maio 09, 2008

Ecos de uma provocação

Um dos pródromos mais significativos da decadência de uma comunidade é a evasão de competências do acervo da prata da casa. A objetividade desta constatação vale para o Brasil, para São Paulo, para o Piauí, para o pós-guerra europeu, até mesmo para Índia ou para a China. A Europa, a China e a Índia têem usinas de produção quantitativa e qualitativa que, no caso da Europa nutriu Princeton e ainda assim serviu à sua reconstrução; no caso da China e da Índia, a absurda taxa de natalidade cria uma quase-certeza estatística de que um ser humano genial nascerá a cada X dias.
Um atavismo pindorâmico, às vezes, promove milagres. Um recente é a iniciativa do super-premiado neuro-cientista Miguel Nicolelis de voltar ao Brasil e fundar um centro avançado de primatologia em Natal-RN.
A Bahia, por sua beleza e afetividade constitucional arquetípica, resgata muitos de seus egressos pródigos para visitas periódicas e, eventualmente, definitivamente. Infelizmente, em alguns casos, tarde demais quando néctar de suas excelências já se encontra exaurido.
Deixo abaixo um texto de Dimenstein em contraponto
ao pronunciamento nefasto do Prof. Natalino, que pode nos servir de motivação
para perseverar ante toda e qualquer dificuldade na constituição de um grupo de pensamento com sotaque baiano, aqui mesmo, na Bahia!
O texto em questão foi-me enviado pelo caro colega Machado numa colaboração espontânea ao fim do debate iniciado involuntária e atabalhoadamente por nosso veterano "Professor".
O curioso é constatar que a sociedade leiga foi muito mais acadêmica em rechaçar prontamente as sandices proferidas pelo infame professor que a própria academia que o ouviu pacientemente durante anos até às vésperas da sua compulsória.

Quinta-feira, 8 de Maio de 2008

Déficit de QI baiano é verdade.
Por Gilberto Dimenstein

Criou-se uma imensa polêmica em torno do suposto "déficit de inteligência" do baiano para explicar por que os alunos da Faculdade de Medicina da UFBA foram tão mal nas provas nacionais. A polêmica foi tão grande que o autor da frase e então coordenador do curso, Antônio Dantas, renunciou ao cargo. Há mesmo um déficit de inteligência baiano. Mas muito longe daquele citado pelo professor.
O déficit de inteligência da Bahia é, na verdade, a avassaladora perda de cérebros que, por falta de alternativa, se mudam para outras cidades do Brasil e do exterior.
Há uma leva crescente de empresários, executivos, médicos, publicitários, engenheiros, designers ou produtores culturais. Uma série de ícones da publicidade paulistana é baiana. Nizan Guanaes é apenas a estrela mais reluzente de uma crescente constelação de migrantes.
É gente formada, em geral, nas boas escolas e, como é normal entre os imigrantes, são empreendedores e esforçados. Alguns montam seus próprios negócios e ajudam a inovar e gerar empregos. Vejo como muitos deles prosperam rapidamente, beneficiados pela criatividade baiana combinada com a disciplina paulistana.
Quando se estuda por que determinada empresa, cidade ou país prospera e se destaca sempre vamos encontrar os inovadores. Os inovadores gostam de estar com outros inovadores pela simples razão de que detestam a repetição e a mediocridade.

Quando estudamos porque uma empresa, cidade ou país entra em decadência, vamos encontrar também a fuga ou o sufocamento de seus inovadores esse é o custo do déficit de inteligência.
O que é um superávit extraordinário para São Paulo é um tenebroso déficit para quem exporta essa mão-de-obra.
O que me deixa perplexo é que, na Bahia, quase ninguém parece perplexo com esse déficit de inteligência, o que acaba estimulando um círculo vicioso do baixo capital humano. Isso vai a tal ponto que um professor, baiano, chega dizer que seus conterrâneos são burros o que, além do estúpido preconceito, simboliza uma auto-depreciação.
Gilberto Dimenstein, 48, é membro do Conselho Editorial da Folha e criador da ONG Cidade Escola Aprendiz. Coordena o site de jornalismo comunitário da Folha.

P.S. A revista inglesa Prospect realizou enquete com seus leitores sobre os principais intelectuais da atualidade; infelizmente, nenhum representante da nossa Pindorama.
Será que o pessoal tá tocando Berimbau?

Eis o ranking:

Position Name /Total votes

1 Noam Chomsky 4827
Born in 1928 in Philadelphia, Chomsky earned his academic stripes as a young linguistics professor at MIT in the 1950s. His theory of transformational grammar, forged at this time, posits that the capability to form structured language is innate to the human mind. But the general public first came to know Chomsky for his outspoken opposition to the Vietnam war. For more than 40 years, he has been the academy’s loudest and most consistent critic of US policies at home and abroad. Chomsky has written more than 40 books and continues to lecture frequently, as prolific a provocateur as ever.

2 Umberto Eco 2464
Umberto Eco might be known as a medievalist, but it is probably more apt to call him a renaissance man. Although the 73-year-old Italian is employed as a professor of semiotics at the University of Bologna, his body of work defies a single label. He has written about the philosophy of Aquinas, the relevance of aesthetics throughout time and the cultural influence of comic strips. And that’s just the non-fiction. Eco became known around the world for his novels The Name of the Rose and Foucault’s Pendulum, and the former was turned into a major Hollywood film starring Sean Connery.

