Chegou o Natal!
Maravilha
Uma festa cristã mas prá lá de ecumênica.
Nasce um filho único cheio de manias de grandeza e
morrem anualmente milhares de perus!
Para os perus Natal é Finados!
Já que não somos perus, vamos ao corpo do post:
Vários países contribuiram com o que têem de melhor seja na culinária, folclore, música ou whatever para que a festa ficasse realmente muito boa e representasse uma data de desejo para todos nós.
Tudo começou com a escolha da data.
Ora, ninguém sabe exatamente quando Jesus nasceu, alguns juram que o próprio tinha por volta de 4 anos no nosso ano zero da era cristã.
Lucas que é o único a citar o nascimento não fala nem de data nem de hora (pudera, Santos Dumont ainda não tinha inventado o avião nem o relógio de pulso!). Por falta de uma data precisa, o Papa Libério (isso é lá nome de Papa!) escolhe a atual para concorrer com as festas pagãs Saturnais comemoradas no império romano, recém convertido por Justiniano (numa epécie de golpe eleitoral), no solstício de inverno (20,21,22 de dezembro).
Foi um golpe de concorrência para enfraquecer o paganismo que, cá prá nós, tinha seus encantos!
De lá pra cá tome-lhe enxerto:
Papai Noel: Foi inspirado por um bispo chamado Nicolau, que viveu na cidade de Mytra (Turquia) no século 4. Sabendo que as três filhas de um morador da cidade estavam prestes a se prostituir para livrar o pai de dívidas, o futuro papai Noel (natal em francês) resolveu fazer um donativo em moedas de ouro e, colocando-as em 3 saquinhos, atirou-as pela chaminé acabando com o pretexto das meninas para cair na gandaia e tornando irônico para sempre o costume de algumas revistas masculinas de colocarem "modelos" vestidas como mamãe Noel.
A metamorfose
Nicolau virou pop na Alemanha. Ganhou na Holanda o nome de Sinterklaas e chegou à América com os colonizadores holandeses no século 17 (daí o nome Santa Claus dado pelos ignorantes dos americanos!).
Velhinho, gordinho e bonachão!
O americano Clement Clarke Moore cria em 1822 a imagem de um velhinho risonho vestido em roupas de pele a carregar um saco cheio de brinquedos. Aparece então a barba branca, o barrigão e as bochechas rosadas.
A customização
Em 1876 imagem do bom velhinho muda para a que conhecemos hoje: obra do cartunista americano Thomas Nast, que retratou São Nicolau na capa da revista "Harper's Weekly" a partir da descrição de Moore. Você pode vê-lo na primeira figura deste post.
Cor das roupas
Foi coisa da Coca: em 1931, quando o publicitário Haddon Sundblom cria uma campanha publicitária. Dessa vez nosso Nicolau com cara de Elfo aparece como o Noel atual e, ironicamente, passa a se comportar simbolicamente, para a cultura de mercado, da mesma forma como se comportam as profissionais da atividade em cuja a qual ele tentou impedir o ingresso das três jovens turcas lá pelo século 4 d.C.
La Musique
Com o fole do órgão da igreja roído por ratos, um preocupado padre Joseph Mohr de Arnsdorf na Áustria sai atrás de um instrumento que pudesse substituir o antigo. Enquanto procurava começou a imaginar como teria sido a noite em Belém (hoje em dia acha-se que JC nasceu em Nazaré) fazia anotações e ao completá-las procurou o músico Franz Gruber para que as transformasse em melodia: nascia assim "Noite Feliz", a canção mais popular da noite de Natal, de 1818
Árvore
A versão mais aceita diz que ela nasceu na Alemanha. O padre Martinho Lutero, autor da Reforma Protestante do século 16, montou um pinheiro enfeitado com velas para evocar o céu da floresta que ele vira após um passeio noturno e que ele idealizou tão maravilhoso como deveria ter sido o da noite do nascimento de Jesus. Os ingleses popularizaram a árvore de Natal, a partir de 1850. Bem...os franceses dizem que foram eles que começaram tudo e até os americanos, que atualmente em vez de começar estão é acabando com tudo, querem tirar uma lasquinha nesta parte da tradição.
Escolha seu time!
Chaminé
Na Finlândia, para onde o papai Noel se mudou, os antigos lapões viviam em pequenas tendas. Para entrar nas tendas, eles precisavam fazer um buraco no telhado.
Cartão
1843, na Inglaterra, o pintor John Calcott Horsley desenhou uma família ao redor de uma mesa farta e colocou, ao lado, um rico dando comida a crianças pobres. Uma mensagem em inglês dizia: "Feliz Natal e Próspero Ano Novo para você".
Ceia
Durante os rigores do inverno na Europa a comida era pouca, e num ato de solidariedade, as pessoas deixavam a porta das casas aberttas na Noite de Natal l para que viajantes e pessoas pobres pudessem participar da ceia.
Estrela guia
Uma espécie de GPS dos Reis Magos (figuras ficcionais criadas para simbolizar o que seria hoje uma comissão formal de reconhecimento da ONU) usada para ajudá-los a chegar à manjedoura onde nasceu Jesus.
Guirlanda
Immannuel: Deus está aqui!
