um dos mais intransigentes críticos do nivelamento e da massificação da humanidade. Para ele, isso era uma conseqüência funesta da extensão global da sociedade civil burguesa, tal como esta se configurou a partir da Revolução Industrial. Nietzsche se opõe à supressão das diferenças, à padronização de valores que, sob o pretexto de universalidade, encobre, de fato, a imposição totalitária de interesses particulares; por isso, ele é também um opositor da igualdade entendida como uniformidade. Assim, denunciou a transformação de pessoas em peças anônimas da engrenagem global de interesses e a manipulação de corações e mentes pelos grandes dispositivos formadores de opinião.O esforço filosófico de Nietzsche o levou a se confrontar com as grandes correntes históricas responsáveis pela formação do Ocidente: a tradição pagã greco-romana e a judaico-cristã; e o que resultou da fusão entre as duas.Ao longo desse seu confronto com o conjunto da herança cultural de nossa tradição, Nietzsche forjou conceitos e figuras do pensamento que até hoje impregnam nosso vocabulário e povoam nosso imaginário político e artístico. Tais são, por exemplo, as noções de Apolo e Dionísio, transformadas em categorias estéticas, os conceitos de vontade de poder, além-do-homem (Übermensch), eterno retorno e niilismo e a figura da morte de Deus.É impossível se colocar à altura dos principais temas e questões de nosso tempo sem entender o pensamento de Nietzsche. Ateísta radical, ele atribui ao homem a tarefa de se reapropriar de sua essência e definir as metas de seu destino. Dele afirma o filósofo Martin Heidegger: "Nietzsche é o primeiro pensador que, perante a história universal pela primeira vez aflorada em seu conjunto, coloca a pergunta decisiva e a reflete internamente em toda a sua extensão metafísica. Essa pergunta reza: como homem, em sua essência até aqui, está o homem preparado para assumir o domínio da terra?"1 Nesse sentido, Nietzsche é o pensador de nossas angústias, que não poupou nenhuma certeza estabelecida --sobretudo as suas próprias convicções-- e desvendou os mais sinistros labirintos da alma moderna. Com a paixão que liga a vida ao pensamento, Nietzsche refletiu sobre todos os problemas cruciais da cultura moderna, sobre as perplexidades, os desafios, as vertigens no fim do século 19. Dessa sua condição, postado entre o final e o início de duas eras, Nietzsche esboçou um quadro que, em todos os seus matizes, nos concerne ainda, na passagem a um novo milênio, em direção a um destino que ainda não se pode discernir.A despeito de sua visão sombria, Nietzsche tentou ser, ao mesmo tempo, um arauto de novas esperanças. Sua mensagem definitiva --a criação de novos valores, a instituição de novas metas para a aventura humana na história-- é também um cântico de alegria. Essa é uma das razões pelas quais o estilo de Nietzsche resulta da combinação paradoxal de elementos antagônicos: sombra e luz, agonia e êxtase, gravidade e leveza.Isso explica por que, para ele, o riso e a paródia são operadores filosóficos inigualáveis: eles permitem reverter perspectivas fossilizadas. Nietzsche, o impiedoso crítico das crenças canônicas, é também um mestre da ironia. Sua ambição consiste em tornar superfície o que é profundidade, restituir a graça ao peso da seriedade filosófica.Opositor ferrenho da dialética socrática, Nietzsche reedita, no mundo moderno, o gesto irônico do pai fundador da filosofia ocidental. Decisivo adversário de Platão, sua filosofia talvez possa ser caracterizada como uma inversão paródica do platonismo. Definindo-se como o mais intransigente anticristão, dá, no entanto, à sua autobiografia intelectual, escrita no final de sua vida, o título Ecce Homo ("Eis o Homem") --expressão empregada por Pilatos ao apresentar Jesus a seus algozes, pouco antes da Paixão.Nietzsche, o filósofo-artista, um poeta que só acreditava numa filosofia que fosse expressão das vivências genuínas e pessoais, vendo na experiência estética uma espécie de êxtase e redenção, é, por isso mesmo, um precursor da crítica a um tipo de racionalidade meramente técnica, fria e planificadora. A despeito da profundidade e da gravidade das questões com que se ocupa, sempre as tratou em estilo artístico, poeticamente sugestivo; só acreditava na autenticidade de um pensamento que nos motivasse a dançar. Ele mesmo imagina sobre sua porta a inscrição:

"Moro em minha própria casa
Nada imitei de ninguém
E ainda ri de todo mestre
Que não riu de si também."


