Tenho vários amigos queridíssimos caracterizáveis, por assim dizer, como "de esquerda"
São geniais, inventivos, engraçados afetivos etc.
Eles teem sua religião e sobre ela não ouso tergiversar.
A grande maioria é tão legal que quando penso em quanto foi feliz e normal a minha infância no período da ditadura, chego a me sentir um ET!
Brincava na rua, a tv era interessante, a música era legal, as escolas eram bacanas (aprendi inglês para minha vida toda numa escola pública!), eu andava tranquilo na rua, corria a cidade a pé etc etc etc e outras epifanias infantis.
Vez por outra penso nisto e foi assim que achei o tema para este post:
Ao deparar-me com o texto abaixo no jornal de hoje admirei-me pela concisão e pela coragem do colunista em chamar um tema tabu a um prumo menos apaixonado e mais analítico.
Vamos chamar o Slavoj Zizek!
LUIZ FELIPE PONDÉ
(Matéria publicada no Jornal “Folha de São Paulo”, em 09 de março de 2009)
Ditaduras são horríveis. Mas tenho dúvidas quanto a esse debate. A primeira se refere à nossa capacidade de identificar ditaduras em processo de instalação. Todo mundo teria a mesma compreensão do que é uma ditadura? Acho que a Venezuela vive um sistema totalitário. Não importa se o presidente foi eleito. Hitler também foi eleito, não? Voto não garante democracia. Na hora que um sujeito tem voto popular para ficar o tempo que quiser no poder, para mim, se trata de uma ditadura. Temo tudo que vem acompanhado de gente com camisetas iguais e berrando palavras de ordem. Teóricos espanhóis das novas constituições latino-americanas "gostam" destas reeleições e acham que plebiscitos contínuos garantem a democracia, como se o "povo" fosse índice de comportamentos e decisões democráticas. Piada de mau gosto. O golpe de 64 marca um mito fundador da esquerda brasileira. Sem ele, muita gente não teria carreira intelectual ou política. Teria soçobrado no esquecimento. Neste sentido, além de horroroso fato histórico, ela cumpre uma função mítica facilitando certas identificações, que, com o tempo, podem não significar muita coisa. Heróis "velhos" podem se revelar miseravelmente iguais aos seus inimigos. No caso brasileiro, a sobrevida de muitos "combatentes" contra a ditadura tem essa marca. Outra dúvida se refere às vítimas da ditadura, verdadeiras ou falsas (sobre as falsas, proponho a leitura do livro "Os Demônios", de Dostoiévski, com seu personagem Stiépan Trofimovich Vierkhovienski, um intelectual preguiçoso, suposta vítima de perseguição por parte do czar). Fala-se pouco acerca do fato de que muitos "combatentes" da ditadura brasileira eram amantes das ditaduras comunistas. Esse fato não muda a violência de nossa ditadura, mas deveria adicionar um dado de consciência histórica que não me parece receber a devida atenção por parte dos herdeiros do espólio simbólico das vítimas. Esta ausência de consciência histórica se dá porque muitos destes "herdeiros" estão comprometidos até hoje, de um modo ou de outro, com restos dos mesmos ideais totalitários que os animava na época. Seria pura vergonha? Não se trata de relativizar o sofrimento real causado pela ditadura. Trata-se sim de perguntarmos em que medida muitos daqueles que sempre se colocam como reserva ética do país, por terem uma identidade construída em grande parte graças ao mito fundador da esquerda brasileira (o golpe de 64), não teriam, se vencido a batalha nos anos 60, ajudado a construir um sistema de opressão igual ou pior do que o que vivemos entre 64 e 85. Se levarmos em conta "os ídolos" de então (URSS, China, Cuba, Vietnã, Camboja), podemos supor que sim: teríamos acordado num grande gulag, afogados em sangue. Além do mais, existem ditaduras que são (apenas) um aparelho ideológico repressivo (portanto, tende a ser mais seletivo no massacre), outras visam "criar um homem novo e um mundo novo" (as comunistas), por isso tendem a massacrar mais gente (porque "detestam" o homem comum). Repito para os leitores apressados: nada disso relativiza o sofrimento das vítimas, mas deveria implicar uma suspensão da falsa moral em relação aos argumentos que põem em dúvida a santidade democrática de muitas destas "vítimas". Quais argumentos são esses? Um deles é que grande parte do combate não era simplesmente entre inimigos da democracia e amigos da democracia, mas sim entre versões distintas de sistemas totalitários. Nos anos 60 vivemos um "suspense" entre duas formas de totalitarismo. Quis a "história" que um vencesse. Tivesse vencido o outro, os assassinatos teriam sido aos montes; as perseguições, em vez de apoio da CIA, teriam apoio da KGB. Milhares de pessoas (as ditaduras comunistas adoravam grandes cifras) teriam sido torturadas e mortas em nome da revolução socialista (assim como acabaram sendo em países onde os "ídolos" de muitos dessas "vítimas" venceram a batalha). A monstruosa revolução cultural chinesa tinha apoio de muitos dos nossos "santos de 64". Além disso, existe a dúvida acerca dos "resultados"; os comunistas foram incompetentes. Seria bom acordarmos numa grande Cuba? Talvez hoje estivéssemos pior economicamente, atolados numa burocracia e num sistema marcado pelo medo e pelo atraso histórico. De alguma forma, fomos salvos do pior?