Missa do galo
Há uma lenda que diz que foi um galo que anunciou o nascimento de Jesus Cristo (alguns biólogos, especialistas em linguística aviária, dizem que na verdade o galináceo poderia mesmo é estar dizendo: eu não, peguem o Peru!, peguem o Peru!). Isso teria acontecido exatamente à meia-noite de 24 de dezembro. A criação da Missa do Galo, ato religioso do dia de Natal, é atribuída a São Francisco de Assis.
Presépio
São Francisco, ele de novo, constrói em Greccio (Itália), em 1224, o primeiro presépio. O objetivo era recriar o ambiente em que Jesus viveu. O presépio é formado por uma manjedoura, onde repousa o menino Jesus, e as imagens de Maria, José, os Reis Magos e os pastores. Há ainda anjos, animais e a estrela guia. O presépio era exibido sempre à meia-noite.
Nem por isso São Francisco passou a ser chamado de presepeiro!
Renas
Surgem no poema "The Night Before Christmas", de Clement Clarke Moore. Oito renas puxariam o trenó: Dasher, Dancer, Vixen, Comet, Cupid, Donner, Prancer e Blitzen.
Peru
Nos Estados Unidos, antes da chegada dos colonizadores ingleses, os índios criavam perus. Depois que os colonizadores chegaram, para comemorar a primeira colheita, os índios serviram peru. A partir daí surgiu o hábito de comer essa ave em comemorações. O costume de comer peru no Natal em terras brasileiras foi influência da cultura americana.
Os portugueses achavam que a ave era natural do Peru, pois assim lhes deu a entender alguns espanhóis metidos a conquistadores, e batizaram a ave com um nome Macchu Pichu!
Os americanos por sua vez, achavam que o Peru era natural da Turquia (os ignorantes nem sabiam que a ave era nativa!) e batizaram o bichinho de turkey!
É por isso que o mundo tá desse jeito!
Viva o Natal!
É tanta mentira e invenção que já deve ter havido algumas tentativas de tranferência do Natal para o 1º de abril!
A diferença é que o Natal serve um pouco como amortecedor de instintos selvagens (e de contas bancárias também!) e merece realmente toda nossa expectativa e nosso reconhecimento.
Para finalizar esta parte vou dar uma dica que para muitos vai ser uma viagem no tempo:
O blog umquetenha
(veja link na minha barra lateral)
postou o disco abaixo de 1970,
uma verdadeira jóia!
Prometo que já vou acabar o post.
Mas é tanta coisa prá contar!
Começei chamando o Natal de maravilha.
Maravilha é um termo que significa "aquilo que merece ser visto" e foi usado na sua conotação mais famosa por Heródoto (nascido em 485 a. C na Halicarnasso turca) que, ao contrário de Nicolau de Mytra (também turco), não tinha vocação para praticar basquete em chaminé e resolveu sair pelo mundo antigo anotando o que achava mais interessante e ao voltar escreveu seu guia de viagem: As sete maravilhas do mundo! (antigo, é claro).
Muito bem,
No livro "Minhas Viagens com Heródoto" (Companhia das Letras), o jornalista e viajante polonês Ryszard Kapuscinski, 74 anos, conta como o grego o ajudou a ver o mundo e recorda algumas de suas inúmeras expedições pelo mundo.
Além da mala e do bloquinho, o escritor conta que sempre carregou consigo um velho exemplar amarelado de "História", o clássico de Heródoto que narra suas andanças pelo mundo mediterrâneo do Oriente Próximo. A obra é tida como fundadora da história como área de conhecimento específico, por não apenas relatar fatos mas elaborar reflexões filosóficas a partir deles. "Acho que, além de tudo isso, ele foi o primeiro repórter literário que existiu, pois partiu para olhar no olho pessoas que viviam em outros lugares e, depois, voltou para dizer como elas eram."
Conforme disse à Folha "A principal lição de seus escritos é a certeza de que o mundo pode -e deve- ser descrito, mesmo levando em conta a subjetividade de quem conta uma história. Era um curioso obsessivo, e me contagiou", diz.
Kapuscinski lamenta, entretanto, que seu precursor grego tenha tido, aparentemente, muito mais tranqüilidade e tempo livre do que ele para escrever. "Antigamente, um escritor podia deixar uma obra de cem volumes. Hoje, se ele faz meia dúzia de livros, está ótimo, pois o resto de seu tempo é tomado por viagens -para falar, promover suas próprias publicações- e pela constante demanda da sociedade para que comentemos o noticiário, os lançamentos, as guerras, o terror."
2 comentários:
Morpheus, meu caro, você nem imagina como me recompensa saber quando um post provoca esse efeito de emocionar as pessoas. Antes de postar o A Harpa e a Cristandade, eu mesmo fiquei em dúvida se deveria fazê-lo, afinal o site é de MPB e o artista é paraguaio e a maioria das músicas são estrangeiras. Ouvir novamente as músicas me enchiam de saudade da infância, porém, não nego, foi um tiro no escuro. Os e-mails que recebi, e principalmente o seu post, me garantiram que acertei o alvo. Abraços e boas festas.
Caro Manellis
Parece impossível, mas em cada post vc se supera. Um show de cultura, um pouco de ironia, uma pitada de humor, comentários únicos(bem a sua cara!) e muita.. muita inteligência... Seu Blog tem sido um deleite nas noites de plantão. Já esta nos favoritos de muita gente. Parabéns!!!
Grande abraço
Gustavo
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