Se você acha que o bigodão do sifilítico cafeinômano não vai lhe dizer nada de interessante, tente esta coletânea bilíngue de Emily Dickinson:

Emily Dickinson (1830-1886) nasceu, viveu e morreu na pequena cidade de Amherst, Perto de Boston, numa das regiões de tradição mais conservadora dos Estados Unidos do século XIX, e passou os últimos vinte anos em completa reclusão. Ao arrumar o quarto de Emily depois que ela morreu, sua irmã Lavinia encontrou uma gaveta cheia de pápeis em desordem. Eram dezenas de fascículos costurados e folhas soltas com uma grande quantidade de poemas, dos quais apenas dez haviam sido publicados, anonimamente e por iniciativa de terceiros, em periódicos regionais. Disposta a divulgar a obra da irmã, cuja magnitude até então desconhecia, Lavinia entrou em contato com Thomas higginson, influente crítico literário da época (hoje lembrado apenas por sua associação com a obra de Dickinson), que durante trinta anos renegou todos os versos que Emily lhe submetera, e uma obscura escritura, Mebel todd, que por cinco anos havia frequëntado a sua casa sem nunca chegar sequer a vê-la. Dessa parceria pouco promissora surgiu a publicação póstuma de um volume de poemas, seguida em pouco tempo de outras duas edições aumentadas, em vista da inesperada acolhida. Daí em diante a obra poética de Emily Dickinson, composta de quase 1.800 poemas, passou a ser reverenciada por uma crescente legião de leitores fiéis e críticos exigentes. Este livro, que registra a passagem dos 120 anos de sua morte, reúne 245 traduções, entre as quais, pela primeira vez, a de todos os “poemas do Brasil” (quatro poemas nos quais ela se refere ao nosso país). É a mais extensa coletânea já publicada entre nós da obra desta que é hoje considerada uma das maiores expressões poéticas de língua inglesa de todos os tempos e que ocupa um merecido lugar no cânon literário universal.

Enfim, se não estiver à fim de ler enquanto aguarda Morpheus voltar a seus posts regulares, ouça o disco abaixo que selecionei apenas para quebrar as indicfações de BritPop; presente de meu amigo Ricardinho que só faz aumentar o meu remorso quando demoro de pegar na viola.

Clique na imagem e vá curtir o som,

"...quem tem a viola prá se acompanhar não vive sozinho..."

Voltarei em breve!
P.S. Este é um disco com músicas de raiz totalmente contra-indicado para americanófilos, bem entendido!

P.P.S. Esta me chegou via e-mail:

Uma série de atitudes bizarras para você quebrar o gelo quando o silêncio e a atmosfera de indiferença atingirem níveis insuportáveis dentro do elevador.

Quando houver só uma pessoa no elevador, dê um tapinha no ombro dela e finja que não foi você.

Aperte os botões do elevador e finja que eles dão choque. Sorria e faça de novo.

Se ofereça para apertar os botões para os outros, mas aperte os botões errados.

Segure a porta e diga que está esperando por um amigo. Depois de um tempo deixe a porta fechar e diga: "Olá Zé. Como vai você?"

Deixe cair sua caneta e espere até alguém se oferecer para pegá-la, então grite: "Ei, é minha!" Traga uma câmera e tire fotos de todos no elevador.

Traga uma mesa para dentro do elevador e quando alguém entrar pergunte se marcaram hora. Leve um Banco Imobiliário e pergunte para as pessoas se elas querem jogar.

Deixe uma caixa no canto, e quando alguém entrar, pergunte se elas ouviram um tique-taque. Finja ser uma aeromoça e revise os procedimentos de emergência com os passageiros.

Pergunte: "Você sentiu isso?"

Fique bem perto de alguém, fungando seu cangote de vez em quando.

Quando a porta se fechar, fale: "Tudo bem. Não entrem em pânico. Ela abrirá novamente".

Mate moscas que não existem.

Diga às pessoas que você pode ver sua aura.

Grite: "Abraço grupal", então force-as.

Faça caretas dolorosamente enquanto bate na sua testa e murmure: "Calem a boca, todos vocês, calem a boca!".

Abra sua pasta ou bolsa, e enquanto olha dentro, pergunte: "Tem ar suficiente aqui dentro?" Fique quieto e parado no canto do elevador, encarando a parede.

Encare outro passageiro por um tempo, e grite com horror: "Você é um deles!" e recue devagar. Coloque uma marionete na mão e use-a para falar com os outros.

Escute as paredes do elevador com seu estetoscópio.

Faça barulhos de explosão quando alguém apertar um botão.

Encare outro passageiro por um tempo, e fale: "Estou usando meias novas".

Desenhe um pequeno quadrado no chão com giz, e diga para os outros: "Este é o meu espaço".


Divulgues estas bizatrrices e invente outras; se o pessoal não gostar mande todo mundo para o inferno dos sérios.

(Seriedade e sisudez costumam ser sintomas de uma das piores doenças mentais que já foram descritas: Falta de imaginação congênita)

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