abril 28, 2013

3,1415926536

O que é eternidade?
Alguma coisa que não um conceito abstrato totalmente não relacionado a nossas vidas?
Uma mera esperança?
Um horizonte temerário?
Ou é uma certeza (compartilhada por místicos e cientistas) e um elemento essencial em todas as relações humanas?
Eternidade seria o tempo infinito ou a abdução do tempo?
Esquisito flertar com esta ideia!!!
O fluxo do tempo nos arrasta como uma correnteza e nos desgasta, amadurece, molda e colore nossa existência na medida em que nos sugere a finitude.
O problema é que quando vamos à filosofia e à física a ideia da eternidade soa mais sólida do que nunca; Nietzsche ficaria morto (!!!) de felicidade com a real possibilidade de confirmar um dos seus pilares filosóficos: o eterno retorno.
Ao longo do fio da eternidade TUDO (todos os arranjos possíveis do que existe) vai acontecer!
E, conceitualmente, mais intrigante, vai se REPETIR!
Aterrador isto, não?
O tema deste post me veio a cabeça ao ler um tópico de matemática falando sobre o número PI (3,1416...)
Ao longo da sua infinita sequência depois da vírgula, todos os arranjos numéricos vão acontecer!
Qualquer coisa representável por um padrão numérico (tudo, diria Pitágoras) aparecerá ao longo da cauda infinita de PI: as pirâmides, a bíblia, seu código genético e o retrato de Lady Gaga estão lá; é só procurar!
Visto desta forma, a eternidade cognitiva seria extremamente tediosa; uma imensa fotografia vista para sempre por um observador imóvel...
Monet na Orangerie!
Será que é assim que somos vistos pelo criador?
Será que foi realmente por misericórdia que ele nos "premiou" com a finitude ou pelo menos com uma eternidade intervalada?
Aqui e ali ando vendo espectros eternais...
Acho que a eternidade anda por aí piscando o olho pra nós toda vez que miramos o mundo liricamente...
Gosto muito de fotografia e vejo o momento que ela congela como uma "eternização" do instante: olhando para a foto com todo um fluxo de pensamento... e ela lá parada, sujeitando-se à minha análise...
Enquanto houver detalhes e interpretações eu sigo pelo eixo do finito enquanto a foto permanece abduzida do tempo na sua infinitude congelada; quando não conseguir gerar mais nada com minha observação além do tédio, pronto: entrei na foto e viverei, de maneira artificial e metafórica, um lapso de eternidade!
Acho que a eternidade também pisca pra mim quando o inverso acontece: em momentos de extremo bem-estar físico, por vezes, o fluxo de pensamento gera um contínuo de informações estruturadas que me permite abraçar compreensivamente sistemas complexos e produzir grandes sínteses.
Bem, os mesmos componentes estão sempre lá: observador e objeto; pelo menos um deles abduzido do tempo pela imobilidade ou pelo foco agudo de atenção num êxtase de grande velocidade ou de velocidade nula de informação.
O engraçado sobre PI e esta história toda é o fato dele estar matematicamente associado ao círculo e às esferas - símbolos praticamente universais do divino - e de começar pelo "3"; a trindade mística e também a tríade: objeto, observador e informação.
Não é a toa que, na falta da ciência, o cérebro use a razão para compor o místico!
Aqui, a brincadeira foi híbrida: um pouco de "metalógica" + um pouco de paramística = uma boa diversão!
Boa semana a todos.




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