O caso do pofessor, chefe de congregação, que tentou desancar o berimbau a partir de seu bunker no coração da Roma negra dos trópicos já se dissipou. Infelizmente esta criatura de nefasta biografia não representa um acometimento paroxístico e autóctone de nazismo heterotópico; metaforicamente, ele é apenas a ponta de um imbecilberg que singra nossas águas tropicais com notável blindagem térmica aos efeitos da estufa da modernidade. Ainda hoje, ouço defesas apaixonadas dos seus pontos de vista e da injustiça que sofreu ao ser linchado em cadeia nacional.
Tristes Trópicos
Enquanto isto, a descrença na academia como repositório da racionalidade aumenta sem pausas e talvez não nos chame tanta atenção porque já está em níveis subatômicos.
A troca de denúncias entre seus membros nos fóruns da legalidade é expediente corriqueiro e muito mais freqüente do que a redação de papers científicos capazes de mudar a realidade da comunidade.
Diante da impossibilidade de assumir a ponta da vanguarda, nossa academia parece ter optado pela ponta da retaguarda. Se a proa é inacessível fiquemos na popa!
Ontem, dia de plantão tive oportunidade de conversar com um dos membros da academia que considero portador de boas energias; qual não foi a minha surpresa em vê-lo opinar com o pior dos conceitos sobre outros poucos que também considero "gente do bem".
Fulano é um equivocado,
Sicrano é um aproveitador,
Beltrano é um sinecurista apático e patético
etc, etc, etc
Tsc, tsc...
A conclusão é triste pois vi que potenciais forças cosmogônicas são menos gregárias do que o mínimo desejável enquanto que as forças desagregadoras e parasitárias mostram sempre uma notável unidade de conceitos e objetivos.
O curioso nesta conversa que, para mim, terminou nesta sombria conclusão, foi o fato de ter sido iniciada a pedido de um terceiro colega que queria informaçãoes sobre pós-graduação, incentivado por este outro amigo.
Contei-lhe minha trajetória disse-lhe de minha posição atual sobre o tema e expliquei-lhe com exemplos como, aqui e ali, a sociedade está, à sua maneira e a seu ritmo, isolando a academia num plastrão de indiferença e dando-lhe um status de zoológico de aberrações.
A internet está aí e ninguém mais precisa de ninguém para saber tudo sobre qualquer coisa.
O livre pensar já é possivel a partir de uma conexão de banda larga e o alcance mundial de idéias individuais também a partir de um simples blog.
Não há mais fundamento para queixas e justificativaas para apatia, ignorância e isolamento.
Quem vive dizendo que tem o que dizer mas não diz nada porque não tem espaço, deveria ir para uma sessão espírita pois já desencarnou e não sabe.
O nihilismo colérico de natalinos em co-morbidade com sua apatia diletante é a verdadeira essência dessa nau de insensatez que já se encontra sob a mira das canhoneiras da modernidade; acho que, ainda em vida, testemunharei seu naufrágio com os olhos marejados de quem vê alguns bons marinheiros se afogarem sem nada poder fazer uma vez que purismos equivocados os tenham impedido de atuar sinergicamente contra o motim insidioso da mediocridade
Esta conversa, cujo relato anonimizado encerro aqui, foi mais uma pá-de-cal sobre o jazente e moribundo conceito que tenho sobre a nossa academia que muito pouco precisaria fazer para ser útil pois nada é mais fácil de melhorar do aquilo que está muito ruim.
Apesar de tudo, não desaconselhei o colega mais jovem da conversa a pós-graduar-se,
Afinal, não sou assassino de vocações!
P.S. Um dia hei de contar aqui, o dia em que pedi demissão da universidade e que teve o seguinte epílogo com a funcionária do setor de recursos humanos:
-...é doutor, a gente também achava que o senhor não ia durar muito; o senhor é muito frágil e isto aqui é como uma doença: tem uns que riseste e outor que num riseste (s.i.c)
Sem comentários....
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