dezembro 15, 2008

Por que não eu?

O fim do ano está aí!
(grande novidade!)
Muita gente vai comemorar o alcance de metas
Muita gente vai comemorar o fim de problemas
Muita gente vai chorar por motivos contrários aos anteriores
Muita gente no entanto, se fosse nos fosse possível que víssemos, exibiria um balão daqueles de história em quadrinhos com a seguinte pergunta:
"Como é que esse cara chegou lá enquanto eu fiquei por aqui?"
É meu amigo...
Os filósofos já entraram num acordo:
A razão só abarca um culhonésimo do real.
A maior parte da realidade é inapreensível pela razão das pessoas comuns.
Lembre-se de Pelé e de Kelly Slater ou...de Mozart!
No nosso mundo dos adoradores da razão quem é inteligente mas se dá mal sempre vai merecer uma explicação:
É azarado
É problemático
É feio
Anda em más companhias
Etc

O sucesso imerecido de alguns deprime muitos analistas de plantão e é uma fonte infinita de amargura para aqueles que os invejam.
Como mensagem de fim de ano eu recomendo-lhe:
Não caia nessa!
Leia a história abaixo e medite sobre o ano que vem de maneira sensata e planejada a menos que você se chame Raul...



História do Raul

Max Gehringer

Durante minha vida profissional topei com algumas figuras cujo sucesso surpreende muita gente.
Figuras sem um vistoso currí­culo acadêmico, sem um grande diferencial técnico, sem muito networking ou marketing pessoal.
Figuras como o Raul.
Conheço o Raul desde os tempos da faculdade; na época, tí­nhamos um colega de classe, o Pena, que era um gênio.
Na hora de fazer um trabalho em grupo, todos querí­amos cair no grupo de Pena, porque Pena fazia tudo sozinho: escolhia o tema, pesquisava os livros, redigia muito bem e ainda desenhava a capa do trabalho com tinta nanquim.
Raul nem dava palpite.
Ficava num canto dizendo que seu papel no grupo era um só: apoiar Pena.
Qualquer coisa que Pena precisasse, Raul já estava providenciando antes mesmo ele concluísse a frase.
Deu no que deu: Pena formou-se em primeiro lugar na nossa turma e o resto de nós passou meio que de carona no Pena que, além de nos dar uma colher de chá nos trabalhos, ainda permitia que colássemos dele nas provas.
No dia da formatura, o diretor da escola chamou Pena de " Um paradigma do estudante que enobrece esta instituição de ensino".
Raul ali, na terceira fila, só aplaudindo.
Dez anos depois, Pena era a estrela da área de planejamento de uma multinacional.
Brilhante como sempre, fazia admiráveis projeções estratégicas para cinco e dez anos.
Sabem quem era o chefe de Pena?
Raul!
E como é que o Raul tinha conseguido chegar aquela posição?
Ninguém na empresa sabia explicar direito; Raul vivia repetindo que tinha subordinados melhores do que ele e ninguém ali parecia discordar de tal afirmação.
Além do mais, Raul continuava a fazer o que fazia na escola: ele apoiava.
Alguém tinha um problema?
Era só falar com Raul que ele dava um jeito.
Meu último contato com Raul foi há um ano; fora transferido para Miami, onde fica a sede da empresa.
Quando conversou comigo, Raul disse-me ter ficado surpreso com o convite porque, ali na matriz, o mais burrinho já tinha sido astronauta.
Perguntei a Raul qual era sua função.
Pergunta inócua, porque eu já sabia a resposta: Raul apoiava
Direcionava daqui, facilitava dali, essas coisas que, na teoria, ninguém precisaria mandar um brasileiro até Miami para fazer.
Mais tarde, num evento em São Paulo, eu conheci o Vice-presidente de recursos humanos da empresa onde trabalhava Raul e ele me contou que o Raul tinha uma habilidade de valor inestimável: ele... entendia de gente!
Entendia tanto que não se preocupava em ficar à sombra dos próprios subordinados para fazer com que se sentissem melhor e fossem mais produtivos.
Para me explicar Raul, o vice-presidente citou Samuel Butler - que eu nem sei ao certo quem foi mas que tem uma frase ótima:

'Qualquer tolo pode pintar um quadro, mas só um gênio consegue vendê-lo'.

Essa era a habilidade aparentemente simples que Raul tinha: facilitar as relações entre pessoas. Perto de Raul, todo comprador normal se sentia um expert; todo pintor comum, um gênio.
Essa era a sua grande competência.

Moral da história:
Se não consegue fazer direito, aprenda a elogiar; o destino há de guardar-lhe um lugar no altar do sucesso!

Nenhum comentário:

Related Posts with Thumbnails