Por mais que quisesse evitar, Ariano Suassuna me contaminou um pouco com seu nacional/regionalismo contagioso. O São João vem chegando e, embora não faça o menor sentido para as latitudes mais meridionais à Bahia, daqui prá cima, posso lhes dizer com certeza absoluta, o povo esqueceu completamente do resto do Brasil. Só dá nordeste na cabeça dos nordestinos! Vamos nos embebedar de licor e de forró com direito a muita saudade de Gonzagão e Sivuca e lágrimas de emoção nos olhos dos que conseguirem assistir a uma apresentação ao vivo de Dominguinhos, Osvaldinho ou Targino Gondim.
A bem da extinção da ignorância nacional sobre a origem do termo, vai abaixo o verbete do Houaiss sobre o vocábulo Forrobodó. Não tem nada a ver com ForAll como muito colonizado poderia desejar. Aprenda de uma vez por todas e torça o nariz para quem não sabe o que está falando:
Forrobodó
{verbete}
Datação
1899 cf. CF1
Acepções
■ substantivo masculino
Regionalismo: Brasil. Uso: informal.
1 Rubrica: dança.
baile popular, arrasta-pé, festança
2 confusão, tumulto, balbúrdia; briga
Ex.: a festa acabou no maior f.
Etimologia
segundo Evanildo Bechara, var. atual do galg. forbodó, termo privativo da região, mas comum a todo o Portugal, associando-o Joseph Piel a farbodão, do fr. faux-bourdon, figuradamente 'sensaboria, desentoação'; a ligação semântica entre fabordão e forrobodó decorre de que, na região pesquisada, segundo registra Bouza-Brey, a gente "danza con absoluta seriedad a golpe de bombo, los puntos monorrítmicos monótonos de ese baile que se llama forbodo
Pois é gente, o forró é francês assim como o "alavantu", "anarriê" e as quadrilhas (não as do cerrado, evidentemente!).
O São João é uma festa medieval, sincera, ibérica, moura e tudo mais que você possa querer de herança rica. Uma real festa popular feita de visitas aos vizinhos e fartura quando a gente simples do nordeste colhe o milho plantado no dia de São José para fartar os amigos no São João.
Por menos alienado que se possa ser, nesta época, é difícil lembrar que vivemos uma bagunça institucional, que temos uma ministra com cara de Conga e outras tantas aberrações e bizarrices. É São João! Tempo de amnesiarmo-nos se não temos coragem de revolucionar nada.
Prá você que chegou aqui, muito amendoim, canjica, pamonha, bolo de aimpim (com aquela "laminha" de leite de côco por cima), lelê, milho cozido e assado e licor feito com boa cachaça!
Feliz São João!
Segue abaixo uma lembrancinha, feita com minhas mãozinhas, para todos os amigos do Morpheus (e de Manellis também!)
Saudades monstruosas de Gonzagão!
Amém Jesus
Nenhum comentário:
Postar um comentário