Chegou o Natal e o Morpheus não poderia deixar de dizer uma coisinha!
Apesar da repetição dos clichês e dos olhinhos enternecidos de quem faz os votos de boas festas, o mundo segue tal-e-qual; estamos infestados de pragas: intolerância, poluição, pobreza, indiferença, violência urbana, drogas etc, etc, etc
A falta de uso da racionalidade está na raiz de nossos problemas.
Diante de tal constatação...
Alguém poderia dizer: usemos contínua e integralmente a nossa racionalidade!
Bom...
Será que funcionaria?
Para onde iria o mundo que se baseia nas atitudes irracionais dos seres humanos?
Ninguém compraria um SUV de 5 toneladas para levar seus 80 kg para o trabalho.
Por outro lado, ninguém se daria ao prazer de saborear (como eu vou) um Don Pèrignon 96 nesta virada de ano.
Em breve o mundo perderia o encanto que ainda vemos nele.
Tudo porque a realidade demanda de nós, simultaneamente, uma abordagem racional e...outra não-racional!
A racionalidade abarca com sua eficiência, apenas uma parte da nossa demanda de compreensão do mundo e sobre isto não há corrente filosófica que discorde.
Apesar do show de bola representado por uma mente racional em pleno gozo de suas habilidades, o seu portador estará na grande e esmagadora maioria do tempo a mercê de um mundo incompreesível que muitas vezes demanda coisas de outras prateleiras cerebrais: afeto, fúria, sensibilidade, criatividade, humor, fé, força-de-vontade, lealdade, esperança, empatia etc
Neste fim-de-ano, Morpheus quer aqui ratificar uma aparente obviedade: a razão é uma ferramenta que serve para lidar eficazmente com uma pequena, embora bem definida, porção da realidade (inclusive nossa realidade interna!).
Não serve, esta ferramenta, para uso integral!
Em alguns casos precisa mesmo ser suprimida.
Para lidar com os outros segmentos/áreas da realidade é necessária a utilização eficaz de outras ferramentas digamos...irracionais!
E assim como é necessário que aprendamos a bem usar racionalmente nossa mente, precisamos aprender a bem usá-la também irracionalmente!
Aprendamos a ver o ridículo na cólera de supostos materialistas racionais diante de alguém que por exemplo... está entusiasmado com alguma coisa na qual eles (os racionais!) não enxergam motivo.
Por outro lado, vamos dar boas risadas diante de alguém que explica uma demissão em função de uma incompatibilidade astrológica com seu chefe.
Os psicanalistas ainda hão de lutar para provar a eficência de sua elegante abordagem, os acupunturistas não precisam mais fazê-lo.
Mundo estranho, não?
A realidade apreensível pela razão existe e tem contornos bem definidos; ela não pode ser invadida por outras abordagens; que fique claro!
A razão por sua vez, não deve sair do seu cercadinho de forma irresponsável para tentar aventurar-se onde claramente não funciona.
Um campeão de tênis não pode querer abafar num torneio de tiro-ao-alvo!
Toda vez que o cercadinho da razão for invadido e toda vez que a razão sair irresponsávelmente dele, vai dar confusão!
As pessoas, por mais que alguns neguem, serão sempre mosaicos de razão e não-razão!
Aprendamos pois e sobretudo, a amar e admirar aqueles que usam a razão nos limites do seu cercadinho e que para as coisas que estão fora dele atuam como criaturas maravilhosas de afeto, têmpera, criatividade, perseverança, esperança, fé etc
Que neste ano você seja uma pessoa ainda mais próxima deste ideal de composição psíquica!
Não deixe sua razão fugir do cercadinho dela!
Por outro lado, não deixe que ele (o cercadinho!) seja invadido sob pretexto algum!
Exorcizados serão assim os místicos integrais bem como os idiotas da objetividade!
Bom Natal e Feliz 2009!
Evite o desperdício!
Entregue-se à extravagância!
Encha a cara de panetone!
Tome um porrinho!
Belisque a bunda de sua cunhada e diga que foi engano!
Aproveite a sua biografia inatacável e faça coisas, definitivamente, atacáveis!
Aproveite os momentos com a mente livre do cansaço que tudo desbota!
Bote prá f*
Afinal de contas, a longo prazo...
Nunca perca isto de vista...
Estaremos todos mortos!
Saudações Morféticas e até 2009!
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