Porque os exaustos não lutam.

Lamentei profundamente que o autor de "À sombra das chuteiras imortais", o saudoso e finalmente reconhecido Nelson Rodrigues, não esteja vivo para deleitar-se, como pude, com o 1º gol de Falcão contra a Argentina na final do futsal deste Pan de 2007.
Uma obra de arte cuja visão, justifica uma existência!












Menos! Menos!
Não sei se descobri uma verdade universal, mas parece que da mesma forma que no sexo, só com (ou como) amadores vivemos (verdadeiras) emoções.
Com profissionais it's just for money!
Ah, e nada de beijo na boca!
Como este blog, apesar de ter uma proposta temática caótica, sempre deriva para um viés filosófico, não deixa de ser pertinente lembrar do nosso sucesso, neste Pan, nos esportes coletivos. Somos bárbaros tropicais, não nego; mas poderia arriscar uma subclassificação: somos ludo-estetas.
E que ludo-estetas!
Apreciamos a arte do movimento como forma de deleite estético de uma forma pouco vista entre outros povos (será que somos mesmo "um povo"?).
Se quisesse ir mais longe, e vou, diria que somos ludo-estetas do coletivo. Tudo que ganhamos, ganhamos bem, com beleza, de forma inquestionável; o gol de Falcão é a imagem emblemática disto.
Vejo no descrito, uma verdadeira aptidão para construirmos um grande país.
Gostaria de olhar para trás, num futuro, e ver os eventos recentes (as catástrofes, as vergonhas e as epifanias coletivas deste Pan) como gérmens de uma "grande tomada de vergonha na cara", como sementes de uma revolução de atitudes.
O primeiro passo é romper uma identificação crescente do psiquismo popular (ou inconsciente coletivo) com a vilania. A vilanização do inconsciente de um povo é a escada que desce para o inferno, para uma Serra Leoa.
Sigo desejando e acreditando numa reviravolta pois afinal de contas, se aposentar minhas esperanças, o Morpheus será, infelizmente a primeira vítima.
Queiramos ou não, nascemos, como povo, num país que mantém, há 500 anos, um pé no caos e outro na esperança. Tiremos os pés do caos e da preguiça.
Enfim, não poderia finalizar este post sem tecer considerações à respeito da nova campanha (de penso, pseudo-indignação) lançada no país: a "CANSEI !"
Cansaram do quê?
De pagar impostos, blindar os mercedes, fazer planos de fugir do país, procurar uma ascendência européia ou de se imaginar entregando pizzas nos Estados Unidos?
Cansa-se quem faz algo mais que esperar.
Passivos não têm o direito de se dizerem cansados, no máximo, doloridos (he, he, he,)
Eu não cansei de nada, pelo contrário, estou com a faca na boca e com a disposição sincera de nem mesmo hesitar diante da possibilidade de integrar algum movimento realmente inteligente que vise mudar o atual estado das coisas.
Sugiro que o leitor jamais repita para si a 1ª pessoa do singular do presente do indicativo do verbo cansar!
Cansados estão os derrotados, inclusive os mortos de cansados.
Cansados não se movem.
O cansaço é uma espécie de "morte técnica"
Não, eu não estou cansado, e nem mesmo diria, se estivesse.
Estou como dizem meus amigos pernambucanos, "Com gosto de gás"
A ditadura estava nos seus últimos suspiros quando os CDF's estavam se capacitando técnicamente para fazer carreira num Brasil que não aconteceu.
Enquanto isto, os menos aptos estavam se capacitando politicamente para o que viria a ser a sucessão dos coronéis tendo como entreato o breve reinado de um fracassado filósofo.
Aqui, até Platão (que sonhava com um rei filósofo), seria obrigado a rever suas premissas!
Que país é este?
Agora é hora dos CDF's, que não conseguiram fugir do país para serem medíocres no além mar, comparecerem às reuniões do condomínio e, sobretudo, candidatarem-se a síndicos se não quiserem ver o prédio ruir (como os de Sérgio Naya) sobre suas cabeças; é fundamental fazer política, promover a indignação ativa e educar, mesmo que com pequenas pílulas, todos aqueles sobre os quais gozamos de alguma consideração opiniática.
Não, jamais, em hipótese alguma, nem mesmo sob tortura diga para si ou para o inimigo: Cansei!
Se você está cansado, sinto muito dizer-lhe, mas você fracassou; solicite os maqueiros, peça substituição e vá se queixar prá sua mãe!