janeiro 17, 2007

Siga esta linha: quanto custa formar um ser humano minimamente apto?
Tranforme este valor numa unidade vida: UV
Cada vez que uma UV é desviada, acontece um assassinato potencial.
Dinheiro público mal gasto não seria então uma forma de genocídio, dada a escala em que acontece?
Se você concorda comigo provavelmente se solidarizará com este post mal-humorado!
Eis que de repente, não mais que de repente, o chão se abre engolindo tudo ao seu redor: caminhões, carros, casas, pessoas jovens e idosas. Real e simbolicamente as obras públicas mal feitas engolem mesmo tudo; sob a forma de ineficiência, verbas acima do que valem, tempo das pessoas e agora, mais explicitamente do que nunca: vidas.
Um buraco no controle aéreo e... caem aviões, um buraco no casco de um catamarã e turistas vão ao mar...o país vai para o buraco. Enquanto isto um ex-prefeito (o engenheiro) anuncia no jornal que suas obras não desabam e um agente público, em tom de regozijo, anuncia que o corpo da velhinha foi encontrado e agora terá finalmente um enterro (de novo?);
moradores das casas agora condenadas (eles também condenados) voltam ao perímetro da cratera com medo de saques às suas residências.
Que lista bizarra é esta que poderia ser continuada ad nauseam e nem assim esgotar os absurdos dos últimos dias ???
Patinamos apaticamente e sem esperança na lama do amadorismo epidêmico que me parece congênito. Surtos de indignação aparecem aqui e ali sem a capacidade de mudar nada.
Ah, Darwin, sempre Darwin!
Quando nenhuma mente sã pensava mais em objetar a teoria da evolução, que permeia desde o comportamento dos vírus à vida das estrelas, focos de resistência reacionária se consolavam com o fato de o evolucionismo não ser capaz de explicar nem a ética nem o altruísmo. Ernest Mayr, o maior Darwinista depois de Darwin, propõe então que se tome a sociedade como um organismo pluri-individual e uma vez que se entenda como tal, o evolucionismo será capaz de explicar os derradeiros bastiões: a ética e a vida social organizada.
Um dia a vida na terra foi unicelular; células individuais se associaram e fundiram identidades biológicas chegando a esta maravilha que é o Homo sapiens. Ora, o processo continua ao passo em que aglutina a família, a tribo, a cidade, país e as comunidades de nações em organismos verdadeiros. Este altruismo que nasce quando consideramos o resto da sociedade como parte nós mesmos é puramente Darwiniano: só então nossa prole pode seguir adiante com poucos riscos e nossa vida pode ser mais longa e com mais chances de sucesso. Poderemos então resistir a agressões, gerar ciência e ver nascer a cidadania. Mais Spinoza do que isto, impossível!
Será que não nos reconhecemos como parceiros uns dos outros?
Será que nossa indigência moral tem natureza cármica?
Será que numa antítese a Astérix, que só temia que o céu caísse sobre sua cabeça, estamos condenados a temer agora, inclusive que o chão se abra?
Confesso que achei um exagero quando soube que Caetano teria dito esperar que um dia o Brasil merecesse a Bossa-nova; agora não acho mais.
Pausa!
Os alemães chamam de "zeitgeist" o espírito mental de uma época. Este conceito explica as espirais virtuosas que acontecem na humainidade de quando em vez e criam a Grécia de Péricles, o iluminismo, o renascimento, o impressionismo, a Espanha Moura que exumou Aristóteles e até mesmo a bossa nova;
Penso que precisamos urgentemente de um bom Zeitgeist.
Como forjá-lo?
Envie sua proposta.
Sorry, pessoal!
Morpheus anda meio p*

Até mais.

Um comentário:

Anônimo disse...

"Vida minha vida olha o que é que eu fiz
Deixei a fatia mais doce da vida
na mesa dos homens de vida vazia
mas vida ali quem sabe
eu fui feliz"

Alegre-se homem, mesmo que seja por nada
seja então um abestalhado
de se alegrar por nada
não contraponha o naif
às formas pretensamente mais elevadas de cultura
pois cultura não redime nada
os buracos continuarão a ruir por sob ela
tolerância sim, o que não é sinônimo de cumplidicade
você me ensinou sobre córdoba, jerusalém
tolerância que não diz amém
Erga-se de sob os escombros do desaponto
Junte a darwin, uma pitada de imponderável
sorva em pequenos goles
e me diga qual é o gosto.

AT

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