julho 23, 2007

Um Antônio como só ele.

Cotado como ótimo por vários resenhistas, sai pela Objetiva esta biografia não hagiográfica deste que é o mais querido santo entre os brasileiros.
Abaixo uma pequena sinopse e logo após um pequeno trecho do livro.

Sinopse

Dia 13 de junho é dia de Antônio, o santo casamenteiro. Mas quem foi este homem humilde que se tornou um dos ícones mais populares da cristandade latina? Fernando Nuno nos revela nesta biografia como Antônio descobriu sua vocação e superou tentações e dificuldades para segui-la. Também conhecido como 'santo do povo', dedicou-se, sobretudo, a promover o amor em seu sentido mais amplo - entre homem e mulher, entre Deus e suas criaturas, além da paz entre os inimigos. Nascido Fernando Martins de Bulhões, há oitocentos anos, mudou seu nome para Antônio em homenagem ao eremita Santo Antão - fundador do movimento monástico -, quando entrou para a ordem dos franciscanos. Viveu num período rico em acontecimentos, no auge das Cruzadas - época de violência e intolerância, mas na qual também estavam sendo criadas as primeiras universidades e as catedrais. Em meio a um cenário de grandes conflitos, surgia alguém que combatia a violência e a ignorância apenas com a palavra, o debate. Um homem que dedicou sua vida ao auxílio ao próximo e que ficou famoso por seus sermões e milagres. Quase à margem da História oficial, Antônio se dedicava ao povo mais humilde, levando consolo e tranqüilidade aos ambientes perturbados e pobres da época.

Trecho do início:

Uma Vocação em Apuro
(começo de 1220; inverno)
E só então me pergunto: Que estou fazendo aqui?
Que faço nesta terra inóspita e insalubre, em que sou estrangeiro, em que o solo duro
do deserto e as dunas de areia escaldante começam logo à frente?
Contemplei a Deus, e Ele me contempla. Ouvi o chamado do Senhor. E vim. Ele me
trouxe até aqui.
O som das cornetas dos encantadores de serpentes me chega através dos finos orifícios
que dão para a Djemaâ, por onde quase não entra a luz nem o ar necessário para respirar,
mas que parecem amplificar, tantas vezes quantos são eles, os ruídos lá de fora, lá de cima.
Da praça aqui ao lado, ouço ainda a modulação da voz dos contadores de histórias misturada
aos sons cantados dos vendedores de água e de haxixe, apenas pressinto os confusos
ruídos dos dromedários que chegam do deserto ao fundo, além. Sinto fiapos de odores, das
comidas que preparam e vendem na Djemaâ, das flores, da água de rosas da pequena
vendedora sentada ali fora bem perto, junto às frestas do porão.
Quero morrer de amor por Aquele que morreu de amor por todos os outros homens e
mulheres deste mundo que pertence a Ele próprio, pois que além de homem é deus. Que me
dessem a morte por tanto Vos amar, que me torturassem em nome do amor divino que
frutificaria na conversão dos ímpios; mas acabar assim, estendido sobre uma tábua áspera,
ignorado por aqueles que deviam me perseguir e conhecido apenas pela doença intratável
que, parece, irá dar cabo de mim? Queria tanto morrer por Vós, mas a que serve isto agora,
qual é Vosso plano, Senhor?
Antonio.p65 13 29/5/2007, 11:12

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