Por fim, um vídeo em homenagem à passagem do Dia Internacional da Mulher.
Companheiras valorosas às quais não tenho nenhuma restrição no quesito lazer!
Única opção plausível dada a nós por um criador que, cansado pela criação do mundo, deixou-nos como alternativas apenas o celibato e boiolagem.
Sexo com animais era o que Adão fazia antes de Eva e de Lilith mas eu não estou aqui para jogar lama na reputação do primeiro homem!
Aproveito aqui para lançar uma campanha:
Paremos de chamar as bichas de enfeminados; nenhuma mulher se comporta como eles!
Paremos de chamar sapatas intectualizadas e beligerantes de feministas; se como toda galinha feliz, tivessem um pintinho (funcional e atuante) para chamar de seu talvez fizessem menos barulho!
E last but not least, lembrem-se: toda vez que o mundo corre perigo o criador chama um filho e não uma filha para nos salvar!
Brincadeiras a parte vamos ao video e boa semana a todos.
Mother Of Pearl lyrics
Feminists don't have a sense of humor
Feminists just want to be alone (boo-hoo)
Feminists spread vicious lies and rumor
They have a tumor on their funny bone
They say child molestation isn't funny
Rape and degradation's just a crime (lighten up, ladies)
Rampant prostitution, sex for money (what's wrong with that)
Can't these chicks do anything but whine
Dance break
Woo-hoo
(Take it off)
They say cheap objectification isn't witty, it's hot
Equal work and wages worth the fight (sing us a new one)
On demand abortion, every city (okay, but no gun control)
Won't these women ever get a life
Feminists don't have a sense of humor (poor Hilary)
Feminists and vegetarians
Feminists spread vicious lies and rumor
They're far too sensitive to ever be a ham
That's why these feminists just need to find a man
I'm Dennis Kucinich, and I approve this message
Aqui, outras mulheres geniais:
Aimee Mullins, Alisa Miller, Alison Jackson, Allison Hunt, Amy Smith, Amy Tan, Ann Cooper, Anna Deavere Smith, Bonnie Bassler, Brenda Laurel, Carmen Agra Deedy, Caroline Lavelle, Carolyn Porco, Deborah Gordon, Deborah Scranton, Doris Kearns Goodwin, Eddi Reader, Einstein the Parrot, Eleni Gabre-Madhin, Elizabeth Gilbert, Emily Oster, Erin McKean, Ethel, Eva Vertes, Eva Zeisel, Eve Ensler, Evelyn Glennie, Helen Fisher, Isabel Allende, Jacqueline Novogratz, Jane Goodall, Janine Benyus, Jehane Noujaim, Jennifer 8. Lee, Jennifer Lin, Jill Bolte Taylor, Jill Sobule, Jill Tarter, Julia Sweeney, Karen Armstrong, Kristen Ashburn, Lakshmi Pratury, Laura Trice, Liz Diller, Louise Leakey, Maira Kalman, Majora Carter, Marisa Fick-Jordan, Mena Trott, Miru Kim, Nalini Nadkarni, Natalie MacMaster, Nellie McKay, Ngozi Okonjo-Iweala, Nora York, Ory Okolloh, Pamelia Kurstin, Paola Antonelli, Patricia Burchat, Paula Scher, Penelope Boston, Rachelle Garniez, Robin Chase, Rokia Traore, Samantha Power, Sheila Patek, Sirena Huang, Susan Blackmore, Susan Savage-Rumbaugh, Sylvia Earle, Tierney Thys, Virginia Postrel
Um comentário:
Um país de homúnculos, como o nosso, não costuma produzir cérebros e gente de coragem que mereça atenção.
Mainardi (quando se esquece de que não tem obrigação de ser genial toda semana) é um dos poucos, Luiz Felipe Pondé parece ser do mesmo time.
André Romeo
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