Gosto muito de pensar em liberdade como o direito de errar. Num post passado silogizava partindo da premissa de que para cada situação e para cada intenção correspondente só existe uma forma ótima de condução, o que deixa um eventual perfeitinho com a obrigação de sempre optar pela melhor atitude (seria possível chamar isso de opção?).
Mas se, mesmo com o compromisso de acertarmos na melhor opção, nos dermos ao luxo de experimentalizar nossa busca, gastando um pouco do nosso precioso tempo, então estaremos "errando" no sentido astronômico do termo, ou seja, vagando sem rumo. Hoje tive uma horinha vaga e resolvi procurar na rede por uma entrevista de José Mindlin à revista Bric-a-Brac. Bem, a entrevista eu ainda não desisti de achar mas fui jogado por acaso no site Bric-a-brac que se propõe a ser uma espécie de cais memorialista para pessoas que viveram suas infâncias entre 1965 e 1975. Uma boa compilação em português, ainda incompleta é verdade, mas muito bem apresentada falando, entre outras coisas, dos seriados de TV que se assistia compulsivamente na época à despeito da segurança que se gozava quando a intenção era brincar na rua. Estão lá as histórias da Feiticeira, Jeannie, Mr. Magoo, Nacional Kid, Terra de Gigantes etc. Muitas com os temas de abertura e sons característicos como o famoso "Hello" dos Três Patetas. Me presenteei recentemente com as caixas reeditadas da Feiticeira e de Jeanie é um Gênio como quem compra um pedaço do passado para o qual se possa fugir quando o presente apertar e me surpreendi com a qualidade das histórias, do inglês falado que considero uma ótima opção para prática do listening.
Não adianta resmungar, os quarentões sempre chegam ao topo e assim que chegam começam a resgatar suas memórias para consolidar suas identidades.
Depois disso é tudo velhice!
Os atuais quarentões tiveram infância num mundo ainda tranqüilo e muito esperançoso no futuro do homem apesar da guerra fria.
Isto se refletia no estofo destas séries, algumas escritas por Sidney Sheldon recentemente falecido: um monstro na arte de entreter.
Penso ter vivido numa época em que era muito legal ser criança, exceção feita aos filhos e parentes de presos políticos.
Sei que você é um sujeito ocupado e que já está olhando o relógio com vontade de clicar prá fora mas dê-se ao luxo de errar um pouquinho como eu fiz esta manhã confira os sons e imagens mas não para depois encher o saco dos outros com preleções saudosistas tipo as que começam com: No meu tempo...
Se tiver um pouco mais de tempo, tente ouvir "Bebê" de Hermeto Paschoal e se lembrar dos programas "Amaral Netto, O Repórter" para os quais baiãozinho de Hermeto fazia papel de Muzak enquanto Amaral nos mostrava com orgulho patriótico o início da devastação da amazônia ou a pesca da baleia no litoral da Paraíba.
Respondendo sobre as impressões dos EUA, Tom Jobim saiu com esta: Olhe Vina, aqui é bom mas é uma merda; eu prefiro o Brasil que é uma merda mas é muito bom!
Às vezes sinto um pouco isto com relação àquela época...
Boa viagem!
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