3 Richard Dawkins 2188
Richard Dawkins burst on to the scene with his 1976 book The Selfish Gene, which presented the gene as the central unit of natural selection. Now professor of the public understanding of science at Oxford, Dawkins, 64, is a formidable critic of organised religion—as witnessed by his piece on “Gerin oil” for last month’s Prospect—and is now perhaps the world’s most vocal atheist. In books, essays and media appearances, Dawkins makes the case for science to the general public in a way few can match. He is now reportedly working on a documentary about religion, tentatively titled The Root of All Evil

4 Václav Havel 1990
Born in 1936 in Prague, Havel came to prominence in the 1970s for writing plays that ridiculed the absurdities of life in a dictatorship. His involvement with the Charter 77 initiative led to imprisonment and the banning of his work. In 1989, with the Berlin wall crumbling, Havel emerged as the leader of the “velvet revolution” and a year later was elected Czechoslovakian president.
Then, after the country split in 1992, he served as the president of the Czech Republic from 1993-2003. He remains active in Europe, chastising the EU for its passive approach to human rights in
countries like Burma and Cuba.

5 Christopher Hitchens 1844
The New Jersey-raised son of Hungarian immigrants is most famous for championing individual freedom and for arguing that taxes should be cut “whenever it’s possible.” His theory of?monetarism, which emphasises the importance of control of the money supply, replaced Keynesianism for a time as the dominant strand in economic theory. Friedman’s work at the University of Chicago propelled his ideas into the political mainstream, and in 1976 he was awarded the Nobel prize in economics. His views, transmitted via Keith Joseph and the IEA, influenced the policies of the early Thatcher governments.

6 Paul Krugman 1746

7 Jürgen Habermas 1639
8 Amartya Sen 1590
9 Jared Diamond 1499
10 Salman Rushdie 1468
11 Naomi Klein 1378
12 Shirin Ebadi 1309
13 Hernando De Soto 1202
14 Bjørn Lomborg 1141
15 Abdolkarim Soroush 1114
16 Thomas Friedman 1049
17 Pope Benedict XVI 1046
18 Eric Hobsbawm 1037
19 Paul Wolfowitz 1028
20 Camille Paglia 1013
21 Francis Fukuyama 883
22 Jean Baudrillard 858
23 Slavoj Zizek 840
24 Daniel Dennett 832
25 Freeman Dyson 823
26 Steven Pinker 812
27 Jeffrey Sachs 810
28 Samuel Huntington 805
29 Mario Vargas Llosa 771
30 Ali al-Sistani 768
31 EO Wilson 742
32 Richard Posner 740
33 Peter Singer 703
34 Bernard Lewis 660
35 Fareed Zakaria 634
36 Gary Becker 630
37 Michael Ignatieff 610
38 Chinua Achebe 585
39 Anthony Giddens 582
40 Lawrence Lessig 565
41 Richard Rorty 562
42 Jagdish Bhagwati 561
43 Fernando Cardoso 556
44 M Coetzee 548

44 Niall Ferguson 548
46 Ayaan Hirsi Ali 546
47 Steven Weinberg 507
48 Julia Kristeva 487
49 Germaine Greer
471 50 Antonio Negri 452
51 Rem Koolhaas 429
52 Timothy Garton Ash 428
53 Martha Nussbaum 422
54 Orhan Pamuk 393
55 Clifford Geertz 388
56 Yusuf al-Qaradawi 382
57 Henry Louis Gates Jr. 379
58 Tariq Ramadan 372
59 Amos Oz 358
60 Larry Summers 351
61 Hans Küng 344
62 Robert Kagan 339
63 Paul Kennedy 334
64 Daniel Kahnemann 312
65 Sari Nusseibeh 297
66 Wole Soyinka 296
67 Kemal Dervis 295
68 Michael Walzer 279
69 Gao Xingjian 277
70 Howard Gardner 273
71 James Lovelock 268
72 Robert Hughes 259
73 Ali Mazrui 251
74 Craig Venter 244
75 Martin Rees 242
76 James Q Wilson 229
77 Robert Putnam 221
78 Peter Sloterdijk 217
79 Sergei Karaganov 194
80 Sunita Narain 186
81 Alain Finkielkraut 185
82 Fan Gang 180
83 Florence Wambugu 159
84 Gilles Kepel 156
85 Enrique Krauze 144
86 Ha Jin 129
87 Neil Gershenfeld 120
88 Paul Ekman 118
89 Jaron Lanier 117
90 Gordon Conway 90
91 Pavol Demes 88 92 Elaine Scarry 87
93 Robert Cooper 86
94 Harold Varmus 85
95 Pramoedya Ananta Toer 84
96 Zheng Bijian 76
97 Kenichi Ohmae 68
98 Wang Jisi 59
99 Kishore Mahbubani 59
100 Shintaro Ishihara 57

E mais...
Clique no link abaixo para baixar uma coletânea de textos sobre maio de 1968.

Link

Um comentário:

Anônimo disse...

Nessa mesma edição da prospect há uma matéria interessante sobre epigenética que vale a pena dar uma olhada. Movos horizontes sobre pesquisas na teoria da evolução sendo abertas.

Related Posts with Thumbnails